sexta-feira, 31 de maio de 2013

VIAGEM CXXII - NEGRO, GAY, MULHER, ÍNDIA, DEFICIENTE, POBRE, GORDO

Escondidos. Transferidos. E vilipendiados.
Estavam todos ali:
o negro,
o gay,
a mulher,
a índia,
o gordo,
o deficiente,
o pobre,
o desempregado.

Na grande e imensa sala vazia preenchida apenas por eles, todos quietos quedavam-se. Não se conheciam e nem sabiam porque lá foram trancafiados por alguém que desconheciam.
Mais de uma hora e todos em pé rodando de lá para cá sem conversarem, sem se tocarem, sem nada. Introspectivos em seus mundos, tão-somente. 
Um barulho na fechadura. Destrancados, agora.
Um grande homem, bem vestido e com os bolsos pesados de tanto dinheiro que vertia deles, apareceu e começou a lhes falar em tom categórico e ao mesmo tempo debochado.

--- Vamos ver... Pela minha lista, agora é a vez do negro.
Apareceram mais três homens da sociedade que manda, que juntos com o que falou, levaram o homem negro para fora. Lá ele executou um serviço que os seres da sociedade não mais queriam fazer e que era moldado ao negro fazer, unicamente ele: pois deveria servir aos outros, como um escravo moderno, em uma grande empresa para ser explorado na África. Ele caiu várias vezes de cansado e por isto apanhou feio.
Na volta, quando o devolveram, o grande homem disse:
--- Para isto que você serve, para trabalhar feito burro de carga. Nada mais.

Em outra hora, nova chamada
--- Vamos ver... Agora é o gay.
Tudo igual: ele mais 3 levaram o rapaz para fora do imenso salão. Fora deste, colocaram-no para trabalhar em uma profissão que, segundo a sociedade vigente, é a única que lhe cabe: vestiram-no de maneira um tanto feminina e o colocaram assim em um estabelecimento para pentear, maquiar e tudo mais. Ele apanhou durante, porque não sabia fazer.
Na volta, quando o devolveram, o grande homem disse:
--- Para isto você serve, ser 'mulherzinha', assim já mostramos nosso asco só na palavra. Mais um motivo para ter apanhado como apanhou.

Assim a coisa estava indo.
Em outra chamada, tudo igual.
--- A mulher ali. Venha loira.
E ela foi feita de doméstica sem descanso e ainda teve que servir aos patrões com seu corpo. Cansada moralmente, tentou fugir e foi espancada.
Na volta, quando a devolveram, ele disse:
--- Para isto você serve: para nos servir.

Tudo igual e foi a vez da índia, com o grande homem dizendo:
--- Venha, seu bugre!
Contaminaram-na com o vírus da gripe e tiraram toda sua terra. Ela chorava e ardia em febre a levaram para ver toda a devastação causada em reservas ancestrais; e na volta:
--- Para isto você serve, para sofrer e longe de nós.

Assim foi se sucedendo: 
-para o gordo, como em um pecado capital às avessas permitido, abriram sua boca e o fizeram comer de tudo, sem parar, porque se parasse, lhe davam no lombo. No fim, disseram "como você gasta mais, como você ocupa mais espaço. Atrapalha". E lhe deram comida estragada, podre.

-para o deficiente coube subir em uma calçada íngreme, cheia de buracos com tempo cronometrado para provar que estão sempre atrasados, que demoram e, portanto, não servem para fazer dinheiro.

- para o pobre, "pobre coitado, ou melhor, pobre diabo" falaram. "Você fede, é feio e usa roupas rotas. Vai apanhar agora, mas se dê por satisfeito de não lhe queimarmos vivo". E o colocaram para dormir ao relento em uma noite de inverno.

- para o desempregado sobrou nada. "Temos que sustentar você, pagamos coisas por você e ainda por cima, é vagabundo". Este foi o mais espancado, porque foi tido como peso morto pela grande sociedade.

Quando todos voltaram, um por vez, reuniram-se e tentaram se ajudar fazendo que fosse possível para minorar um pouco a dor física, a dor moral e os ferimentos causados. Combinaram, em poucas palavras que da próxima vez que a porta rangesse - sinal do prenúncio do homem que a abria - começariam a gritar feito loucos e em bloco correriam para fora. Era uma tentativa, a única que lhes deu conforto.

MAIORES CIDADES DO INTERIOR - PIB

Apresento uma lista dos 30 maiores PIBs de municípios do Brasil que não são capitais de Estado nem fazem parte das respectivas regiões metropolitanas destas Unidades Federativas. Portanto, na tabela abaixo, existem municípios que são sede de RM, como Campinas e Santos, mas que não estão incorporadas à da Grande São Paulo, por exemplo. 
Os valores estão expressos em bilhões de reais:     


1
Campinas
36.688.628,77
SP
2
Santos
27.616.034,70
SP
3
Campos de Goytacazes
25.313.179,34
RJ
4
São José dos Campos
24.117.144,92
SP
5
Jundiaí
20.124.599,88
SP
6
Joinville
18.473.989,58
SC
7
Uberlândia
18.286.903,94
MG
8
Ribeirão Preto
17.004.019,39
SP
9
Sorocaba
16.127.235,90
SP
10
Parauapebas
15.918.216,39
PA
11
Caxias do Sul
15.692.358,72
RS
12
Itajaí
15.235.108,45
SC
13
Macaé
11.267.976,33
RJ
14
Piracicaba
10.931.268,21
SP
15
Angra dos Reis
10.176.447,73
RJ
16
Anápolis
10.059.556,70
GO
17
Londrina
9.936.563,41
PR
18
Taubaté
9.778.529,41
SP
19
Volta Redonda
9.170.922,40
RJ
20
São José do Rio Preto
8.981.998,59
SP
21
Blumenau
8.950.141,37
SC
22
Louveira
8.914.890,86
SP
23
Juiz de Fora
8.314.430,51
MG
24
Maringá
8.263.627,81
PR
25
Paulínia
8.114.786,99
SP
26
Sumaré
7.848.043,72
SP
27
Rio Grande
7.737.854,64
RS
28
Feira de Santana
7.433.138,83
BA
29
Bauru
7.423.744,31
SP
30
Ipatinga
7.391.668,85
MG

Considerações:
1 - O Estado de São Paulo, de longe e mais uma vez, é o que mais emplaca municípios no rol acima, 12 ao todo, demonstrando a força de seu Interior. O PIB desta região é maior que de todos os Estados e ocuparia assim, hipoteticamente, o segundo lugar entre as unidades da Federação, suplantando o Rio de Janeiro e Minas Gerais (2º e 3º lugar respectivamente);

2- Bem como suplantaria também todo o valor da Região Sul,  Nordeste, Centro Oeste e Norte, separadamente. O Interior paulista é o segundo maior PIB do país, atrás apenas da Grande São Paulo;

3 - Rio de Janeiro com 4, Minas Gerais e Santa Catarina com 3 municípios cada um na lista, vêm a seguir; menção ao Rio Grande do Sul e ao Paraná ambos com 2 cada um. Destaque ao Pará, Goiás e Bahia que figuram na lista, uma cidade para cada um, representando o N, CO e NE.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

78 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - INSISTÊNCIA EM FALAR

Reprodução [sítio abaixo]
Pela manhã de segunda-feira, acordara, depois de longa noite de choro baixinho e de tempo frio, melhor - mesmo tendo dormido apenas poucas horas. A semana prometia e assim foi: as promessas se concretizaram e tudo deu certo. Passaram-se os dias... Veio o feriado de quinta.

O frio recrudesce nesta semana e a chuva só o faz apertar ainda mais. Novamente silêncio no apartamento insondável e imperscrutável da grande urbe. Felino dorme junto com Rex sob o tapete e sob a manta sobre aquele. Quentinhos e enroscados.
Ele abre os olhos e imediatamente sente um desejo incontrolável por um bom e quente café, sem açúcar (costume que vinha adquirindo ao longo destes últimos dias). Em razão da urgência primitiva da mãe natureza, levanta-se quase nu e vai ao banheiro atender o tal chamado. Alívio. 

Roda pela casa toda procurando algo para fazer, mas que não envolvesse limpeza - preguiça absoluta de tais afazeres domésticos que por, vezes, se fazem necessários. No quarto 2, onde o computador instalado está assim como sues livros nas estantes que ocupam-no por completo, detém-se. Folheia alguns deles e deitado começa a ler sobre escavações paleontológicas. Absorção por completo apenas bebendo seu café até a boca na grande caneca desenhada com motivos urbanos de São Paulo. Sossego a não ser pelo frio nas costas: veste uma camiseta de dormir que nunca dorme com ela porque dorme nu, meio curta, calça de pijama canelada e meias. O café quente recém feito ajuda a espantar a tremedeira de maio.

Felino vem e se posta em frente a ele, em cima do livro olhando-o com ternura e fome, talvez. Mia baixinho sacudindo o rabo rajado de laranja e marrom decidido, ao que parece, a lograr êxito na empreitada de chamar a atenção do proprietário do castelo. E mia daquele jeito que derrete qualquer ser vivente, em paz ou em guerra.

--- Certo, certo... Vamos lá então, vamos comer atum em conserva? Que delícia hein?! Cadê o seu tormento em vida Felino? Ah, está aí hein! Rex, para de roer o pé da cadeira. Já! Mas que coisa viu! Tudo isto é porque ainda não saí com você?

Vai à área de serviço e o príncipe herdeiro havia feito suas necessidades básicas, as de número 1.
--- Ai ai ai! Rex! O meu Deus! Por que o senhor não para de roer? Tem o osso de brinquedo para você, mas você não quer, né? Seu 171! Está vendo Felino Laranja, olha só que que a gente tem que aguentar, suportar e morar junto? A gente salva de virar sabão, cria, pega amor e depois não pode jogar fora!

O cachorro sabedor que fala-se dele, incontinênti, vai até aos dois pulando e querendo brincar de zoeira; por ele rolariam os 3 no chão agora só de brincadeiras.
É o que acontece por minutos. Ele ri largamente pensando quanta diferença entre o dia de hoje e o dia doído de domingo passado.
Telefone tocando. Ele se levanta mas ambos parecem "pensar" que a brincadeira apenas mudou de posição porque o seguem cada um com sei jeito de chamar a atenção fazendo estripulias ao seu redor.

É Maximiano, o agora quase ex-amigo. Não atende porque "ainda não é tempo de querer falar com ele. Calma para mim, tudo a seu tempo". 
Mais uma vez toca. E ele no banheiro ouve o aparelho; durante, o telefone ainda toca mais 2 vezes. Saindo do banho, mais uma vez insistentemente. De novo quando se vestia tiritando de frio; e de novo ao final de tudo. Ao todo, foram 7 chamadas perdidas - número que dizem ser de mentiroso. 

"O que faz um pessoa ligar seguidas tentativas, uma atrás da outra? Se você não atendeu a primeira, tudo bem, tenta-se a segunda... Mas 7 vezes? Por que? Ele percebeu já àquele dia que fiquei surpreso de maneira negativa com a recusa dele em ser um cara mais compreensivo com o irmão e mais ainda, pela ingratidão demonstrada. De novo, pela 8ª vez. Quer saber?"

--- Alô!
--- Oi doutor! Achei que não ia...
--- Achou o que? Por que está me ligando tanto assim? Direto? 
--- Nossa... É que eu pensei...
--- Seguinte, Maximiano, eu estou ocupado agora com os bichos, se não até falaria com você. Vou desligar, certo? Boa tarde.
--- Boa tarde, mas eu queria...
--- Boa tarde. Até. Manda lembrança para o seu irmão.
Ao desligar o telefone, porque não quis ser nem grosso, tampouco mole, ele quase se arrepende de tê-lo feito. Mas, motivo não há. 

De novo, o telefone.
--- Oi. 
--- Posso falar com você dois minutos só?
--- Podemos nos falar. Você venceu pela insistência, ligou nove vezes. Mas claro que pode falar sim. O que manda?
Antes que Maximiano começasse, ele pensa que deverá ter mais e mais paciência tamanha foi a insistência.

http://www.bdlive.co.za/life/health/2012/10/29/medical-technology-listen-up-ringing-the-changes-for-those-annoying-hissing-noises

segunda-feira, 27 de maio de 2013

VIAGEM CXXI - HOMEM QUE É HOMEM NÃO AMA NINGUÉM

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Já se achara em amores e se perdera destes mesmo amores. Tudo no passado bem longínquo que ele, se possível fosse, apagaria de sua memória como se desliga um computador, com a diferença que nem precisaria fazer como a máquina, que pergunta "tem certeza que quer fazer isto?". 
Definitivamente, ele pula esta parte, a parte da incerteza.

Amores vem e vão e para ele, agora apenas vão. Ou melhor, eles nem vêm mais porque permissão para isto lhes é negada. Mais, certo tornara-se que homem com com H não se apaixona, muito menos ama ninguém. Assim sendo, sobra mais tempo para si, sobra mais tempo para perceber que 99,99999% dos humanos são todos farinhas do mesmo saco; saco roído e roto com conteúdo rançoso e data de validade vencida.

"Homem com H, aquele cara que vive para si, não deve amar ninguém, não pode amar outra mulher, ou outro homem. Cada um é cada um, não é? Mas amar, perder-se? Desacredito que homens, com o que têm no meio das pernas, amem como outros que não honram tal anatomia! Gostam da facilidade sexual e de quando em vez, uma boa companhia tão-somente.

Amor? Amar? Passo a quilômetros de distância. Eu tenho pau, portanto não amo ninguém. 'Eu não amo ninguém', como cantava o Cazuza que se perdeu de amor.. Coitado, né? Veja o que se deu com ele... Raciocínio vale tudo, amar não vale nada. Frieza no sangue vale tudo, sangue pulsando por amor não vale nada. O que vale são as grossas veias pulsando de meu falo fazendo-o crescer, porque eu não amo  ninguém. Chega, minha cota terminou lá trás. Combinação totalmente equivocada tentar realizar esta combinação. Um erro a ser pago.
Única distância é da minha mão ao meu pau e de algum lugar quente para enfiá-lo".

Observava tantos enganos cometidos por amor - durante toda sua vida de 4 décadas -, feitos em uma crença que lá na frente tudo ficaria bem. Tirante o dinheiro desperdiçado.
--- Fica bem pior, é a verdade!
Em alto e bom som seja dito. Verdade também que dizia só para ele, porque convencer os outros está fora de seus planos; para que isto acontecesse, teria que parar a execução de seu trabalho... Então, a frase vale para ele.

http://durangotexas.blogspot.com.br/2011/08/shadow-of-bald-skinny-dipping-thin-man.html

domingo, 26 de maio de 2013

77 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - O TRAVESSEIRO ESTÁ SECO

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Luzes apagadas dentro.
Todas as janelas fechadas.
Lua quase cheia.
Luzes amarelas fora.
Fresta aberta da porta da sacada.
Frio agora em São Paulo e o silêncio faz do castelo inatingível o lugar mais tranquilo de toda a cidade, às 3h30, para ele.

Tranquilidade para que faça o que faz, sozinho.
Pelo imenso e bagunçado quarto, deitado sob os edredons, nu, ele chora baixinho no travesseiro, mas não sabe bem o porquê desta tristeza chegada, instalada e permanecida durante o domingo todo. Não, não é porque é domingo, mesmo porque ansioso está pela segunda-feira de muito trabalho fora e dentro do grande prédio localizado quase no centrão da urbe bandeirante. 
Amanhã, dará início a mais um novo projeto na editora com vistas a lançamento dos livros para o final do ano e início de 2014: ficção, não ficção e as biografias - filão que se tornou o segundo mais vendido pela Companhia Paulista de Leitura, onde labora incessantemente há anos. Então, por que chora desde que se deitara?

Nem mesmo a companhia de Felino e de Rex conseguiu alegrá-lo hoje; fato incomum, porque seus dois companheiros tornam seu dia mais alegre quase todo dia. Mas hoje e agora, pela noite, a coisa toda piorara. Se piorará amanhã, sem resposta.
Nariz escorrendo junto com as lágrimas que descem em transversal pelo rosto barbudo 3 dias. Percebe que o travesseiro sob a cabeça está úmido e, então, troca pelo que está no meio das pernas desnudando o ombro causando um calafrio pelo ar gelado de outono.

Ainda chora. De forma contida na escuridão, de porta aberta do quarto. Nem mesmo a luz do computador do quarto vizinho ele deixou acesa, aquela luz azulada mortiça que por vezes ajuda a embalar seu sono; hoje não porém...
O trabalho vai bem. Sua conta bancária vai bem. 
Preocupação com os amigos? Quais amigos?
Preocupação com a família? Qual parte da família? Mantinha contato virtual apenas com seus primos que moram no interior de São Paulo (visitara-os havia dois anos). E eles devem estar bem, segundo último email recebido na sexta passada.

E ainda chora sem parar.
"Nossa! Devo ter deitado há mais de uma hora e estou aqui feito um bebê chorão? Que não para de chorar? Que tristeza é esta que aperta, esmaga, meu peito querendo fazer meu coração sair pela boca? Será infarto? Tenho que parar de chorar! Parece aquele garotinho, naquela noite de 1977, quando vi o que vi... E fui dormir chorando. mas eu tinha 10 anos, hoje quase 50. Algo deve estar fora do lugar...".

Sem acender luz alguma e com cuidado para não acordar o conselheiro real e o príncipe herdeiro, levanta, vai até o armário e pega outro travesseiro, porque ele tem vários.
Pernas juntas, corpo tremendo de frio, mãos que abraçam-no e um cheiro confortável de roupa limpa, agradável ao toque de seu rosto
Passam-se mais uns minutos depois das 5h40 - última vez que verificara a hora - e ele finalmente dorme com os olhos de sensação de choro, cílios molhados. O travesseiro mantém-se seco.
O dia está quase chegando pondo luz no quarto escuro pelas frestas da veneziana.

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sábado, 25 de maio de 2013

VIAGEM CXX - ATENÇÃO PARA O SILÊNCIO

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Atenção, sempre.
Distração, às vezes.
Porque viver não permite que andemos como quem anda a passeio.
Seja de carro, a pé ou de avião, real ou virtual.
Apresse-se!

Os motivos são muitos para a atenção.
Viver é um deles.
Vigiar e tranquilizar-se no sono, se o sonho deixar assim.
Porque o mundo dos homens precisa e requer atenção, todo dia, até o dia da morte longe ou perto.

Quando conseguir (tente duramente) atente-se para as coisas e para as pessoas e
para aquilo que faz e que fazem com você.
Quando na companhia de quem quer mais estar com você, vice-versa, 
desanuvie um pouco, mas só um pouco: nos momentos de silêncio a 2.

Que se torna um silêncio cúmplice, largo, pacífico.
Constrangimentos não há.
Silêncio e atenção: poderá ouvir a respiração de quem mais ama e será tocado no peito,
para que sinta seus batimentos por horas...

Assim, tudo com muita atenção dentro do quarto silencioso.

http://www.lawrencewilson.com/

quinta-feira, 23 de maio de 2013

VIAGEM CXIX - O BARBUDO TÍMIDO

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Aconteceu um tempo na vida dele no qual a timidez falava tão alto, por todas as cordas vocais, derramava suor, por todos os poros (até mesmo aqueles mais escondidos) e o rubor nas bochechas o caracterizava. 

Ficava vermelho nas faces com um calor intenso em situações quaisquer que tivesse que se apresentar, ou que fosse colocado à prova; e no que pior transformara-se: quando saía à noite para divertir-se e encontrar pessoas. Dificuldades aumentavam na mesma proporção se algum dos amigos quisesse que conhecesse alguma mulher - sim, as dificuldades com o sexo oposto tornavam-se cada vez mais abissais de um fundo de breu frio. Amigos que passaram por sua vida foram poucos: contam-se nos dedos e sobravam dedos de uma única mão.

Sucedeu-se tal calor pelo corpo até seus 30 anos, mais ou menos. Hoje, com quase (quase mesmo!) 40, a timidez é uma característica que lhe define ainda, mas que ele não dá importância dada no passado: ele passa por cima. Desenvolto no trabalho que ele executa, apresentações hoje são dispensáveis, a não ser para cobrar os devidos aluguéis devidos a ele. 

Herança dos pais que deixaram três apartamentos e quatro sobrados, todos perto de uma universidade privada, na Vila Buarque. Não há intermediários - leia-se imobiliárias e corretores sem fim - porque ele mesmo redigia os contratos e tratava de monitorar o andamento dos pagamentos. 

Permitia apenas homens para estabelecer o tal vínculo comercial. Quanto às mulheres, quando tinha vontade, estabelecia outro tipo de vínculo "comercial"; gastava dinheiro comprando horas de algumas delas, às vezes duas ao mesmo tempo e vez por outra, até três; e raramente - foram duas ocasiões tão-somente - contratou dois homens e uma mulher a assistiu tudo de camarote no quarto de um hotel no Jardim Paulista. 

Porém, se enfadava com rapidez atroz de todas elas, não suportando chororôs em demasia, fato que ocorria quando não trocava os serviços oferecidos pelas meninas (elas disputavam entre si quem iria com ele)

Fora muito desengonçado por anos e anos, motivo de piadas e zombaria ("Gosto deste verbo, tão antigo", dizia) no ginásio e colegial. Na faculdade tomou corpo pelos exercícios acadêmicos como os gregos faziam conciliando estudos e práticas físicas. 
Tornou-se um magro com bom corpo - sem músculos narcisos - tampouco sem barriga devoradora e alcoólatra, quase loiro, pelos perto da demasia, cabelo curto máquina 1, barba cheia já há alguns anos. Uma cicatriz, na bochecha esquerda, onde os pelos da barba espessa engruvinhavam retorcidos dava a ele um aspecto meio italianado, que podia ser do sul da Velha Bota.

Portanto, sua timidez fora vencida, mas não esmagada. O suficiente para realizar o que vinha fazendo para tentar melhorar a cidade de São Paulo, única paixão desabrida. As outras fechadas, e eram muitas, guardava para si.
"Podia falar sobre elas, um dia, na frente da câmera. Deve ser bom, assim espanto para longe ouvindo de viva voz... ". Este pensamento recorrente tornara-se nestes tempos.

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domingo, 19 de maio de 2013

76 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - UM SONHO FRIO

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Quando fora dormir na madrugada de hoje, estava aquecido do banho quente e dos dois edredons que placidamente repousavam na cama; vestindo apenas camiseta branca e cueca, deitou-se. E fez frio em diante no seu sono e, pela manhã, a "coisa" toda parece que está se acentuando: sedento, levantou-se e tiritando de frio vai até a cozinha, e volta arrepiado para a cama que o aconchega. Cobre-se quase totalmente. Ainda sentindo o estômago cheio de água, adormece. Seus companheiros reais de 4 patas aninhados estão juntos deitados sob uma manta, ambos vestidos com camisetas apropriadas.

"Caminha por um começo de dia frio; frio que não se lembra de ter passado por um assim em toda a sua vida; primeiro o tal caminho o leva para fora de uma cidade que nunca estivera para chegar em um campo aberto com poucos arbustos resilientemente se contraponto ao imenso nada em sua visão: todos tortos, vergados, pelo vento que estala e assobia igualando-se a uma alcateia em grande comunicação entre os membros. 
Também se sente um tanto desgarrado, olhando para algo que não vê nenhum outro ser andante/vivente. O frio lhe faz os dedos da mão duros e doídos a qualquer toque, mesmo quando esfrega as palmas em busca de um calor perdido pelo caminho lá trás. Seus dois companheiros de "armas" e de expedição não estão agora aqui.

O ar gelado entra pelas narinas causando certo desconforto causado pela queimação, ainda mais que apressa o passo para chegar ao castelo - que desta vez não é avistado ainda em nenhum dos graus dos 360. Mais ofegante e mais queimação; expiração soltando "fumaça" em meio ao constante ar gelado. 
Ajeita o gorro que lhe cobre as orelhas e segue por uma pequena colina descampada e logo mais vê uma mata fechada, o que de uma certa maneira o tranquiliza porque4 das out5ras vezes que a avistara - e parecia ser a mesma - não demorava e o seu castelo invencível a invasões e cercos localizava-se depois de uns 20 minutos.
O problema agora é mesmo o freio. No fim do campo aberto, o vento aumentou cortando-lhe agora os lábios ressequidos, partidos.

'Por que meus dois comparsas-companheiros de expedições por aí e por lá não estão aqui? Sinto a falta deles, da proteção a mim dirigida e de poder comandá-los incisivamente com justiça: nem mais, nem menos... Não é assim que funciona?
Poderíamos caminhar juntos, abraçados para minorar este frio de 0°C, fazendo geada por esta manhã que ainda não faz sombra. Onde estão? Não entendo'.

A mata abraça seu corpo solitário com mais frio e umidade. Agora são seus pés vestidos com 2 meias grossas que reclamam do frio. No silêncio da caminhada, o que ele pode ouvir por entre as árvores de todos os tamanhos e de diferentes tonalidades de verde, é sua respiração mais veloz. 
A picada aberta está mais estreita e sinuosa. Tudo mais confuso e difícil e ainda nada de ele enxergar o castelo até onde seus olhos podem alcançar.
Porém, logo mais quando o frio mais apertava, aparece ao lado, seu soldado Licínio, o que cuida de animais, aproximando-se dele com rapidez. Vestindo uma grossa roupa traz outra na mão esquerda - a direita o saúda como sempre ao ficar cara a cara.

--- Aqui, vista esta e o frio vai ser somente para ser visto, não mais sentido. 
--- Pensei que não apareceria mais...
--- Não farei isto nunca. Vamos caminhar porque o seu castelo está a menos de 5 minutos daqui. E parece que vem chuva para fazer mais rigor ao tempo frio.
Caminham lado a lado, em silêncio, mas confortáveis pela presença mútua, pela companhia. Logo chegarão à construção mais firme e rija que se tem notícia na realidade onírica que agora se apresenta. Depois desta pequena ponte e do outro lado o castelo de pedras surge tranquilizando ambos".


No apartamento intransponível e inalcançável pelo mundo, o silêncio impera, com um ar quase tépido por todo ele. Quer dizer: ele ressona agora com o gorro na cabeça, o conselheiro-mor ronrona junto ao príncipe herdeiro que ronca sem rodeios. Lá fora, pela cidade de São Paulo, o outono rigoroso faz a seus habitantes se protegerem como podem.

http://www.nufoto.nl/fotos/317404/mist-in-ofwegen-.html

quarta-feira, 15 de maio de 2013

VIAGEM CXVIII - "NIMBUS", NIMBO

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Nefasto nome este que ele resolveu chamar de "meu"...
Nome, uma vez ele viu o que seria a inicial do nome em uma nuvem nimbus, por incrível mesmo que pareça. Naquela manhã de vento, de sol, de silêncio, o nome parecia inscrito no céu azul.

Depois, refeito daquele jeito, enumerou razões para parar com tudo aquilo: enxergar o nome daquele "meu" nas coisas mais diversas pelo mundo em seu dia a dia.
Vem então o breu, que danação sem tamanho: noite, lua nova, nuvens, nada é visto.

E ele ali, perdido no meio da escuridão depois do dia de sol e do nome na nuvem, indo para a direita, para a esquerda, em círculos, dois passos, volta... Três passos, volta. Mas teve um momento que ele foi e no meio do breu que se fazia, ele andou para sair dali.
Saiu e chegou mesmo cansado. Por que? 

Esfregou os olhos e o breu se desvanecia agora, naquele instante.
Virou-se e viu que o que ganhava dele, ele não poderia escolher: números de dinheiros variados.
Numerário vultoso e o nome ele quase esquecera. Porém estavam associados e a separação tornar-se-ia vã e inglória, tudo pela ganância do "meu" e amor dele.

Ele prostrou-se e chorou sem parar durante horas.
Depois, cansado e de vermelhos olhos, levantou-se e foi. Agora já era dia de novo e a nuvem nimbo quedou-se passageira e fugaz.

http://www.flickr.com/photos/john-brink-photographer/6977348100/

quinta-feira, 9 de maio de 2013

08 - CARTA DO SUICIDA: "É O FRIO QUE BATE À PORTA?"

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"Quem é você? O frio? Está batendo aqui no outono? Assim, com a cara de pau gelada que tem? Vai se ferrar!
(Ah não! O pior é que você entra em qualquer lugar)
Vai se catar, frio dos infernos! Bem, pensando melhor, dos infernos é que não pode ser. Deve ser mesmo das profundezas geladas dos confins de algum planeta gélido por aí.
Frio. Inverno. Maio. Junho. Julho. Agosto... E setembro, pode ser.
Meses de temperaturas geladas, de ventos que cortam e de tristeza geral.
Tudo monocromático.
Fica tudo tão triste que a melancolia parece se instalar.

Muita fome, gordura, tudo pesando no prato.
Comida gelada após 5 minutos no prato.
Dormir todo encorujado, enrodilhado feito cobra.
Sentar o traseiro na privada? Não tem preço o gelo que é.
Lavar o rosto pela manhã, água que acorda você na hora.
Muita roupa. Sair com muitos agasalhos e aí chega-se e entra em algum lugar fechado: o efeito cebola. Você se descasca feito uma. 
Janelas e portas fechadas, tudo sem corrente de ar, tudo para se pegar um resfriado/gripe.
Secura do ar, o que é 'ótimo' para a garganta, brônquios, alvéolos e o resto.

As pessoas em casa sem muito se relacionarem, afinal há tanta roupa entre a mão e a pela da outra que fica muito chato qualquer tentativa de causar sensação. E depois de foder? Nem dá para ficar largadão, abraçado, tranquilo porque logo tem que se cobrir, pôr roupa e assim quebrar todo o clima. Bunda de fora das cobertas sem cueca esfria. 
Grãos que encolhem, escondendo o que melhor temos nós homens anatomicamente falando, sem mencionar o pau. Eu gosto muito do meu par. Embora menos susceptível ao frio, este também pode tentar se esconder um pouco.
Frio: você é um desperdício de alegria.
Inverno: você é um chato de galochas. E de meias grossas, de gorro, de luvas e de cachecol".

http://www.mydestination.com/saopaulo

sábado, 4 de maio de 2013

75 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - INGRATIDÃO NÃO TEM VEZ

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No fim de tarde, ele abre todas janelas do apartamento invencível e inalcançável por qualquer um, a grande porta corrediça que dá para a sacada, põe um espreguiçadeira lá e senta-se com um conforto inigualável; o conselheiro-mor, felinamente caminhando em silêncio com o leve balanço da longa cauda laranja e marrom, avança até ele e aninha-se em colo, ja ronronando. Rex, ao contrário, ainda prefere brincar de correr atrás da bola de brinquedo mesmo depois da longa caminhada pelas descidas e subidas do bairro.

Telefone tocando algumas vezes já, mas sem menção alguma de atendê-lo: vira na hora do almoço que era Maximiano. Desde o domingo que quase almoçaram juntos, decidira que afastar-se dele tornar-se-ia obrigatório, porque se relacionar amigavelmente com alguém tão carregado de ranço brucutu não consta em seus planos de vida.
Planos de vida com os outros seres aqui de São Paulo, quer dizer, se se apresentarem com o viés troglodita.

Só mesmo em seu trabalho. E mesmo assim sem participar de amigo-secreto, tampouco concordar em se reunir para beber toda sexta "porque é sexta", como dizia seu agora secretário. Soube que ele tem a fama de muito legal no trabalho, ao mesmo que adquiriu a imagem de "esquisitão" da editora por não ir aos eventos sociais da mesma, tampouco frequentar aniversários (incluídos não ir aos de sua equipe direta) e tudo que se relacionasse a isto.

Divagando com o cigarro nas mãos e um copo de uísque americano pouco tocado e já muito suado, ele ainda percebe com se surpreende com as pessoas mais próximas, mesmo que esta tal proximidade seja manter uma distância razoável (conceitos de antítese?). Nunca imaginara que o metálico amigo, adquirido ao longo dos últimos quatro anos quando o conhecera na padaria de renome, pudesse ter tamanho amargor preconceituoso com tão pouca idade. E ele o tem. E havia expressado sem mais e sem menos toda sua fúria machista e homofóbica àquele dia. Porém, para ele - nosso personagem - o que mais lhe causara espécie fora o fato de, a estes fatores, ele agregar a ingratidão.

Rex se aproxima e com meio palmo de língua para fora, cansado que só vendo, deita-se no chão ao lado dele e o cutuca na mão com a cabeça parecendo dizer "Ei, estou aqui! Faz cafuné na minha cabeça para eu dormir?". Distraí-se de tudo o que pensava e faz a vontade do príncipe herdeiro.
Pelo fim de tarde, uma leve brisa amena de outono, ainda que um tanto seca, lhe traz uma sensação de alívio que faz lembrar que ser ingrato é o último de seus defeitos.

Eles, no trabalho, me têm como um esquisitão eremita, um Urtigão urbano moderno. Que bom que seja assim, pois aprendi muito neste mais de 40 anos, quase 50 de vida. E de uma coisa eu sei e eles também sabem: ingratidão profissional - que é a única que eles poderiam conhecer de mim - eu não possuo. E transgredindo para a vida social... Se bem que de sociabilidade eu pouco gosto e pouco sei exercer hoje em dia, nunca pequei por ser ingrato e fiz muito esforço para me redimir quando assim fui alguma vez. Hoje, minha luta em não ser ingrato é grande e diária. Defeito bem distante de mim.

Antes de entrar no mundo do sono, o telefone celular toca mais duas vezes: por certo é o ingrato querendo falar alguma coisa, explicar sabe-se lá o quê. A terceira tocou e ele nem ouviu da sacada. Sem vez para os ingratos.

http://www.zazzle.com/ingrate_tees-235127811295670058

quarta-feira, 1 de maio de 2013

VIAGEM CXVII - FAIXA DE PEDESTRE DERRETIDA

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Dirigindo na cidade que parece não ter fim àquele feriado de trabalhador maneta, perneta e outros "etas", as avenidas e ruas quedavam-se mais tranquilas sem o costumeiro trânsito carregado de milhões de veículos poluentes que contribuem para o ar ficar apenas regular em algumas regiões da urbe paulistana. Acordara cedo, vezo comum em dias como este, e alimentara-se até agora apenas de uma grande barra de chocolate ao leite com avelãs picadas dentro: um de seus preferidos. O semi-novo sedã de velho, para variar, recendia a cacau e açúcar. 

"Melhor que o cheiro de muito humano por aí. Os perfumados em demasia são então os piores!".

Sinais de trânsito demorados mas não irritantes: tudo porque é feriado. Motoqueiros irritantes e folgados acelerando prestes a ultrapassarem a faixa de segurança estavam ele não sabia onde. Lembrou de ontem à noite quando parou na faixa de pedestres meio derratida pelo calor do asfalto parecendo um quadro de Dali ao ver um casal de avançada idade tentando atravessar.

"Melhor assim também. Para eles, claro! Porque para mim, é um grupo eleito quase toda semana para eu realizar meu trabalho. Eles praticamente pedem que eu o faça. No cruzamento da avenida Lins de Vasconcelos com a praça Santa Margarida Maria eu vi isto acontecer; mês passado. Naõ tive dúvida, anotei a placa e o telefone do imbecil infeliz uniformizado de entregas a domicílio e, com calma, voltei para casa, entrei na página de busca do órgão que emplaca estas porras de veículos e descobri tudo. O filho da puta mora até que perto de mim. Só fiquei com 'dó' por que ele devia para o banco. Mas melhor agora, porque o banco nunca mais vai receber; que se foda o banco. 

Catei-o saindo do 'trampo', lá pelas 19h. Segui, forcei uma briga, desci do carro, entrei de novo e ele me seguindo. Direcionei-nos a um lugar meio ermo, com construção de reparos em uma via. Pronto. Joguei tudo lá embaixo: ele e a moto, não sem antes acertar um direto na boca. Quebrei os dentes da frente. Tonto, ele ainda perguntava "porque?" e eu, sem responder nada, peguei o cone de sinalização e enfiei goela abaixo, e tirava: fiz 3 vezes o 'experimento'. Para completar, pulei no peito dele com força; ele arfava. Aí eu disse: "Por que seu motoqueiro do inferno? Aprende a respeitar a faixa de pedestres! Que pena! Você não vai aprender mais nada.'. Peguei o capacete e bati forte no genital. Por fim, dei-lhe uma na cabeça. Morreu. Foi aí que joguei na vala".

Voltou para casa perto da hora do almoço e antes de almoçar a feiojoada congelada posta no micro-ondas, desceu à garagem, arrumou-a toda e prestou seu depoimento em frente à camera já posicionada. Não o fizera ontem, então, para que se lembrasse de tudo com detalhes inolvidáveis, esclareceu mais um trabalho bem realizado.
"Todos são bem realizados. Este foi apenas mais um", foi sua última frase antes de comer um prato de peão.

http://sfappeal.com/2012/02/woman-critically-injured-in-mission-street-hit-and-run/