quinta-feira, 30 de maio de 2013

78 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - INSISTÊNCIA EM FALAR

Reprodução [sítio abaixo]
Pela manhã de segunda-feira, acordara, depois de longa noite de choro baixinho e de tempo frio, melhor - mesmo tendo dormido apenas poucas horas. A semana prometia e assim foi: as promessas se concretizaram e tudo deu certo. Passaram-se os dias... Veio o feriado de quinta.

O frio recrudesce nesta semana e a chuva só o faz apertar ainda mais. Novamente silêncio no apartamento insondável e imperscrutável da grande urbe. Felino dorme junto com Rex sob o tapete e sob a manta sobre aquele. Quentinhos e enroscados.
Ele abre os olhos e imediatamente sente um desejo incontrolável por um bom e quente café, sem açúcar (costume que vinha adquirindo ao longo destes últimos dias). Em razão da urgência primitiva da mãe natureza, levanta-se quase nu e vai ao banheiro atender o tal chamado. Alívio. 

Roda pela casa toda procurando algo para fazer, mas que não envolvesse limpeza - preguiça absoluta de tais afazeres domésticos que por, vezes, se fazem necessários. No quarto 2, onde o computador instalado está assim como sues livros nas estantes que ocupam-no por completo, detém-se. Folheia alguns deles e deitado começa a ler sobre escavações paleontológicas. Absorção por completo apenas bebendo seu café até a boca na grande caneca desenhada com motivos urbanos de São Paulo. Sossego a não ser pelo frio nas costas: veste uma camiseta de dormir que nunca dorme com ela porque dorme nu, meio curta, calça de pijama canelada e meias. O café quente recém feito ajuda a espantar a tremedeira de maio.

Felino vem e se posta em frente a ele, em cima do livro olhando-o com ternura e fome, talvez. Mia baixinho sacudindo o rabo rajado de laranja e marrom decidido, ao que parece, a lograr êxito na empreitada de chamar a atenção do proprietário do castelo. E mia daquele jeito que derrete qualquer ser vivente, em paz ou em guerra.

--- Certo, certo... Vamos lá então, vamos comer atum em conserva? Que delícia hein?! Cadê o seu tormento em vida Felino? Ah, está aí hein! Rex, para de roer o pé da cadeira. Já! Mas que coisa viu! Tudo isto é porque ainda não saí com você?

Vai à área de serviço e o príncipe herdeiro havia feito suas necessidades básicas, as de número 1.
--- Ai ai ai! Rex! O meu Deus! Por que o senhor não para de roer? Tem o osso de brinquedo para você, mas você não quer, né? Seu 171! Está vendo Felino Laranja, olha só que que a gente tem que aguentar, suportar e morar junto? A gente salva de virar sabão, cria, pega amor e depois não pode jogar fora!

O cachorro sabedor que fala-se dele, incontinênti, vai até aos dois pulando e querendo brincar de zoeira; por ele rolariam os 3 no chão agora só de brincadeiras.
É o que acontece por minutos. Ele ri largamente pensando quanta diferença entre o dia de hoje e o dia doído de domingo passado.
Telefone tocando. Ele se levanta mas ambos parecem "pensar" que a brincadeira apenas mudou de posição porque o seguem cada um com sei jeito de chamar a atenção fazendo estripulias ao seu redor.

É Maximiano, o agora quase ex-amigo. Não atende porque "ainda não é tempo de querer falar com ele. Calma para mim, tudo a seu tempo". 
Mais uma vez toca. E ele no banheiro ouve o aparelho; durante, o telefone ainda toca mais 2 vezes. Saindo do banho, mais uma vez insistentemente. De novo quando se vestia tiritando de frio; e de novo ao final de tudo. Ao todo, foram 7 chamadas perdidas - número que dizem ser de mentiroso. 

"O que faz um pessoa ligar seguidas tentativas, uma atrás da outra? Se você não atendeu a primeira, tudo bem, tenta-se a segunda... Mas 7 vezes? Por que? Ele percebeu já àquele dia que fiquei surpreso de maneira negativa com a recusa dele em ser um cara mais compreensivo com o irmão e mais ainda, pela ingratidão demonstrada. De novo, pela 8ª vez. Quer saber?"

--- Alô!
--- Oi doutor! Achei que não ia...
--- Achou o que? Por que está me ligando tanto assim? Direto? 
--- Nossa... É que eu pensei...
--- Seguinte, Maximiano, eu estou ocupado agora com os bichos, se não até falaria com você. Vou desligar, certo? Boa tarde.
--- Boa tarde, mas eu queria...
--- Boa tarde. Até. Manda lembrança para o seu irmão.
Ao desligar o telefone, porque não quis ser nem grosso, tampouco mole, ele quase se arrepende de tê-lo feito. Mas, motivo não há. 

De novo, o telefone.
--- Oi. 
--- Posso falar com você dois minutos só?
--- Podemos nos falar. Você venceu pela insistência, ligou nove vezes. Mas claro que pode falar sim. O que manda?
Antes que Maximiano começasse, ele pensa que deverá ter mais e mais paciência tamanha foi a insistência.

http://www.bdlive.co.za/life/health/2012/10/29/medical-technology-listen-up-ringing-the-changes-for-those-annoying-hissing-noises

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