terça-feira, 29 de novembro de 2011

VIAGEM XVIII

reprodução - furacão sobre o oceano Atlântico

Por aqui mesmo percorro todo o meu ser diante de tantos milhões
que passam todo dia fazendo o que os humanos fazem: indo, voltando, indo... 
E voltando como nas marés milenares que enfrentaram os rochedos à beira de um abismo de espuma que falseia a terrível queda.
As realizações que eu pegava à mão, tão certeiras, esvaíram-se em um átimo.

Vasculho por tantas memórias, algumas que nunca se vão e outras que prestes a se perder estão; onde posso encontrar tanta felicidade diante disto tudo acontecendo em uma velocidade  de rasante em captura?
Sob vento de tempestade?
Viajando entre aquilo que um dia fui, mediando o agora e tantando fazer aquilo que vira - porque virá - algo de menos culpa
Para mim mesmo, que é o que deve importar neste momento
Fazer-me calar porque de gritos rouco fico,
Como no sonho de adolescente, perene em um adulto: não se pode correr do 'bicho-papão' da idade moderna,
não se consegue falar para se defender

Vendo tudo isto com olhos insones nestas madrugadas que o verão se avizinha, vocalizo aquilo que deveria
ter ouvido desta boca já algum tempo. 
Querer uma salvação, mudar o que me torna pior, o que me faz vil. De uma vilania que trabalha contra, sendo que é desnecessário tal esforço de Hércules.
Viver é assim, impreciso como disse Pessoa, e frenético arrasto de qualquer um que aqui
Resolver permanecer.

Nenhum comentário: