domingo, 30 de setembro de 2012

VIAGEM LXXVII - ELETRICIDADE DOS HOMENS

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Existem períodos mais difíceis nesta vida e eles se alternam como o dia que segue a noite e a noite segue o dia em todo os lugares deste pequeno pedaço de terra onde vivemos.
E é possível ser feliz depois de crescidos, quando adultos? Porque à época de sermos crianças, tudo é mais simples de se resolver quando nos pomos a pensar como será e como seremos no futuro que parece distante aos 18 e anos-luz quando aos 30... 40 e então, nem pensamos mais; é uma realidade longe e invisível pensar nos 50 aos 16.
Porque complicações parecem que ribombam e ricocheteiam por onde quer quer estejamos e para quem quer que dirijamos as palavras, traduzida em sentimentos que sufocam, anseios que premem e tudo o mais que advém da adulta fase de se viver.

Qual é o sério problema em falar toda a verdade? Exposição ao rodículo? É esta a medida para que não falemos nada a ninguém? E se falarmos, já que alguns falam e muito. Que danação atroz e sem tamanho e sem-fim e sem-nada aquela que nos fechamos.
Reagimos ao que acontece - enquanto estivermos em reação, é bom! - porque assim que tornar-nos-emos melhores; não somente para os outros, mas pricipalm e fundamentalmente para nós mesmos.
E durante a fase de crescimento, impigiram-nos verdades psicóticas, certezas absolutas, o que para alguns quase não os afeta dias de hoje, enquanto que para o restante, é como os raios de uma tempestade de janeiro, prenunciando o fechamento do verão. Intensidade unida à força elétrica da descarga descarrega volts incendiários, mesmo que sob o imenso oceino de um ser, da alma de um ser em tormentas em meio à tempestades monçônicas que, como os períodos, vem e vão.

Começa-se cedo a entronização das tais certezas que padronizam o comportamento estético e regular - no sentido de médio - que muito de nós manifestamos durante boas décadas. Alimenta-se então a corrente das certezas psicóticas para que a descarga neste imenso corpo de água que os homo sapiens sapiens são erigidos. E tal corrente nos prega cada choque inequívoco para que nos mantenhamos ligados a ela - a corrente, feito choque de 100v.
Lá trás, quando se olha, vê-se o tempo perdido - porque ganhou-se outras coisas - pelo caminho com algumas certezas mais parecidas que eram com os choques nazistas do que parecido com a eletricidade dos homens dentro do cérebro. Sabem? Aquelas coisas de sinapses, neurônios que se ligam, explosões elétricas. Argumenta-se que não seríamos o que somos hoje caso não tivéssemos feitos as escolhas do passado. Sim, tal argumentação soa provável.

Porém, se não houvéssemos nos atidos ferreamente às correntes de antes, que soem ser imutáveis e serenas na imutabilidade, caminhos outros poderiam ter surgido e pensamentos plenos esclarecidos?
Romper a tal corrente pode reduzir muito o caminho da infelicidade, embora agora, possa ser tarde.

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VIAGEM LXXVI - NEM 30 SEGUNDOS

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De preferência, gostava mesmo era de pegar os tais desavisados que se acham - se julgam feito os magistrados intocáveis - os mais avisados de todo o planeta. Estes, quando pegos por ele, faziam uma cara de impagável surpresa, que só este cara já valia o quase esforço que fizera (quase porque não tratava sua hercúlea tarefa como esforço, afinal, ele não se cansava nunca - denominava hercúlea porque via-se como um semi-deus, fora de época). 
De preferência, com estes assoberbados por qualquer motivo, ele se demorava um tiquinho a mais para que soubessem que na vida, eles de agora em diante, não se assoberbariam de nada mais porque partiriam "desta para melhor, ou, no seu caso, para pior". Repetia à exaustão tal frase quando antes do momento final e olhando bem nos olhos, estando frente a frente, dizia o "nos vemos em breve, amigo(a)".

Passear pela cidade, cortá-la de norte a sul, de leste a oeste, com especial atenção ao centro e seus habitantes dos mais variados aspectos tornara-se quase tão delicioso como realizar seu trabalho que não tem fim; deve ser para sempre, pelo que percebemos. Pelos passeios, descobria fatos e pessoas reveladores das dores e das delícias de São Paulo.
No semi-novo sedã de velho, sim, e de cor preta de tonalidade fosca, com as calotas caídas há tempos, câmbio manual, entrada para mídia variadas, mas apenas o bom e velho rádio FM funcionando (ok, rádio digital); aos domingos ouvia até mesmo as rádios AM. Talvez por lembrarem uma velha infância esquecida, esmaecida, remota e sem mobilidade; vez por outra, acompanhava jogos de futebol pelo rádio e se dirigia às portas do estádio para "catar" algum assoberbado pela vitória, e em outras, algum lamuriente pela derrota.
Porque com ele, um fato é certo como os chineses que querem dominar o mundo, não há escapatória possível diante do que ele desejou e mirou; é assim desde muito tempo.

Alguns parecem desentender como foram escolhidos, porque foram escolhidos. Bem, quando está com paciência de Jó, sentimento que o acomete até que algumas vezes no trabalho, ele explica em poucas palavras o porquê de fazer o que irá fazer. Durante esta explanação, para não se perder muito, ele calmamente fala os motivos para que estes sejam a derradeira lembrança de todos os dias. Ele nota como a respiração muda, alguns promovem espasmos, verdadeiros ou não (nunca soube, mas também está lixando!), os olhos se estarrecem diante dio que virá.
Para se alongar o mínimo necessário, a explicação é feita em tempo que poderia ser cronometrado pelos juízes dos 200 metros livres, tipo menos que 30 segundos.

http://brianmlew.wordpress.com/2012/02/26/tell-a-story/

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

51 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - O GATO E O TECLADO

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Um frio atrasado, que deve ter-se perdido do caminho da Argentina para o centro-sul do Brasil, o faz, ao acordar, desejar ficar deitado e cada vez mais se embrenhar nos dois pesados edredons em tom escuro para não mais sair da cama quente e aconchegante; mesmo que sozinho em corpo, conseguira esquentá-la durante a noite. Isto de estar sozinho já vinha de anos e este fora mais um de seus invernos que passou solitário. Pelo menos já é primavera.
Mesmo com a promessa de calor "que virá, com certeza" (repetia como um mantra), vasculha pelo quarto esmaecidamente iluminado pelo sol lá de fora à procura de... Sabe-se lá o que. Conselheiro-mor está deitado eternamente em berço esplêndido no felpudo tapete junto ao príncipe herdeiro, ambos retorcidos. 

"Se eu fosse um soldado de Roma, mesmo um chefe de uma legião, um general... Não, um general não. Ele deve amargar uma solidão ainda maior que esata da minha realidade. Uma posição intermediária. Teria que levar meus comandados por entre as charnecas úmidas e congelantes do norte da Britânia para alcançar a Escócia e então submeter aqueles povos 'bárbaros' que vieram não sei de onde. Devem guerrear nus como os celtas na Gália assim fizeram e que sobressaltaram os 'pudicos' romanos na luta? Só comprovando. Eu tenho dúvidas, é muito frio nas ilhas..."

Pula da cama que até mesmo Felino se surpreende e pula junta: uma acrobacia humana e felina de encher os olhos de qualquer gato e de qualquer ginasta olímpico.
Tem a ideia de começar a escrever um romance que misturasse passado e presente, lutas e tempos de paz, solidão e dezenas de personagens, em São Paulo e na Escócia, sendo um habitante atual e um chefe legionário romano.
Sem estacar um instante pelo caminho, vai à cozinha preparar o café de todo dia, fervendo a água. Corre em direção ao quarto de estudo para ligar o computador (que inustadamente, fora desligado na madrugada) e estabelecer um pequeno roteiro que fosse à guisa de não perder nenhuma de sua ideias para o romance ficcional que vislumbrara deitado no calor da grande cama-solidão.

Ronronando, Felino se enrosca em suas pernas cabeludas pedindo colo; prontamente aceito. Então, em posse da fumegante xícara de café, sem ainda ter comido nada - a não ser oniricamente, porque tivera um sonho pornográfico e melado ainda estava - ele começa a esboçar aquele que deve ser a melhor obra que jamais escrevera. O gato se assenta com mais conforto ao lado do teclado e o observa com seu longos bigodes brancos parecendo desvendar tudo o que ele pensando está. Enquanto isto, Rex - o estabanado - divertia-se à volta com o osso de brinquedo comprado na clínica: rosna, joga longe, morde com vigor e corre com ele pela casa, espantando por certo o frio fora de hora. Inicia a digitação com o gosto amargo do café na boca, com alguns tópicos que serão tratados como primordiais; um deles é o aumento do número de personagens. 
Em um átimo, se lembra do livro que o quase amigo veterinário quer escrever: "Cão e Gato, os amigos da hora", foi o título que ele lhe passou; diga-se que gostou e chamou-o a atenção que o título tem sim bom potencial de prateleira. 
Retoma os olhos à tela de seu computador no quente quarto com aquecedor.

--- Tem que existir mais gente nesta história fazendo acontecimentos, não pode ser igual à minha vida tão pouco povoada; uma é ficção, outra é realidade. Para diferenciar, mesmo que eu não goste de muito carnaval ao meu redor, a história que mistura tanta coisa tem que ser mais atraente, mais quente... E tem que ser escrita agora. Posso me perder se não começar enquanto tudo fervilha na minha cabeça. 

http://bitsandpieces1.blogspot.com.br/2006_05_14_archive.html

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

VIAGEM LXXV - DOR EM NOITE FRIA

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Dizem que no frio qualquer porrada dói mais. Qualquer batida, qualquer topada que qualquer relés mortal sofra, a dor é maior do que se fosse no calor, no verão tropical e lascivo aqui abaixo da linha do Equador. O dia, hoje à noite, promete aqui na grande urbe de falantes do português, aquela que não tem praia, nem fala com sotaque aportuguesado, nem com entonação diferenciada pelo sol e aridez.
Promete porque estando frio para os padrões do Brasil potência - de ufanismo que beira à cegueira -, a procura será um pouco dificultada; em compensação, a dor que será sentido, mesmo que por tempo escasso, reunirá prazer, olhos vívidos e respiração arritmada. Quanto à escassez temporal impingida, ele o faz de maneira, pode-se dizer, rápida, porque igualar-se aos seus alvos é algo fora dos padrões que permeiam sua mente. Estes padrões se referem não ao procedimento (não há isto, tampouco critérios), mas sim à danação imposta por ele aos "escolhidos".

"Fazer sofrer por muito tempo não está na minha cartilha longamente preparada desde que decidi realizar um mundo mais justo. Eu não sou um eles, não faço como eles, não interajo como eles... Sou bem diferente. O que eu faço de igual, eu creio, é impor minha vontade à revelia deles. Isto eles também fazem bem: arrongantes que são, hipócritas que são e maquiavélicos que se tornaram com afinco.Sou tudo isto, ainda mais que conheço "O Príncipe" de trás para frente". E uma dosezinha de arrongância antes da "queda" final ao chão, só me causa mais catarse".

Não que se quedasse em deleites dionisíacos quando conseguia - perto dos 100% suas tentativas - realizar sua tarefa do dia a dia, afinal é mais um trabalho - dos bons - como existem tantos pelo planeta. Portanto... De jeito nenhum, porque ficar deitado sob os louros da última vitória é tornar-se, logo ali á frente, um verdadeiro imbecil. Aí sim, igualar-se-ia ao restante que compôem uns 99% de todos que até agora encontrara durante as décadas de vivência entre os habitantes que cruzara pelos caminhos retos, mas rotos, que percorrera.

"Vou deixar os louros para os césares de séculos atrás. Porque de imperador déspota e canalha, já bastam os que pululam por aí feito baratas... Que você mata 10, nascem 100... Ou 200. Porém, os 10 que eu 'encontro', mesmo que por pouco tempo, já causam uma melhora boa no mundo. Razão a mais para que os louros sirvam somente por minutos poucos.

Hoje, algumas das rastejantes baratas nojentas devem pagar por toda a soberba, qual for, que possuem e repassam com tanto "carinho" e esplendor aos outros feito destaque de escola de samba, "outros imbecis que nem imaginam minha sanha por eles. Esperem o carnaval chegar". E por estar frio, então, alguns segundos a mais para que um fimete rápido lhe passem pela mente, não deve ser posto de lado. Coisa rápida, parecido com a reprodução dos asquerosos humanos que se igualam às grandes antenas dotadas de seis patas que se movem como 'baratas tontas'.
Bem, em uma noite fria as baratas quase não saem, ficam às escondidas, mas não tem problema no fato: acaba sendo mais custoso encontrá-las na úmida garoa noturna, mas as aventureiras, as mais corajosas, valem o sacrifício de passear pelo semi-novo sedã de velho com as pés gelados.

http://www.twincitiesdailyphoto.com/2007/12/cold-and-windy-night.html

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

VIAGEM LXXIV - UMA ESTRADA VICINAL

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Percorria estradas com mais frequência antes de descobrir e refinar seu trabalho incessante pelos dias que virão até o fim dos dias. Porque antes, nas rodovias, aquelas municipais meio ermas, com tráfego sazonal de caminhão de cana-de-açúcar, de laranja, transportando boi o que mais seja, tornava a tarefa mais fácil, mas menos visível, menos palpável. Fora dada a largada.

Por um tempo, sua auto-cobrança esteve controlada: satisfez-se nestes caminhos longe de grandes centros urbanos. Dirigia horas sem parar até que encontrasse alguém "merecedor" de seu trabalho-castigo.Havia dias que as horas se arrastavam e nada acontecia. Conheceu cidades todos os rincões do Estado que nunca sonhara existir, com nomes esquisitos, alguns engraçados, de santos, de topônimos; lembrava muito do cheiro da terra molhada quando calmamente dirigia pelas cidadezinhas esquecidas. Ele voltava ouvindo rádios locais na esperança última do dia, fumando e comendo chocolate. 

Verdade que não é afeito a tendências nostálgicas. O que não o impede de sorrir quando se recorda das estradazinhas vicinais de terra ou asfalto, onde parava por vezes e ficava olhando a imensidão imaginando o que o esperaria, e assim guardar o sentimento com prazer e gostasamente no passado.

Depois de um tempo, com confiança aumentada e consolidada, transpôs mais degrau e passou a rondar as cercanias de cidades grandes do interior, chegando perto de São Paulo em suas franjas em direção ao litoral sul e interior com direção ao Tietê.
Também quedou-se controlado com mais este vetor desenvovimentista de sua idiossincrática arte de corrigir o que ninguém mesmo corrige e que por vezes, reforça-se.
Neste degrau, iniciou jornada dupla, manhã e tarde, ou manhã e noite. Contentou-se e conteve-se sobremaneira diante da evolução. O espectro de escolhidos foi outro fator que se destrinchou abarcando mais e mais gente de todos os tipos, atingindo mais todas as idades e igualando a proporção entre homens e mulheres, e entre adolescentes, jovens, adultos e os da "boa-idade"; crianças de fora.

Até que um dia, voltou seus olhos castanhos-tempestade, para a grande urbe brasileira, a verdadeira capital deste imenso país-continente, "sedenta por  minhas correções". 
Logo, alcançava o frenesi todo dia alimentando de tudo que precisava para viver fazendo aquilo: correções. Avenidas e ruas substituíram as vicinais.
Porque se aqui é tudo 24 h, com São Paulo que não pode parar, então achou para sempre seu lugar e daqui não sairá mais. Certeza matemática: 2+2=4. 
Nas horas de sol, o trabalho é maior, conquanto mais previsível: os merecedores ficam mais fáceis de ver e de abordar e de acertar.
As noites rendem trabalho extra porque há gente transitando por São Paulo, indo e vindo de lugares, em geral insanos, com encontros e desencontros bons e ruins (esta distinção não lhe importa). Para ele não: só interessa os encontros e só acontecem encontros. 

"É minha competência elevada ao extremo. Mas é tudo mentira, porque amanhã serei mais competente e depois de amanhã, mais ainda... Eu não paro, eu não reformo, eu não tenho concorrência. Eu sou o único".

http://www.lophoto.com/tasmania/bestof/country_road_sunset.html

ESTIMATIVAS IBGE 2012 - ESTADOS E DF

Em postagem anterior, elenquei os 30 maiores municípios do Brasil, com base na estimativa do IBGE de agosto de 2012. Desta vez, apresento as estimativas para todas as 27 Unidades da Federação, nas quais o Brasil é politica e administrativamente dividido. Nas oito primeiras colocações não há alterações desde o censo de 1980 e nas dez primeiras desde 1991 (o Pará passou o Maranhão). São Paulo assumiu a liderança no censo realizado em 1940; Bahia e Rio Grande do Sul, entre os grandes, têm crescido menos desde o censo de 2000. Amazonas e Mato Grosso, ainda que somem população pequenas, têm conseguido subir posições no ranking.

Disponibilizo também outro dado importante, que é a densidade demográfica, divisão entre o número de habitantes pela área total compondo quantos "hab/km²" cada UF possui. Neste quesito, destacam-se o DF, RJ e SP, todos com valor superior a 100, na 'fictícia' região Centro Sul do Brasil; entretanto AL (que também supera a casa dos 100), SE e PE, na região Nordeste, merecem menção, ambos com mais de 90 hab/km². Por outro lado, entre os estados interioranos, apenas Minas Gerais (~34 hab/km²) é mais povoado que a média brasileira (de quase 23), Goiás com ~18 hab/km² vem a seguir; AM e MT já citados apresentam baixa densidade demográfica.



UF
população
hab/km²
1
SP
41.901.219
168,81
2
MG
19.855.332
33,85
3
RJ
16.231.365
371,46
4
BA
14.175.341
25,10
5
RS
10.770.603
38,23
6
PR
10.577.755
53,07
7
PE
8.931.028
90,84
8
CE
8.606.005
57,82
9
PA
7.822.205
6,27
10
MA
6.714.314
20,22


SC
6.383.286
66,95


GO
6.154.996
18,10


PB
3.815.171
67,60


ES
3.590.985
77,65


AM
3.578.067
2,28


RN
3.228.198
61,14


AL
3.165.472
113,99


MT
3.160.748
3,45


PI
3.115.336
12,57


DF
2.648.532
456,48


MS
2.505.088
7,01


SE
2.110.867
96,34


RO
1.590.011
6,69


TO
1.417.694
5,11


AC
758.786
4,97


AP
698.602
4,89


RR
469.524
2,09


BR
193.976.530
22,78





Os dados estão na página (reitero: é confusa) do IBGE, em estimativas de população.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

50 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - ESCREVER É SOLIDÃO

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Diferença pouca há entre escrever e a solidão optada, querida e mantida aqui em seu castelo inexpugnável, vertido em segurança por onde quer que ele olhe todos os dias ao chegar à noite e ao sair pelas manhãs.
Prosa então é mais solitária que qualquer poema que pudesse escrever tendo como mentor seu estado emocional, o que para ele, não se configura em solidão optada, tampouco extremada, "porque há o sentimento, o gostar, a saudade, juntos - ou mesmo que se apresentem separadamente -, eles todos são alguma companhia. Doídas? Provável, mas estão ali se contemporizando entre os dígitos do teclado e a vontade de meus dedos".

Rimar para ele traz dificuldades intransponíveis como o 'fosso' que delimita sua zona de conforto do restante de São Paulo, do Brasil, da América do Sul e da Terra: ele - o fosso - o protege de tudo e de todos e nada e a ninguém é permitida a entrada em seu velho castelo habitado há tempos por três seres cabeças de sua vida.
Reverso lado do poema é a escrita em prosa, na qual ele se julgava o suficiente bom para vender um tanto de exemplares, ainda que longe de ser imortalizado pelos fardões da Academia Brasileira de Letras, onde o desejo de "morar" sempre foi inexistente. No estilo livre - a tal da prosa - sentia-se livre para criar e mudar situações e personagens sem a preocupação primeira com rimar e métrica. Então, aqui configura-se um paradoxo, porque ler poesias/poemas é um prazer súbito para ele, mesmo que não seja nada bom quando tenta.

Quando escrevia, tempos atrás de penúria e pindaíba, as horas passavam velozes tomando todo o seu tempo de vigília. Felino, o conselheiro-mor, testemunhou por várias vezes deitando-se ao lado do teclado - cena tão clássica... - e ronronando sonolento e tranquilo; fora seu companheiro inseparável em tempos de estagnação financeira. Ele teve, inclusive, alguns leitores atentos e perspicazes à época.
Hoje, se se sentasse para achatar sua retaguarda por hora talvez saísse algo de bom. Nada de novo, mas sim uma agradável leitura por parte de algum simpático leitor que se predispusesse em cercar-se da sinestesia das palavras e ideias. 

Preferência por reler e mudar algo ali de maneira pontual parece agradar-lhe mais nestes dias de hoje em que o tempo para escrever escasseou, ou mesmo acabou. "Não tenho tempo para estes devaneios de louco". Hoje, o que vale e lhe dá prazeres individuais - prazeres estes condicionados quase sempre dentro da construção invencível - é poder gostar do que gosta sem ter explicações a serem proferidas a ouvidos moucos. O $ proporciona levar uma vida de solidão e de releitura de seus escritos. 
Substituição daqueles gostos e daquelas explicações de antes, dos tempos de dureza fálica no bolso, pelos de agora: sofisticados em serem simples e donos de si mesmo. Foi à toa que resolvera se afastar depois do massacre de amor/traição/dívida sofrido nos tempos de antes? 
Claro que não. Conforto e tranquilidade neste nova solidão na intangível armadura encarapitada no 25º andar do edifício contorcido de São Paulo (sim, está havendo tentativas de reestreias no mundo da civilização, aquele em que as pessoas se relacionam, mesmo que seja aleatórias à sua vontade: têm se embrenhados até nos sonhos).

http://learntechwriting.wordpress.com/tag/lone-writer/

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

49 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - A MARGEM, O DIA

Reprodução [end. do sítio abaixo]
Margeando um litoral que alterna forma  retilíneo e recortada em uma embarcação com mais 30 pessoas, ele vê um dia de sol como o dia de sol que lhe poderá resgatar toda sua vida e transferir-se de sua posição de retumbante fracasso para glorioso sucesso no avanço por novas terras que de antes... Ninguém sabia de quem era, nem mesmo se existiam e se sim, qual tamanho.

A viagem faz dias, com mar calmo, um dia somente com ondas de nem 0,5 metro, e nos outros uma calmaria - extenuante talvez. 
Hoje, todo o litoral está envolto em densa névoa, porém sem reentrâncias agora.
Pairando acima dela, talvez uns 2 quilômetros terra adentro um monte que se sobressair pelo paredão voltado ao leste, de onde vem a expedição, por isto consegiu detectar como sendo aquele monte já mencionado nas cartas cartográficas - ou arremedos destas - de décadas atras.

"Mais uma nova terra para nós, para este povo que é meu, que sou eu e que a serviço estou e que nunca volta sem uma conquista exterior". 
Viu-se então todo paramentado como um chefe de marinha romana a conquistar o litoral e depois abrir caminho para os soldados em terra para se apoderar da Britânia pelo centro, chegar a Gales, correndo para o oeste, avançar à Caledônia ao norte até chegar nos montes do centro desta e se possível estender mais; havia planos de invadir a Hibérnia, consolidada a posição na grande ilha anterior previamente.
Não pode se permitir a errar e errar querendo tudo agora, uma coisa seguida da outra. Tudo deve ser pensado, planejado e para tanto, "eu tenho que saber dos inimigos".

"O que sei fazer bem, ou melhor, sei mandar fazer bem, porque meu informante é leal, característica mais confiável que sua fidelidade. Eu vivo de lealdades e o resto é o que sai deste sentimento, desta postura de viver".

E é o que esta fazendo procurando um bom loca de ancoradouro e olhando todos os tripulantes oa mesmo tempo do segundo posto mais alto da esquadra composta de mais 30 galés.
Queria logo estar em terra, tomar posse, começar a contruir uma cidade e mandar logo notícias para o Centro e testemunhando em pergaminhos a grande conquista.
Mais uma, mas isto não é novidade, por certo.
mas é a maior ilha até agora feita romana sem compração com Creta, Sicília ou Sardenha... Maior, muito maior e que precisará ser dividida para melhor ser controlada contra os terríveis bárbaros do extremo norte.
Não há bom ancoradouro, porque a segurança para aportarem ainda é pouca.
Vendo seus soldados-companheiros (o tratamento que usa para falar a eles), logo abaixo, manuseando peles e cordas, um rosto bem conhecido; logo mais à esquerda, mais um destes que lhe parecem bem antigos.

Ao acordar todo empapado de suor, mesmo que pelado estivesse, lembra-se do sonho e os dois rostos conhecidos - agora com clareza - são nomeados os mesmo de outros anteriores: o veterinário e o concursado. Deitado no chão, mas na sacada, toma uma leve brisa que o refresca e o acordar é soberano: boca seca, garganta colada.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

VIAGEM LXXIII - ESCARRO E TRIPAS; ABUTRES SE EMPANTURRAM

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Um carniceiro coçava piolhos das asas, nigérrimas como as trevas de onde decerto veio.
E chegavam cada vez mais, disputando o butim fétido enevoado de moscas varejeiras e seus ovos que deixavam as narinas e a boca aberta de bigatos contorcionistas.

O cheiro das tripas que se vertiam ao chão de lama molhada e fazia-se quase pegar com as mãos, o sangue batido a se destrinchar por toda a sobra abaixo da grande figueira que, por testemunha, mantivera-se calada farfalhando os galhos como que em submissão por nada fazer.
Antes, minutos antes de tudo isto acontecer, o corpo do homem quedava-se tranquilo, descansando ao lado do grande tronco marrom-acinzentando, apenas para lembrar dos minutos que antecederam a carnificina medieval e vil.
Via à esquerda e via à direita; ao centro. Mas a morte cai de cima, do imenso azul feito a escarrada de um pulmão podre e tísico do doente de um hospital miserável, viral e visceral.
Mas antes, minutos antes...

Conseguira escapar do juízo do "bom senso comum" dos "cidadãos de bem", aqueles que são sempre de bem por toda a eternidade infernal.
E a grande escapada com requintes de cinema 3D fora até que fácil porque até esta hora o amor pela vida falava mais alto, tão alto que gritava a plenos pulmões - ainda sadios - para que todos os cantos do planeta soubessem do sentimento mais celestial que pode existir. 
Então, ambos estavam lá, no pequeno quarto cheirando a mofo, do hotel mais de 5ª categoria que poderia existir em qualquer cidade de 5ª categoria do mundo. Tudo revirado pela longa noite que ali passaram se escutando, se embrenhando um ao outro e se olhando como nunca fizeram dantes.
Apenas estavam lá se resolvendo um ao outro sem que nada os ameaçasse, nem mesmo o carcomido senso comum que de tão pútrido empestava todo o ar de fora.
Conheceram-se fazia pouco tempo, mas o tempo não contava nada para o tempo que passaram juntos antes de estarem à sombra da figueira.

Viram-se vorazmente e a paixão à primeira vista, que para os detratores carcomidos não existe, provou-se ser verdadeira e límpida feita a água de nascente que corre e vai encorpando até se encontrar com outra... E o corpo já não é mais separado, o corpo não é mais dois em paralelo. Uno, riscado com precisão e com dificuldade ao léu de tantas outras beiras que se propagam por aí.
Mas o infortúnio rondava como os urubus voam por cima da carcaça. 
Foi uma desdita que não teve nome nem tamanho. Dentre estas desditas, a pior de todas: apenas um dos corpos conseguir fugir e escapar do bando de abutres carniceiros. 

Sucedeu-se então que o corpo que ficou virou um natimorto porque morto já estava, mas recém-nascido para o amor, tornou-se igual àquele feto abandonado aos milhões por aí. Veio a turba. A horda infernal. E começou a impingir dores e logo então, a impingir pauladas, cortes e o destripar chegou célere: um pulo de abutre, de tão rápido (vísceras exalando o ar quente de dentro do corpo logo chamaram a atenção pelo cheiro). As partes moles e os buracos foram brindados com especial atenção e os olhos, a boca e ouvidos... Causavam cartase vulturina pelos bicos afiados, até que adentraram no corpo por todo ele com os pescoços pintados de sangue, escorrendo sebo e e pedaços a cada saída para tomarem ar; para em seguida repetirem o caminho aberto entre ossos.
No fim, levou um escarro no meio das fuças para que o povo do bom senso demarcasse território revelando todo o 'poder e glória' dos carniceiros humanos.

E aquele que fugiu?
Sim, ele nem ao menos foi tangido pelos poderosos, mas cingido de auto culpa, passou o resto de seus poucos anos que vieram relembrando que nada pôde fazer para impedir o butim de bicadas e gritos agudos.

A carcaça sucumbiu em minutos e, empanturrados, os abutres descansavam do forte sol da tarde à sombra da figueira. Uma coçada ali, uma limpada de bico aqui e um sono com o bucho cheio do corpo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

VIAGEM LXXII - PAGADORES

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Não, ele não tinha vocação para assaltos a trens pagadores como no passado sessentista, nem para crimes cibernéticos, tampouco para assaltos a cofres de bancos. Mesmo que os odiasse - os bancos - e que os estatais estariam em primeiro para serrem "punidos, ele não tinha como alvo instituições. Nem poderia. Os próprios é que estão em sua mira aguçada de lince.
Mas sim, as pessoas que dirigiam as tais instituições. Os bacanas, os melhores, os bons em tudo (e os inventores de anti-vírus de computador que são os mesmos que inventam os vírus seriam os próximos da lista; que sempre agregava mais e mais).

Atentemos que as ditas instituições não são apenas as lícitas, porque estas arrancam o coutro de todos legalmente e sob os olhos grossos de todos que se locupletam; também àquelas ilícitas - o couro ia mesmo comer faminto - e que julgam pelo poder do fogo e da violência escancarada.
"O trabalho é longo, suado e infinito", sempre tinha isto para si em sua mente.
O desânimo não ganhava nada contra ele. 

Ninguém ganhava desde que ele escolhesse A ou B ou C ou Z como alvo para melhorar o mundo e esta certeza de como fazer isto era cristalina como a água do Tietê em Salesópolis. Pura, potável e segura.

Passeando em seu semi-novo sedã de velho com chocalates de todas as marcas espalhados pelo banco traseiro, alguns abertos, outros intactos, espalhando odor pelo habitáculo, ele via na quarta-feira de setembro motivos de nunca esmorecer e continuar a fazer o que fazia de melhor: melhoras para o mundo.
"E os maus pagadores? Eu realmente não sei como desenvolver o que faço bem com relação a estes senhores velhacos e escalpeladores. Claro que um jeito rápido, mas sofrido o suficiente para que sintam o que todos os outros 'subordinados' sentem é o máximo. Eu vou dar um jeito e agora, fim de tarde é o melhor horário para caçar os lícitos. Os ilícitos deixo para a madrugada".
Então, hoje o dia promete muito trabalho.


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