segunda-feira, 31 de março de 2014

VIAGEM CLXXX - A REVOLUÇÃO

Revolução para dentro dele.
Revolução só para evoluir.
Evolução só com paciência.
Paciência só com determinação.
Determinação só com amor.
Amor só com reciprocidade.
Caso não for... 
É tristeza transformada.
Revolução só quando houver permissão.
E a permissão você tem que assinar de próprio punho,
para servir de leitura permanente.
Rebelião de meus neurônios, 
quietos
tranquilos
vivos e 
pacíficos,
quando penso na admiração
que tenho por você.
Rebelam-se porque aí o que me traz
é paz junto de intenso amor. 
Saem a esmo, eletrizando! 
Sabedores do encontro que revoluciona - daí a paz.
Revolução?
Só com você, aqui, bem perto,
agora, daqui 5 dias, daqui 5 anos, daqui X anos...

domingo, 30 de março de 2014

"LEGALIZAR O ESTUPRO?", AOS BRUCUTUS

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"O instinto primal, ancestral, visceral não pode ser tolhido. Ainda mais se a fêmea seduz, induz e produz mais lascívia em suas mãos, mente e falo criando condições para o uso do corpo (dela, claro!) sem restrições. 'Somos machos e podemos o que queremos'".
Ora, por favor! Que tipo de argumentação é esta?
Que vergonha absoluta. 

Em pesquisa realizada recentemente, cerca de 2/3 dos homens e mulheres contemplados no universo estatístico afirmam que mulher que se veste de maneira provocante merece e deve ser atacada, bolinada, estuprada (porque não dizer assassinada, não é?).
65% pensam que sim e apenas 35% pensam que não. Muito preocupante!
Que desejo é este? O desejo do macho que caminhava pelas pradarias, savanas, florestas, pântanos, desertos de areia e de gelo, com lança em punho, mal saído do andar de 4, pouco depois de termos descido das árvores.

Para eu entender: somos o mesmo de antes? De milhares e milhares de anos? 
Tanto progresso técnico e material neste país, com ganhos de renda atingindo setores historicamente desfavorecidos e negligenciados não se traduziram em "melhoria" na consciência cívica/civilizatória no que se refere à igualdade de gêneros.
Aliás, vale dizer que neste quesito "campeão nota 10" estamos disputando as cabeças: em estupros, em assassinatos de gays (homens e mulheres) e na violência desmedida que "cuida" de fazer com que o oprimido desconte nalgum outro ainda mais oprimido.

Somos todos opressores, do mais pobre ao mais rico. Mas os machos heterossexuais de todas as cores que este miscigenado país produziu e se apresenta levam clara vantagem sobre todos os outros estratos sociais - sejam de gênero, de orientação sexual e mais qualquer coisa que o valha.
Vergonha! Que cultura é esta que perpetua o machismo e a supremacia pela força como únicos modeladores da sociedade?

Idiotizados! É isto o que os homens parecem ser, aqueles dos 65% citados. O problema não seria grave se tal idiotização ficasse entre eles, como muitos de fato o são: debiloides infantiloides; estes parecem não ter crescido ou ainda parecem não querer crescer; são os tais infantilizados.
Entretanto, o problema é gravíssimo. Idiotizados acrescidos do adjetivo falocêntricos, prontos a atacar, prontos a resolver a questão da saciedade, prontos a qualquer instante para poderem assim descarregar toda a energia que provém de dentro. De dentro deles.

Minissaias, decotes, blusas transparentes, cruzar de pernas, bunda empinada, calça justa e um sem-fim de razão para justificar o ataque dos brucutus às mulheres. Bem, eles justificam o estupro por que afinal "é culpa delas. Quem mandou se vestirem assim? Só podem estar querendo. E como eu tenho o instrumento necessário, sou macho, mais forte, a sociedade me abriga e me obriga, eu posso estuprar. No fundo, no fundo, além de eu poder, além de elas merecerem, elas até gostam".
Existem mulheres que se vestem de forma provocante? Claro que sim! Vivemos em um tempo de liberdade de ação - ou pelo menos, deveria ser assim.
E ponto final. Sem razões quaisquer; você pode até julgar que tal roupa é inadequada (o que pode ser um conceito um tanto vago). E ponto final. Acaba aí sua análise de 'macho poderoso'.

Do que elas gostam, troglodita idiota?
O que elas merecem,  pessoa torpe?
Que obrigação é esta, desprovido de bom senso?
Cambada de podridão, grupelho de vilanias, maioria opressora. 

Porque você tem que mandar? Porque você tem que ser o maioral?
Porque você pode?
Não, você não pode. 
O que comanda você, que faz parte dos 65%?
Seu pau? O falo entre as pernas, a balançar "alegremente" composto dos grãos que perpetuam a nossa espécie?
Honra de quê? O que temos entre as pernas é motivo de orgulho. 
Não pode ser motivo de supremacia nem de força.

Seres primitivos, vocês 65% (homens e mulheres; mas toda esta postagem é para os seres que possuem pênis).
Sabe o que os humanos primitivos eram? Presas indefesas e carnudas, alimento farto e abundante. Indefesos diante do predador feroz, espumando pelos cantos do boca. Pronto a dar o bote; afinal "quem mandou estar ali, perto da fera bestial?"
E então, vocês passaram para o outro lado - caçadores implacáveis e poderosos e nivelaram-se pelo desejo primal de sexo. O intelecto e a capacidade de amar... Nada.
O que você deseja? Que se legalize o estupro para você saciar seu desejo livremente?
Voltamos às cavernas, àqueles tempos de presa e predador?
Entendeu o que você é?

http://wardofthestateofmind.blogspot.com.br/2010/09/angry-man-noises-nonny-mouse-amn-vs-anm.html

quinta-feira, 27 de março de 2014

VIAGEM CLXXIX - O ESPINHO DE QUERER

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E o que ele quer?
(tem um receio de querer e não vingar)
E se der para querer?
(porque daria?)
Responderá a este desejo?
Pacientemente?
Ou ignorará e seguirá?
Que o desejo saiba mantê-lo, ao menos um pouco,
são e consciente
(mas então não é desejo...),
Zona de conforto?
(o assédio a ela, trará tormento)
Espinhenta, com poder tetânico?
(aguda, agudíssima, acúleo que machuca; hercúleo espinho)
A toda prova?
(d'água? de altura? a prova de qualquer medo?)
É, o tal espinho que faz sangrar.
(gotejando ou jorrando para fora o que flui e que lhe dá vida)
Seca com a gota ali que pingava.
A cor muda, a textura adquire aquele jeito rugoso
como as linhas do tempo na face...
Faz o corpo duro, pescoço reto,
membros inertes
parados
rígidos, frios.
Ainda estamos no outono. E está gelado, escorregadio.

http://healthyhomegardening.com/Plant.php?pid=1530


domingo, 23 de março de 2014

VIAGEM CLXXVIII - ENTRE MILHÕES, MAIS 1

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Os estudos daqueles sítios, denominados como pesquisas, pelas áreas rurais da grande metrópole, com necessidades de áreas verdes, de milhões de hectares ele faz muito bem. E o levavam para um tempo que nem parece este tempo de 2014, março, sem as devidas águas para fechar o mês. "Ainda faltam alguns dias", pensa toda vez que vê notícias da Cantareira abaixo dos 15%.

Biólogo de flora silvestre que cobre as franjas sul do grande município, ali mais perto do grande Atlântico do que da Praça da Sé, ele anda por um caminho tortuoso, cheirando a mato molhado, a terra molhada, perto da reserva indígena. Munido de um I-pad, por wi-fi, anota espécies que possivelmente ainda não estão catalogadas no grande livro das plantas/árvores do Brasil, mais precisamente, na Mata Atlântica. Quando o vento sopra do sudeste, uma leve brisa de mar chega às suas narinas.

Ali, no meio do mato, às vezes, depois ter coletado as espécies e feito um 'pré-catálogo', ele de punha a ouvir música ambiente, de matiz eletrônico - nada tão alto que não o fizesse ouvir os ruídos naturais do lugar.
Hoje, ele põe a se lembrar de fatos que ocorreram ao longo deste último ano e que foram marcantes como nunca outros haviam sido. Pelo menos os que não se aprendem na escola, depois na universidade e primeiro em casa, com os pais.

De sola da bota enlameada, jeans surrado rasgado na coxa e no joelho em diferentes pernas, camiseta manga longa, ele recosta em uma árvore já morta, de tom branco sujo. Mangas arregaçadas, ele escuta a música ambiente no ambiente verde e recém molhado que aprendera a gostar e que dele fizera ganhar dinheiro para sobreviver. Mas não era um bicho do mato, tampouco tinha aquele discurso "devemos voltar à floresta": urbano, cosmopolita e discípulo do asfalto paulistano. 

Conciliava os dois extremos e ia do verde ao cinza com facilidade de um balanço que vai e volta, que vai e volta... Dos milhões e milhões que fazem o que São Paulo, ele é menos um do que querem viver sozinhos, como o velho personagem Urtigão.

Ouve agora as músicas do seu dj preferido - amigo de muitos anos e durante anos dentre estes anos fora mais que um amigo. Amaram-se fraternalmente até o dia em que o tal dj havia viajado para Berlim. Ficara de voltar dentro de três meses e até agora não voltou; depois de três anos ele desistiu de esperar. Também, depois que soube do translado sob o Atlântico do corpo morto assassinado por imigrantes muçulmanos - homofobia - entregou os pontos ao afeto. Ficar sozinho nunca mais.

A música de anos atrás o fez dormir que babou de tão relaxado. Acordou quase 2h depois com sol já fazendo sombras esguias e cumpridas. Bate os pés sujos de barro e levanta-se e sabendo que sujo ficarão de novo as botas de alpinista.
Parece ouvir: "apresse-se, logo mais tem muita dança para você suar e beber.

http://cliparto.com/@/Anna%20Poltoratskaya/7/

sábado, 15 de março de 2014

VIAGEM CLXXVII - SÓ AS PODREIRAS DOS SAPIENS

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"Ingratidão?
Truculência?
Inveja?
Amargor?
Canalhice?
Especismo?
Homofobia?
Racismo?
Ganância?
Vilania?
Soberba?
Sexismo?"
(ele recebeu a lista de um email desconhecido - tudo escrito na 1ª pessoa - nada usual)

"Quais destes vocês se encaixam? Porque, por certo, há de se encaixarem em alguns deles, ou mesmo em mais de um, em mais de dois e assim por diante.
Sequer carecemos de ajuda para sermos podres - nem da visita do diabo para perpetrarmos nossas características mais carcomidas.

Eu, como pequeno burguês de uma grande cidade de um grande país de um certo 3º mundo (?) situado aqui nos confins da Novo Mundo, todo colonizado para o bem e para o mal, pergunto a nós - os convivas para as festas pobres e ricas que se empreendem por aí - qual é o mais caro, o mais comum, a sua marca impregnada na pele? 
Aguardo manifestações.

Porque os burgueses grandes e os pequenos, que se espalharam por esta terra que já foi de bandeirantes a alargar o território do Brasil em tempos que já se foram séculos atrás, espremem-se e disputam qual é o mais podre de todos os sentimentos humanos.

Tenho para mim que a ingratidão grassa pelo mundo e de tão querida e praticada por todas as classes sociais tornou-se lugar-comum nos corações dos viventes do século XXI. Verdade: ela é a podridão maior.
Desfavorecidos, medianos e os do topo - economicamente - se igualam em vários quesitos descritos acima, mesmo que não gostem de ser equiparados nas podreiras humanas. Mas somos sim, basicamente, todos iguais.

Claro, há o afeto, o amor. Fico com estes; as nossas podreiras humanas deveriam sucumbir quando defrontadas com eles do período anterior. E diante da luta atroz, que adiante trará um cansaço hercúleo, prefiro ainda crer que o amor, o afeto - e a gratidão - se salvam e devem salvar a vocês e a mim. 
Qual certeza disto? 
Alguma certeza é melhor do que nenhuma".

http://www.rgbstock.com/bigphoto/2di5NpG/Skull+03

sexta-feira, 14 de março de 2014

VIAGEM CLXXVI - PRETENSÃO DE QUÊ?

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você pretende o que?
saber-me?
o que de mim? corpo? mente? coração?
tudo? 
"tudo"
"eu também"
quando?
por onde?
pelas estradas?
Aquela de Santos?
Não quero, só se for para irmos juntos
em velocidade devagar
para poder ouvir você
d-e-m-o-r-a-d-a-m-e-n-t-e
sua risada...
você passando a mão em minha nuca, coxa.
a gente gritando de cantar
um mais desafinado que o outro
versos e risos!
e de repente o mar
o cheiro de maresia
o imenso oceano
capaz de roucos estarmos
pelas curvas que ficaram atrás.
deleitar-nos-emos
recostados no banco do carro
ouvindo as músicas mais cafonas e bregas
em volume mansinho...
que gostamos desmedidamente
porque é desmedido - eu
porque é desmedido - você
voltaremos, cantando
esganiçadamente!
uns beijos pelos túneis
e na imensa São Paulo dos milhões
continuaremos você eu!

http://projetandopessoas.blogspot.com.br/2012/10/como-e-sua-estrada-para-o-sucesso.html

terça-feira, 11 de março de 2014

VIAGEM CLXXV - 2014/3014/4014

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Deveria ter sido mais para frente, talvez uns 50 anos, em 2064; ou melhor, em 2114, já no século XXII. E pensar que o XXII parecia distante, como quando ele pensou, nos anos 1970. Hoje, ele almeja inventar uma máquina do tempo e ir para frente, ou para trás. Mas que bobagem do tamanho do Oiapoque ao Chuí! Invencionice descabida e viajante, afinal inventos de maquinaria e ele não combinam me nada. 

"Que pena. Deveria ter sido cientista quando comecei a estudar na faculdade...".
Para frente, uns 500 anos, em 2514. Dois mil, quinhentos e catorze, no século XXVI!

Porque todo este tempo para frente?
Tem certo para ele que muitas mazelas sociais, tais como a desigualdade entre os homens, o preconceito escancarado e o velado (mais mentiroso ainda) e tantas outras maneiras de ser tão 'queridas' do homo sapiens sapiens... Tornar-se-iam parte dos estudos do passado suscitando teorias de A a Z.

Caminhando pelo chão em pedras formando o mapa do Estado de São Paulo, em preto e branco - como deve sempre ser -, apressado para fugir da chuva que já começa até a loja de chocolates importados e empanturrar-se até fazer bico, desejou ainda mais longe, mais para frente. 
Tudo para ser do passado a impossibilidade de sua felicidade do presente. Lá em 3014!
Século XXXI!
Mil anos à frente, 3014.

Com febre de adrenalina e sorriso de felicidade contida de vencedor "que sabe vencer", quis ter a tal máquina e viajar para daqui mil anos.
Mandar tudo para o inferno! Mandar os de hoje para o passado e ele em 1000 anos à frente; e com aquele olhar quando se debruçasse nos livros - os livros de então - e visse que o passado é digno de comiseração.
"Talvez achasse que estes daqui - lá frente - seriam como neandertais de milênios atrás; rir e ter dó". 
Quem sabe se se teletransportasse para 4014? 

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quinta-feira, 6 de março de 2014

VIAGEM CLXXIV - EM CADA LADO; INJEÇÃO

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Das bem doídas, que deixam a gente doido de dor.
Em cada lado da bunda que é para ferrar mesmo, aquela injeção oleosa que demora a ser injetada para realizar o bem, combatendo uma infecção qualquer que seja que tenta se apoderar do corpo através de bactérias nuas e cruas, quente que intumesce o que não carece de intumescimento. Nada tímidas tais bichos (ele nem sabe o que bactérias são... "Se é que são alguma coisa além de se instalarem à revelia").

---Na parte da frente não toque, nem venha com esta agulha que arromba a pele e judia sem dó! Estou ficando de saco cheio desta injeção.
Disse em alto som, de voz tonitroante, para que logo cessasse o que deveria nem ser objeto de querência. O enfermeiro que resvalava os olhos para ele intencionando talvez outros desejos, nada objetou e fez o seu trabalho com cuidado extremo.

Palavrões dos mais chulos ele proferiu, sem medo, sem dó nem piedade; mesmo a porta estando fechado sem trinco porque apenas uma pequena "geladeira" de guardar instrumentos cirúrgicos funcionou como escora.

Segundos depois, pelo trânsito, pelo movimento de pedestres, pelos paulistanos, ele sobe a ladeira curvando-se levemente à frente pelas injeções dadas lado esquerdo e depois direito, com as mãos nos rins para disfarçar, porque um homem como ele - grande, um tanto alto, corpulento, barbado, um biotipo à cro-magnon -, nunca deve andar com a mão na bunda, mesmo que seja em cima, onde quase não músculo - o tal glúteos superiores.

Derradeira dor nos últimos passos da íngreme subida, típica de São Paulo, com seu relevo exigente de panturrilhas - das cabeludas ou não. Dor, muito dor! o ar lhe falta e os pulmões avisam que deve encostar no grande prédio dos anos 30. Ali, encostado, recuperando-se da dor, ele repensa no trabalho que ainda deve realizar antes que termine o dia: relatório e um gráfico de gastos com publicidade.

--- PQP!  Que dor dos infernos! Ainda bem que é para a cura definitiva desta porra de sintomas que apareceram. Em duas semanas no máximo vou ter que tirar todo o tempo de atraso que passo.

Com as mãos nos rins, um senhor de seus quase 80 anos pergunta para ele, ao vê-lo em tal posição - curvado:
--- É nervo ciático, meu filho? Dói né?
Sem pestanejar, ele responde.
--- É sim senhor. Dói como o cão!
--- Mas vai passar se você tomar algumas injeções para dor.

Atônito, ele anui com a cabeça e assim que o vovô se vai, ele começa a ri sem parar dele mesmo.
"O que seria de mim se não risse de mim mesmo? Nesta posição, curvado, com as mãos para trás e com esta cara de dor que estou fazendo... Deve ser engraçado".

O riso, pode-se dizer, amenizou a dor - uma de cada lado daquela maldita agulha. 

http://www.kitazato.co.jp/biopharma/INJECTION.html