sábado, 31 de outubro de 2015

38] CENÁRIO SP - LIMITES DA METRÓPOLE

Arquivo pessoal
Nos limites que vagueiam por aí, dilatando-se dia após dia, ele parece perdido nas franjas da grande metrópole-alfa do Brasil. Nas bordas, há quem qualifique seus habitantes como hordas sem limites que transitam e incomodam.

Ele não. Limites foram criados para serem, em seguida, alargados, pelo ocidente, pelo oriente, pelo centro, pelas pessoas, por cima, por baixo, pelo amor, pela vida, pelos instrumentos, pelos limitados trabalhadores, incansáveis e por isto quase invencíveis. Porque quem mora nas bordas, há que estar invencível por estes tempos.

Luz mortiça, por vezes, nas bordas (nos limes não fortificados) marcam certo grau de rudeza e melancolia? Ou de abandono e pobreza? De um desajuste feito, calcado em propósitos mil que, ele, por certo, desconhece por completo. 

Ele não vê exatamente assim. Ele vê como algo a ser superado, a ser respondido pelas veias que saltam, pelos suores que vertem, pelos cansaços diários.

Em qualquer grande urbe do mundo: seja em Tóquio, seja em Xangai, seja em Seul, seja em Manila há os que tomam o mundo próprio para si. E aí, não há limites que impostos sejam duradouros.
Em Lagos, no Cairo, em Madri, em Londres etnias, religiões, homens e mulheres misturam-se e se resvalam uns aos outros. Experimentam-se entre homens, entre mulheres e entre estas e aqueles.

São Paulo, Nova York, Buenos Aires, Cidade do México quais são os limites de cada uma delas? 
Robustecido pela vida na grande e ilimitada cidade dá voz aos seus amores e dores pelas cores às vezes tristes, às vezes alegres.
Invencível que é, ele ama com um limite vago e incerto pelas bordas e pelas mancha urbana (in)completa de São Paulo que cobre seu corpo, endurecendo-o, afrouxando-o, tremendo e molhado.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

VIAGEM CCLIX - DO TÉRREO AO 35º ANDAR

Reprodução [endereço abaixo]
Mania de contar os degraus veio se sofisticando e logo era aos pares, depois em trios; e tinham modas de, por exemplo, calcular de trás para frente. Consistia em analisar e mentalizar um número e decrescê-lo até chegar ao fim da caminhada sobre os degraus. 

Sobreveio o tempo de calcular - em um relance apenas, porque senão ficava fácil e acertava sempre se ficasse parado olhando - quantos teria que subir ou descer. Verdade que a contagem para descer lhe tomava mais tempo e os erros desta categoria apareciam como um pouco maiores que os de subir. À época de "chutar" um número, de novo a contagem da descida sempre se fazia mais complicada.

Mas em um relance, apenas, olhava. Gostava das escadarias grandes, em vários lances. Descobrira pouco tempo atrás as escadarias da 9 de Julho, Viaduto Jacareí, na Bela Vista.
Todos os degraus pelo qual ele deveria passar... Ele contava e passado certo tempo de treino, até dez degraus, tal contagem nem entrava no exercício - muito fácil. 

Certa vez em um fim de tarde de chuva torrencial, indo visitar um amigo que morava no 35º andar, resolveu subir pelas escadas quando lá chegou só para ter certeza que nenhum deles faltaria. Parecia-lhe uma tarefa até que simples, porque entre um andar e outro o número de lances deve ser o mesmo (é o que se supõe...?) e por conseguinte, o número de degraus também o seria.

E então iniciou a escalada pela maior escadaria que já havia pisado: mármore levemente avermelhado com manchas sinuosas brancas, friso dourado na beirada, o corrimão com textura suave, brilhando de limpo... 
Todo este aparato o atraiu sobremaneira.
Ao pé da escada, no térreo, com o zelador olhando-o como um louco - ou idiota, talvez - ele já se decidira. 
---- O senhor tem certeza que vai subir a pé? Pelo elevador é rápido e não cansa nada, nada. Prático.
---- Tenho. Eu preciso ir.
A luz esmaecida tornou tudo mais imperioso. 

Começa. 
Salão de Festa A uma festa de aniversário.
Salão de Festa B tudo em silêncio.
1º, 2º, 3º e 4º foram galgados com rapidez assertiva.
5º andar uma briga de duas crianças.
7º andar cheiro de bife fritando.
Nada de se cansar. A chuva lá fora se intensificava.

10º andar ele vê a luz piscar pela janela de luz que dava para o prédio ao lado.
11º andar seu fôlego se altera, mantendo um ritmo mais lento de subida.
15º andar dois rapazes fumam um cigarro de maconha.
---- Não obrigado.
17º andar o cheiro e a risada do 15º quase imperceptíveis; peito começa a chiar.
18º um breve descanso de 3 minutos, sentado, mas ainda sem arfar feito um cão.
21º andar arfando certifica-se que sua bombinha contra a asma está no bolso.
22º andar ele tem que sentar de novo; três borrifos dentro da boca.
24º andar melhora com a ajuda do remédio.
25º andar pequeno cachorro passeia pela área comum do corredor.
---- Igualzinho ao que eu tinha quando era moleque.

28º andar depara-se com um casal fazendo sexo gutural na escada e parecia estar bom.
---- Desculpe interromper. Já estou indo embora.
31º andar prostra-se de cansaço físico, mas sem perder a conta dos degraus subidos.
32º andar mais borrifadas porque parece haver um gato dentro de seu peito.
33º andar tontura, dor de cabeça - um mal-estar generalizado, pintas roxas/pretas no ar.
(demora-se)
34º andar ele não consegue mais, pernas doem, brônquios não respondem.
(demora-se ainda mais)
35º andar desmaio à frente da porta de seu amigo.

O barulho seco da batida na porta desperta o morador que a abre e vê o amigo inconsciente e com o rosto de cor azulada. O visitante sua tanto que o outro escorrega na poça formada, causando um susto tremendo. Tremendo de nervoso, liga para salvá-lo.
Resgate chega em três minutos... Na portaria. Ainda sem energia elétrica, os para-médicos iniciam a caminhada rumo ao topo, ao 35º andar. Iam apressados.

http://ipadfiends.com/wallpaper/101/dark-staircase

domingo, 25 de outubro de 2015

MAIORES CIDADES DO INTERIOR-BR

Arquivo pessoal
Existe vida além das capitais; existe gente além das metrópoles; distantes quilômetros ou contiguamente às sedes administrativas das Unidades da Federação (Brasília não entra na lista, pois o Distrito Federal não é Estado e não há sub-divisão no pequeno território de 5.800 km²
Aqui segue uma lista das maiores cidades do Interior do Brasil; abrange municípios com mais de 300 mil habitantes que não pertençam às Regiões Metropolitanas (RM) das capitais. Vale o adendo que Campinas é sede de RM com quase 3 milhões de habitantes. 
1
Campinas
1.164.098
SP
2 São José dos Campos    688.597 SP
3 Ribeirão Preto        666.323 SP
4 Uberlândia    662.362 MG
5 Sorocaba    644.919 SP
6 Feira de Santana    617.528 BA
7 Joinville    562.151 SC
8 Juiz de Fora    555.284 MG
9 Londrina    548.249 PR
10 Campos dos Goyt.    483.970 RJ
11 Caxias do Sul    474.853 RS
12 S. José do Rio Preto    442.548 SP
13 Santos    433.966 SP
14 Campina Grande    405.072 PB
15 Jundiaí    401.896 SP
16 Maringá    397.437 PR
17 Montes Claros    394.350 MG
18 Piracicaba    391.449 SP
19 Bauru    366.992 SP
20 Anápolis    366.491 GO
21 São Vicente    355.542 SP
22 Caruaru       347.088 PE
23 Vitória da Conquista    343.230 BA
24 Pelotas    342.873 RS
25 Franca    342.112 SP
26 Blumenau    338.876 SC
27 Ponta Grossa    337.865 PR
28 Petrolina    331.951 PE
29 Uberaba    322.126 MG
30 Cascavel    312.778 PR
31 Guarujá    311.230 SP
32 Taubaté    302.331 SP


Obs.:
a)O Estado de São Paulo marca 13 na lista de 32, a seguir Minas Gerais e Paraná com 4; 

b)o Rio de Janeiro, em que pese ser o 3º Estado mais populoso, o 2º mais povoado e ter a 2ª maior RM do Brasil coloca apenas um município na lista;

c) destaque para Goiás e Paraíba (principalmente) que não figuram entre os mais populosos (12º e 13º respectivamente) e mesmo assim adentram com 01 município cada um, além de suas capitais.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

VIAGEM CCLVIII - ESTE SENHOR: O TEMPO QUE SE DEMORA

Arquivo pessoal
I
desatinos desmedidos cometeram
deliberações duvidosas enfrentaram,
tudo em dicotomias que se apraziam,
destemperados pelas danações datadas
daquele tempo de desfrutes frugais
de prazer
dobraram-se ao assombro da vida - ao terror do tempo

II
intempéries que mesmo o tempo - o senhor
parece destruir
ele tentou, dividiu, desmantelou
e diletante que era - o tempo -
este senhor, igual um druida dos antigos celtas, 
placidamente toma em sua xícara de cristal de vida
um café coado, nigérrimo

III
e como se demorara no açúcar demerara dulcíssimo
uma, duas... dez colheres derramadas,
despencou em diabetes
pelas dunas da decadência do tempo - o senhor 
e de descrentes
que se tornaram
duvidosos, deficientes

IV 
em comunicar, desprender-se de danos anteriores
a defensa deles foi deteriorada
arremetendo-os ao cais...
desbragadamente dirigiram-se em devaneios,
e devorados em dúvidas
drenaram seu carácter diáfano
ao tempo afora e adentro - o senhor -

V
a dor que drapeou displicentemente, 
em uma dualidade que lancinava, lancetava, não os deteve, 
desdobraram-se em divagar com o tempo
impingiram dúvidas a ele - os tempos senhores
fizeram-se de dublê um do outro,
e restabeleceram o duunvirato 
de vida, de controle, de divinos amores

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

37] CENÁRIO SP - BRASILIDADE, ANTROPOFAGIA E ACOLHIMENTO

Arquivo pessoal
Porque São Paulo é o sim e o não (e o tudo que está contido entre)...
"Personagens urbanos existem aos montes em qualquer grande cidade, mas em São Paulo, a grande metrópole alfa e cidade-síntese do Brasil, pelas ruas, prédios, firmas, indústrias, restaurantes e tudo mais... Eles acontecem com mais incisividade, mais perenidade (tem também a temporariedade - dualismo que não antagoniza com a cidade, porque aqui os antagonismos convivem)

Eles quem?
Ora, os tais personagens. Para todos os gostos, para todos os paladares, preferências, com vontades díspares por vezes, que casam outras vezes... Podem também ser semelhantes ou diametralmente opostas.

Sim, há também os antagonismos na cidade-alfa, comum aos seres humanos em São Paulo não seria diferente. Há também o preconceito por parte de alguns brasileiros. E não, não é apenas o Nordeste que sofre preconceito. Rótulos estereotipados, procedem?

Mas primeiro, que rótulos são estes? Políticos? Econômicos? Sexuais? 
Porque não se coadunam com que pensam determinados brasileiros com tendências ideológicas diferenciadas e por isto somos rotulados por milhões? 
O que isto guarda com a realidade paulistana?

Qual nada para estes que acham São Paulo uniforme!
Antropofagia.
Acolhimento.
Brasilidade.
Três os pilares paulistanos.

Somos quase uma dúzia de milhões e somos aqueles que trabalham de sol a sol varando a madrugada, incansáveis e atentos.
Antropofágicos desde antes de 1922; mesclamos, criamos, proclamamos tais descobertas para quem quiser ver, saber e experimentar.
Acolhemos gente de Uiramutã, em Roraima, a Chuí, no Rio Grande do Sul; da Paraíba ao Acre; do Japão ao Haiti; das barrancas do rio Paranapanema às alturas da Serra da Mantiqueira.

Brasil, brasilidade, brasileiros; somos mais de 200 milhões ao sul do Equador (verdade que temos uma parte ao norte do mesmo) espalhados pelo vasto país-continente. Brasilidade porque São Paulo exprime todos os dias, todos os momentos que aqui o Brasil é o Brasil de verdade, sério e que se se reforçam os estereótipos, reforça-se ao pari passu o diferente, o outro, o divergente, o contraditório, o outro lado (ou os outros lados).
Aqui tudo existe e tudo convive. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

VIAGEM CCLVII - ROBUSTEZ

Arquivo pessoal
Da série "não sabe de onde veio...", o que acontece bastante...

"rodopiam pela cabeça

remexendo entre sinapses

antigos afazeres

roubando

retos e diretos

amores

riu de dentes à mostra

riu muito, sorriu antes

mas hoje...

rudeza?

raivoso?

restos

nos rincões

sem rumo

sem fato

sem verdade

somente as velhas

raposas

reivindicam ferozmente

entre ranger de dentes

o roto farrapo no qual

ele se tornara

(e depois de um tempo de cicatrização)

ramos e ramos

com raízes incríveis, grossas 

e profundas

de uma robustez foi 

que arrancou as últimas

amarras formadas pelas

contra-correntes em sua vida.

assim foi..."

terça-feira, 6 de outubro de 2015

VIAGEM CCLVI - BREVE POEMA DE UM MENINO SEM PAIS

Arquivo pessoal

pelo dormitório, pesadelo
pelo refeitório, indigestão
pelos corredores, frios, escuros
lamentos, gemidos
dissonantes
de variadas tessituras

à direita
à esquerda
ao fundo (e em todos os lugares)
sempre parece mais longe
mais escuro
empoeirado

como se apenas dores sem cores
tivessem passado por ali
pelas escadas, lances,
mármore subindo
pelo cimento debaixo
no campo grama e suor

quase uma brincadeira
em corredeira, gritos
um pouco de alegria (mensurada em minutos)
horário de com rigor de uma
rigidez escarrada e
rude, rasteira e às vezes, marrenta de teimosa

tudo pela semana
dentro daqueles dois quadrados
demoradamente distantes da cidade
danos para muitos, deméritos para ainda mais
doutores nada doutos desenham
perfis e personalidades à revelia dos órfãos

e no sábado e domingo
vem então aqueles
dois que de felizes ao vê-lo 
choram e riem e sorriem em um
contacto físico, abraço
aperto, amor, grudados

papéis, o tempo, burocratas 
controversos e distantes: demoram-se  por horas
de fundamental, porém, só a acolhida
a ida para a nova casa e o novo tempo
de um poema de um menino sozinho e
que (agora) terá companhia pela vida

sábado, 3 de outubro de 2015

CARROS MAIS VENDIDOS - SETEMBRO 2015

Arquivo pessoal

Lista dos 30 veículos mais vendidos em setembro e acumulado desde janeiro no Brasil.
- setembro
1 Onix 10.212 GM
2 HB20 8.889 Hyundai
3 Palio 8.761 Fiat
4 Ka 7.486 Ford
5 Strada 7.116 Fiat
6 Fox/CrossFox 6.373 VW
7 Sandero 6.369 Renault
8 Corolla 5.775 Toyota
9 HR-V 5.747 Honda
10 Uno 5.684 Fiat
11 Renegade 5.676 Jeep
12 Gol 5.254 VW
13 Prisma 4.714 GM
14 Siena 4.534 Fiat
15 Saveiro 4.357 VW
16 Up 4.344 VW
17 HB20 S 4.170 Hyundai
18 Fit 3.512 Honda
19 Voyage 3.192 VW
20 Etios HB 2.805 Toyota
21 Fiesta 2.781 Ford
22 Duster 2.698 Renault
23 Ecosport 2.655 Ford
24 Ka Sedã 2.513 Ford
25 S10 2.385 GM
26 Civic 2.312 Honda
27 Logan 2.240 Nissan
28 March 2.240 Renault
29 Etios Sedã 2.063 Toyota
30 Corsa Classic 1.943 GM

- acumulado de janeiro a setembro
1 Palio 92.087 Fiat
2 Onix 87.725 GM
3 Strada 79.455 Fiat
4 HB20 78.867 Hyundai
5 Ka 69.564 Ford
6 Gol 63.240 VW
7 Fox/CrossFox 63.198 VW
8 Uno 62.241 Fiat
9 Sandero 58.281 Renault
10 Prisma 49.830 GM
11 Corolla 49.591 Toyota
12 Saveiro 46.774 VW
13 Siena 46.695 Fiat
14 Up 41.462 VW
15 HB20 S 40.234 Hyundai
16 HR-V 33.183 Honda
17 Fiesta 32.961 Ford
18 Voyage 32.955 VW
19 Fit 32.855 Honda
20 Ka Sedã 27.052 Ford
21 Etios HB 26.720 Toyota
22 Ecosport 26.357 Ford
23 Duster 25.672 Renault
24 Civic 25.569 Honda
25 S10 25.558 GM
26 Hilux 25.151 Toyota
27 Logan 24.570 Renault
28 Renegade 20.513 Jeep
29 Spin 19.946 GM
30 City 19.740 Honda