quarta-feira, 30 de setembro de 2015

VIAGEM CCLV - LONGE DAQUI, LONGE DE TUDO

Arquivo pessoal

em uma pequena cidade

a centenas de quilômetros daqui

ou daí, ou de lá.

porque é muito, muito longe

ele se angustia

se consome

e sonha

sonha grande, sonha milhões

em ser maior

em ter mais pessoas

agregar amizades, amores,

os lugares, agregar mais

sonha porque é feito de sonhos

aquele lugar a centenas de quilômetros

em estar na grande cidade

ver do alto dos prédios

andar por baixo do solo

ter a terra da mancha urbana

como novas descobertas

em ir apressadamente ao trabalho

em ter uma vida compensadamente

verdadeira, sendo o que ele é

gostando de quem ele gosta

vivendo, aprendendo

pelas conquistas, perdas,

alegrias e dores

mas aqui não se é permitido

aqui é sempre tranquilo

aqui é sempre a mesmice

aqui todos tem referências

na metrópole

ele será 'apenas' mais um

com a mente 'intranquila'

irriquieta, dinâmica

referente tão-somente a ele

na vida é o que importa de verdade

na sua vida da grande cidade dos milhões

sábado, 26 de setembro de 2015

VIAGEM CCLIV - SENSAÇÕES EM PLUTÃO

Curioso que é pela astronomia, pela sideralidade, não pôde, nem quis, que passasse em brancas nuvens recentes estudos e descobertas pela fotografia acerca de Plutão - o último. Escrevera boquiaberto com a tal New Horizont".
Superfície de Plutão [endereço abaixo]

"em Plutão, 
o planeta rebaixado
você olhando longe
vendo
no horizonte descortinar-se
o Sol

longe e a leve
luz solar
(uma nesga de células
luminescentes?) 
no frio de 
menos 240° C

como será sobreviver lá?
um dia, um ser humano
(ou um outro ser?)
estará lá
(em viagem de meses)
verá os vales
crateras

pelos cursos avistados,
parecem-se com rios sinuosos
pelas montanhas envoltas em nitrogênio
líquido
tanto frio,
pelos oceanos

inimaginável para os 
homo sapiens
Plutão será mais 
dos que as façanhas humanas
no globo terrestre
nem o Cabo das Tormentas
que tornou-se da Boa Esperança

nem as façanhas 
ao redor do satélite 
terrestre
pelo seu escuro lado
pelos mares lunares, 
nada se irá comparar

olhando de um ponto 
voltado ao Rei
um único ser humano
que lá estiver
vindo com sua parafernália
estará no extremo do Sistema Solar

qual será a sensação? 

de gélida infinitude? 
de sua fugaz finitude?
de solidão?
de uma distância vencida?
de abandono?
um panorama de medo?
Responda-me!

qual será a sensação? 

de liberdade?
de conquista universal?
de placidez?
de paz interior?
de prazer solitário
um panorama de coragem?"
Responda-me!
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/novas-imagens-mostram-escamas-de-dragao-na-superficie-de-plutao.html

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

VIAGEM CCLIII - MÚSICA PARA OUVIR DEPOIS

Arquivo pessoal
tudo o que ele quer é

poder ter

depois de tudo que 

se lanharam, vezes à vera

carinhos mil, vezes à vera

deitar

esparramar-se

pela cama

em uma  quente noite 

(de poucas horas)

de verão

ouvir baixo

baixinho

música lounge

misturada às respirações

que ofegantes deverão estar

acalmar-se-ão devagarzinho

apenas pés encostados

porque o calor

o suor, os pelos

mas os pés...

tudo o que ele quer 

é dormir depois de tudo

ali, ao lado,

do amor que é 

o dia quando amanhece

a noite quando chega

e a tarde quando pensa

tudo o que ele quer é

ouvir a música

ir adormecendo

de leve,

de levíssimo

o cansaço a favor do sono 

tranquilos

pacificados e

dormirem

depois disto tudo...

ainda terão

o que virá, 

tudo aquilo que viverão

(a música tocando baixinho... vai sumindo...)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

VIAGEM CCLII - LIVROS E MÁGOAS

Arquivo pessoal
Mais um daqueles enviados por e-mail não cadastrado; e ele leu com atenção e escreveu algumas linhas sobre...

"não me conte mágoas do passado

remorsos, arrependimentos

do seu amor passado

estou aqui

presente, sente, 

sente minha mão na sua

minha boca querendo colar na sua

toque, toque aqui

quando, quanto quiser

quimeras tão queridas e

desejadas

pelos meandros de sua cabeça

eu tentei entrar, com suavidade

tantos, tantos

que me perdi tentando entender

não me conte sobre o passado

agora não

quero o presente

e o futuro

livros abertos

páginas lidas, discutidas

compreendidas

sim, quero as verdades

versões verídicas

da história que leremos juntos"

terça-feira, 22 de setembro de 2015

36] CENÁRIO SP - UM TSUNAMI IDÍLICO

Arquivo pessoal
"ele dormia a sono solto, pesado, com roncos eventuais

em uma noite de calor extremo da primavera paulistana

dormia não sem antes chorar, chorar

e chorar de saudade por tudo em sua vida

pelo amor e as brigas

pelo trabalho e as dificuldades

pela vidas dos que não estão mais aqui

dorme com a janela aberta

32°  andar do sinuosos S de COPAN

no centro da urbe alfa

sonha... e pelo sonho ele se estremece e

se aterroriza

um tsunami a caminho de São Paulo vinha
havia já submergido a Baixada Santista

e vinha

estrondos

ensurdecedores


ele abre a janela e vê a onda vindo

dezenas de metros

pela Consolação descendo

transbordando

feito água da sua banheira cheia

batendo na borda depois de movimentos dos 2

a água vinha afogando a cidade

parecendo tranquila a invadir o que já foi de pertença

ele, em desespero, começa a catar o que pode

e levar para o heliponto:

o cão assustado e o gato que não para de miar

o celular agora no bolso do agora vestido

personagem que antes sonhava sem se lembrar

a água chega à beirada de sua janela

ele pode respirar o sal que vem dela

junta tudo pelos braços

e sobe
procurando algo em cima, um respiradouro

sobe
seus pés se cansam

sobe
açoitado por respingos de água

sobe o que parece não ter fim

sempre faltando mais e mais degraus

a água chegando

molhando seu pés

canelas, coxas

ele se arrastando para andar

perdera o cachorro  tudo

o que catara

ele... acorda

imóvel tem a paralisia do sono

quando se recompõe vai à janela

e a cidade está ali:edificada, terrestre

com um outro a vagar pela madrugada.

"tudo foi um sonho de tsunami, 

de um idílio,  ainda bem...".

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

VIAGEM CCLI - O RONCO DO FAUNO

range os dentes feito bruxo

estrala os dedos feito contorcionista

grunhe feito um urso

e canta

encanta

e decanta que junto está

em cima

agarra os cabelos

delicia-se com a delícia de quem está se deliciando

lambe

molha

cospe

devagar e logo
em seguida

enterra

vai
vem

vai
vem

quase nada
quase tudo

tudo

expõe o gozo

baba

beija

mordisca
beija de novo

juram juras no ouvido

acaricia

abraça

depois roncam feito um tratores

dever cumprido

prazer cumprido mútuo

http://boyboxrebellion.blogspot.com.br/2013_12_01_archive.html

domingo, 13 de setembro de 2015

VIAGEM CCL - PELOS PARALELEPÍPEDOS MOLHADOS

Reprodução [endereço abaixo]
vem pela calçada de cimento, apressado,
depois pela calçada do mapa, corrido,
ganha a rua de paralelepípedos e atravessa para seguir em frente
ao longo caminho de vida, que nesta altura

mais velho do que moço, não sabe se terá a mesma disposição
para viver como aos 30, tampouco para morrer aos 70...
os paralelepípedos úmidos pela garoa fina de São Paulo
(ele ama São Paulo)

fizeram-no escorregar, estabacou-se no chão
e estacou caído de lado pensando por um instante (de vida?)
a escorrer água misturando-se ao suor e
ao bafo que exalava do seu corpo

ralando cotovelo e esgarçando a calça jeans nova
que julga vestir e modelar seu corpo como aquela velha
(as preferidas são as gastas)
levantou-se recompondo-se com maestria de quem quer chegar rápido,

molhado já até dentro das protuberâncias e reentrâncias
ele segue, apesar da dor e da quentura no joelho,
na mão e agora sofre um pouco pela tela do celular trincada
(acabara de pagar o tal iphone 6s)

segue, segue e
segue em frente
suportando descaminhos, 
caminhos erráticos...

segue em frente
não porque atrás vem gente
"atrás de mim não vem ninguém, eu mal sei para onde estou indo
e atrás eu não quero",

repetia feito mantra,
para guarnecer seu verdadeiro gosto
lembra-se do guarda-chuva de 10 contos
esquecido em cima da escrivaninha

"acho que ia me molhar do mesmo jeito,
ele está furado e faltando duas das arestas".
faltando 500 metros percorridos sob garoa,
já com frio e um tremor aparente
ele avista o prédio de pastilhas presas juntinhas,
e alivia-se que todo o frio
todo o cansaço
toda a dor

serão deixados para fora
assim que abrirem a porta
e ele adentrar já vasculhando,
fungando e beijando...

a calça arriada ao chão, de pés descalços, e vem a pergunta:
"você caiu agora?
aposto que foi na rua de paralelepípedos, 
e está todo ralado no joelho",

no que ele responde:
"acabei de cair, logo no início da caminhada,
mas nem por isto deixei de vir".
um trato de cuidado mútuo fora estabelecido

pelas ruas
pelas calçadas
pelas mãos entrelaçadas
pelo sono junto

pelos sonhos
pelas cruezas - que são tantas
por um vida a dois,
pelos beijos correndo os corpos

http://fabricasdelpoblenou.blogspot.com.br/2010_02_01_archive.html

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

VIAGEM CCXLIX - PRECIPITAÇÃO DO TEMPO AQUI DENTRO

Arquivo pessoal
as precipitações devem acontecer com maior intensidade
onde? dentro aqui do meu peito? 

no período vespertino por toda a cidade
aquela precipitação em terminar, em não ter empatia, em escapar feito ladrão?

se concentrando com mais intensidade na zona sul e centro
no centro do meu corpo, na minha cabeça e no meio das pernas, na frente

com possibilidade de
qual é a possibilidade? de me dar as costas e fugir?

tempestades de granizo por alguns minutos
claro, sempre foi de fugir por alguns argumentos 

o que pode ocasionar transtornos
transtornado? até que estou calmo diante desta fugidia escapada

aos moradores da região, inclusive com queda de árvores
que a nossa, um dia, já foi ramificada, frondosa e de muita sombra

para os próximos dias o tempo não deve mudar
mudanças por que eu quero, não; teria que ser porque você quer (e não quis)

e a chuva deve ser ainda mais intensa
que intensidade é o seu amor?

então, prepare-se para uma onda de frio
estou calejado pelo frio que percorre a espinha, pelos sustos

e muna-se de guarda-chuva quando sair às ruas
este artefato não vai impedir de, agora, eu lavar minha alma para bem longe

porque nada deve mudar por um tempo
sei que nada mudará; vou para onde me molhe pela água do azul, não pelas lágrimas que escorrem

voltamos em breve com mais notícias sobre o tempo
eu não volto para este tempo; abraço o tempo que virá aqui dentro