quinta-feira, 30 de junho de 2011

O QUE REQUER O SER HUMANO

PACIÊNCIA E TOLERÂNCIA
Paciência - sempre em primeiro lugar.
Tolerância.
Compaixão.
Respeito.
Incentivo.
Amor. 
Aceitação.
E mais, muito mais, e sempre, de eternidade à eternidade, paciência.
Não é fácil conviver com outros convivas de nosso habitat quase redondo chamado Terra, tal judiado pelos quase 7 bilhões de homo homo sapiens.
Porque há sempre muita canalhice, distorção de valores e as usuais sacanagens uns contra os outros.
Às vezes, é difícil ser manso de coração - que tem relação direta com a paciência; então eu sempre estou tentando ser mais flexível.
Paciência, quanta, nós, os humanos demandamos!

ADEQUAÇÃO DOS HOMENS

PIEDADE PARA QUEM?
Tudo o que não temos nesta vida, nem o possível, nem o desejado, nós deveríamos ter? 
Será que não ficamos desejando sempre aquilo que nunca teremos, ou ainda - e mais grave -, será que não ficamos desejando ser algo que nós não somos? Sei lá por quais razões... Talvez para nos sentirmos adequados a um estrato social no anseio de ser aceito pelo grupo? Para agradar alguém em especial? 
A música do Cazuza "Blues da Piedade" escreve à risca de pincel como estas pessoas 'que já nascem com a cara de abortadas' são miseráveis de espírito 'sempre desejando aquilo que não têm'
E porque tudo isto? Porque determinadas pessoas agem assim? Não é somente adequação mas deve-se acrescer a estética do belo, da juventude, da estética e a riqueza material. Ser jovem, rico, belo, branco e heterossexual... Tudo isto faz uma grande diferença, sem lamúrias: verdade nua e crudelíssima.
Vendo por este lado, percebo que para eu (ou você) ser feliz há quer se galgar posições neste sistema que não é justo; nem injusto, apenas 'adequado' aos 'mais' adequados.
Minorias, quaisquer que forem, esforçam-se para serem melhores aceitas: para alguns a vida é menos difícil, para outros é mais. A maioria, quaisquer que forem, sempre levam vantagem, é inequívoco!
E se eu me lixasse para a tal adequação?

terça-feira, 28 de junho de 2011

INVERNO EM SÃO PAULO

Acordou eram quase 16h. Dormira desde quando chegou do trabalho logo pela manhã ainda com o sol não esquentando nada. Estava gélido, frio como mármore exposto. Seus pés doíam, orelhas que pareciam quebradas, nariz vermelho, e os grãos quase subidos. Os pesados edredons fizeram-lhe companhia e o cansaço era tanto que nem houve tempo para o 5x1.
O trabalho à noite tornara-se mais tranquilo para ele; verdade que ele se esquecera de junho, julho e agosto: o inverno em São Paulo. Havia optado pelo 3º turno naquela semana que começara marcando 5°C. 
Refazer toda sua vida, depois de 40 anos, pareceu-lhe hercúleo demais. Ademais, este não era o personagem mitológico que mais lhe aprazia. Zeus, claro, o maioral, o fodão, o que manda e desmanda e manda de novo. 
Mas hercúleo ou não, morando no Olimpo ou não, esta foi a chance depois de anos de poder reconstruir aquilo tudo que perdera logo ali atrás, em 2008. 
Fechou todas as janelas, tomou o último gole de café comprado no bar da esquina cheio de gente tomando cerveja, fazendo função e um banheiro com fila naquelas horas. Sentia o gosto amrgo do café o que trouxe um conforto que pôde então relaxar. Vestiu as meias e o gorro somente. Aninhou-se e começou a enumerar cidades com o alfabeto, às vezes enumerava marca de carros, cores... 
Adormeceu com as orelhas e os pés quentes. As costas e o restante do corpo agradeceram. Antes, ali, na beira do abismo do sono, quase sorriu porque amanhã veria $ logo cedo.
Despertou à tarde ainda meio besta do horário alternativo que 'sobrou' para trabalhar.

sábado, 25 de junho de 2011

01 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS

(aqui é uma outra história, de um outro personagem)
Sob um instigante ataque de ira, ao vê-lo, tudo se acalmou diante de seus olhos.
Vermelhos de raiva.
E quem ele terá visto?
O espelho, sua imagem nele naquele dia ficava cada vez mais distorcida.
Nada mudou: boca, dentes amarelados, os olhos castanhos-escuros de cílios longos, barba rala, queixo com furinho... As mesmas entradas no cabelo, o nariz grego, orelhas até pequenas e o mesmo rosto largo e proeminente.
Tudo isto está exatamente como deveria estar.
O que havia cambiado foi o olhar que teve sobre si ao estacar diante do espelho.
Onde estava ele de verdade? Onde?
Depois de tudo aquilo que aconteceu, ele sentia-se em um oceano de águas escuras, turvas, de vagalhões de metros e de águas passadas; parecia que ele não era mais ele, apesar de nada ter feito de botox, plástica, lifting e o cacete a 4.
No oceano sem bússola, sem um céu estrelado e sem ele; ou que ele fora até... Até... Ontem.
Mas hoje, ele não queria bússola alguma e o desejo de perder-se ainda mais só se fez aumentar. No oceano que um dia foi de águas tranquilas, claras.
Fugiu do espelho procurando algo para fazer. Não rolou o tal afazer doméstico. 
Passava da sala para a cozinha, voltava, ia até aos quartos, rodando, andando sem parar.
O copo de café pela metade.
O espelho o perseguia porque onde quer que fosse parecia a ele que o objeto permanecia perto, não deixando que ele se esquecesse de esquecer o que já foi um dia.
"Será minha consciência?".
Foi quando deitou no chão, ao lado da porta da sacada sentindo o vento frio de outono pelo seu corpo. Esticou os olhos em busca do relógio: 7h10.
Relaxou. O copo caiu e espalhou o restante de café. Os pêlos das pernas eriçaram. Dormiu sob um céu nublado com o vento mexendo a persiana da sacada.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

049 - INDO À ARENA

Os outros não falaram nada, apenas o aparentemente chefe da matilha, o homem alfa: com sobrepeso, na casa dos 50 e tantos, altura mediana, uma barba rala por fazer de 3 dias, botas carrapeta e um óculos de fundo de garrafa; seu cabelo nem para um lado, nem para outro, nem repartido... Desalinho geral como sua camisa amarfanhada de um xadrez claro e manchada de marrom. Uma pulseira de ouro de dois dedos de espessura no braço quase liso e aquele ar de dono absoluto da situação. Simão comentou depois que o cabelo devia ser pintado naquele tom acaju.
O que chamou a atenção de Duílio foi a cicatriz que começava na orelha direita e ia até a junção dos lábios. Uma enorme cicatriz e foi então que ele percebeu que o tal quando falava sempre puxava a boca para a direita.
"Claro, deve ter tomado um talho na fuça e ficou esta baita cicatriz". Teve que se 'acostumar' a não ficar com o olhar fitado naquilo.
Mal baixara a poeira da da estrada seca' e todos se meteram dentro dos carros. Simão seguiu colado a ainda andaram mais uns 10 minutos na estrada de terra com cercas de ambos lados; estreita e mal passariam duas carroças puxadas a cavalo.
Porém, antes de saírem foram dadas algumas regras que deveriam ser respeitadas de uma forma: sempre.
"--- Estou pronto. Espero que os noivatos aí também estejam. Simão, como é a primeira vez de vocês chegando à minha fazenda eu vou pedir para trocarem de roupas para pôr algo... Assim... Mais de acordo com o espetáculo. Outra coisa que é importante se refere, meus amigos, ao não uso de drogas durante o show. Dura quase 90 minutos. Vocês verão que o tempo passa rápido e que ficarão querendo mais. E claro, sem esquecer que o que se vê aqui, se deixa aqui. Passando da minha porteira para fora é proibido demais da conta. Proibido em definitivo e saberão o porquê. Alguma pergunta... Simão?
--- Coronel...
--- Aposentado, mas coronel.
--- Não trouxemos mudas de roupa nem nada. Tenho shorts no carro. Serve?
--- Lá tem um 'uniforme' limpo, dois, para que usem. Vamos? Estão nos esperando lá".
O sotaque dele, nem Duílio nem Simão identificaram; o chefe com a pulseira de bicheiro tinha um S meio acariocado, com o R afirmando o contrário. Falaram que ele podia ser de Santos; ou do sul de Minas. De uma coisa acordaram: intuíram que ele não era paulistano, ou pelo menos, não da gema. 
Dentro do carro reinou o silêncio. Duílio fumava o restante do baseado e Simão 'mais tranquilo' um cigarro atrás do outro. Ambos comentaram do cheiro que advinha do corpo daqueles três homens. Não chegaram a uma conclusão: couro, suor de gente, ração, tabaco... parecia tudo isto junto.
"--- Chegamos Duílio. Nossa, parece um teatro de arena!
--- Que com certeza não tem nada a ver com 'Prometeu Acorrentado', nem com a 'Odisseia'".

domingo, 19 de junho de 2011

048 - O INÍCIO

Falaram por 5 minutos com Simão praticamente respondendo "sim", "eu entendi", "claro, eu e meu amigo só"; quando ele para o carro na estrada de terra batida seca (havia tempo que não chovia) avermelhada. A lua estava minguando pela metade o que inspirou Duílio a descer do carro com o baseado já (re)aceso. Um longo trago e olhou a sua volta. Podia sentir o cheiro de mato trazido pela brisa que soprava do sul. Ergueu os olhos e viu a Via Láctea como um leite derramando em um chão escuro. 
A conversa parecia que não ia terminar rápido.
"Andamos quase a metade já e agora paramos aqui no meio do nada. Pode ser que funcione algum desmanche aqui e aí se os caras chegam a gente se ferra bem bonito. Vamos Duílio, vamos! Agora que quer chegar logo sou eu.
--- Sobrou um pouco aí para mim? Assustou?
--- Não, eu estava de costas viajando, nem percebi que você tinha acabado. Quem era? Ele?
--- Acertou. Opa, quase queimei a mão. Vamos esperar aqui agora.
--- Aqui? Onde é aqui? Não estou vendo ponto de referência algum por aqui. Tem certeza que aqui é o lugar? Espera! E porque nós temos que ficar parados? Esperando quem? O combinado era que chegaríamos lá de uma vez. Até me mostrou o mapa.
--- É aqui mesmo. eu contei os quilômetros desde que saímos do asfalto. E, como você pode ver está marcando 7 quilômetros após uma curva à esquerda com o mata-burro. É aqui.
--- Quanto tempo vamos...
--- Está chegando. Vê o farol lá em cima, descendo a colina? É ele.
--- Mas porque não podemos ir direto?
--- Porque não podemos. Faz parte da entronização ao esquema que vamos participar.
--- Participar? Como assim? Não entendi. Você disse assistir, olhar, observar.
--- É? Mais ou menos isso".
Alguns minutos de esperarem mudos apenas iluminados sob a luz da lua a grande picape importada chega ronronando como um bichano. Duas portas se abrem e três homens descem.
--- Estão prontos? Eu estou. 
Duílio pôde sentir o cheiro que vinha do homem de chapéu, bota de couro esgarçado e manchado. Um cheiro que ele não conseguiu detectar do que provinha. Sabia que o homem cheirava a isto.
"Uma mistura de química com couro podre...".

TENTATIVA, SEM RIMAS II

Vários clãs, um deles dominava aos outros: os brancos homens ricos heterossexuais (eles ainda incluem a beleza na baciada de poder).
permitia pequenas poções de liberdade.
quando o vento ventava assobiando
o clã da minoria se trancava herméticos até o dia em
que veio o Grande Vento e derrubou tudo o que havia sido contruído;
à edificação sobraram choro sem vela alguma e os que nele
habitavam chegaram atrasados. 
O Clã da maioria vendo tudo aquilo se teve compaixão e ofereceu seu território.
Que abnegação do começo ao fim...
Havia uma condição ao contrato que forçosamente deveria ser assinado
com mãos de minoria,. porém firmes. Nenhum broncodilatador faria tremê-la.
O contrato nada social continha uma cláusula apenas:
Portar-se-ão como a maioria, seja qual ela for e mesmo que seus princípios mudem, sua forma de agir seja alterada.nôa houve aceitação. De início; reticente a minoria teve que assinar o documento
E viveram (nada) felizes para sempre.
A minoria, evidente, então àquele momento vivia sob certa proteção e com uma chuva como a de março fechando e mostrando os deveres.
Os direitos eram chuva rala.
Agora, neste século XXI, o contrato pode ser rasgado nas fuças da maioria. Violentamente rasgado e jogado ao chão porque hoje o Clã da Maioria se espanta cpom tanta provocação.
Reação vigorosa, violenta, coisa de covarde.
Resolveu a minoria que depois das 'pedras na parede' a voz emitida seria dissonante sim;
o que querem é este "desafino" de várias notas. Todo mundo no mundo é dissonante um do outro. 
Respeito, razão máxima da minoria.

sábado, 18 de junho de 2011

FALAMOS PORTUGUÊS - "PEQUENAS POÇÕES DE ILUSÃO"

"Pequenas poções de ilusão".
Esta é boa, ainda mais se virmos o contexto da música (porque para ver a música tem que se ouvir). Sem falar na sonoridade que a língua portuguesa - última flor do Lácio - possui de um jeito que caminha aos ouvidos com uma sincronicidade que permite exata compreensão sobre o que o autor criou.
Claro, às outras línguas podem-se entoar loas. Mas o português é mesmo uma língua que maravilha quem ouve; e para mim, que sou um dos 191 milhões de falantes nesta América Latina  dominada pelo outro idioma ibérico, isto é uma verdade. Eu gosto de ter sido alfabetizado em português, gosto de me expressar em português gosto da sonoridade do português, gosto da gramática do português. E da literatura, com certeza singular.
Portugal teve mesmo uma importância histórica que extrapola as terras de fato conquistadas, as colônias. Comparados em extensão territorial os impérios coloniais iniciados por Portugal no século XV até o fim em meados do século XX, os lusos perderam para quase todos os outros; para os importantes, seja dito. Verdade que os lusos saíram na frente da "cambada toda" (rsrsrs). À Inglaterra coube a parte maior no butim de carniceiros. Para ter uma ideia, o Canadá, os Estados Unidos, a Austrália, a Índia, África do Sul, o Sudão e muitos pedaços do planeta pertenceram aos ingleses.
Depois, a Espanha e a França. Aí vem Portugal. E depois, Holanda e tardiamente Itália e Alemanha. A Rússia não coloquei na conta porque eles se expandiram - fabulosamente - em direção ao leste somente por terra.
Voltando, nossa língua deve ser falada hoje por mais ou menos uns 250 milhões de pessoas, na frente do alemão, do russo, do japonês, do italiano; quanto ao francês eu creio que também - há controvérsias neste caso, confesso.
Então, este falar aliado à sonoridade e ao escrever produz obras de literatura, produz música que me encantam todo dia.
E aos que acham que um dia o Brasil vai falar espanhol porque este é o caminho natural: mentira!
"Temos que aprender espanhol porque vai ser nossa língua no futuro".
Ouvi alguns argumentos, poucos a favor. Ainda bem.
Mentira. Aprender espanhol é bacana e importante para nós. Fazemos fronteira com países que falam espanhol, leia-se que: toda a América do Sul (exceções a Guiana e o Suriname), América Central e, para arrematar, o México que com mais de 105 milhões de falantes também tem o 2º PIB da AL. E hoje, a importância do espanhol cresce no mundo todo inclusive, e principalmente, nos EUA.
Aprender espanhol é importante.
E aprender reciprocidade também. Argentinos, colombianos, mexicanos, venezuelanos, cubanos, chilenos, hondurenhos só para citar alguns também devem considerar o português como a língua mais próxima e também estudada.
Eles também podem e devem aprender o idioma de Camões.
E de Machado, que eu gosto tanto. De Érico Veríssimo, o mais brasileiro dos gaúchos.
E de Rita Lee Cazuza e ... De muitos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

047 - CONTINUA A PREPARAÇÃO

Nada pelo caminho indicava que assistiriam o que eles nunca presenciaram; o trânsito não estava ruim para aquela noite a não ser por um acidente com um cavalo na pista havendo uma interdição até que bem feita. Estava lá o equino, no acostamento, arrebentado com as pernas dianteiras em uma posição nada normal se vivo permanecesse com o carro do resgate e paramédicos executando uma massagem cardíaca no motorista que parecia se movimentar para quem estava sendo entubado. Seu carro fora parar no acostamento desmantelando uma cerca do canavial próximo deixando pedaços do mesmo pelo chão. 
Simão passou com o carro bem devagar e ambos, de vidros abertos pouderam sentir o cheiro de álcool, de bebida, que vinha do porta-mala aberto do sedã. Bem, ela escorria dava para ver pelas luzes e sirenes.
"--- Se o cara estava bêbado Duílio, e acho que estava... Também sentiu o cheiro né?
--- Devia estar. E agora matou o cavalo.
--- É. Mas é assim que acontece Duílio: o homem acaba impondo sua vontade sobre os outros seres. Bichos, árvores, rios, os oceanos, a natureza. Aí uma prova.
--- Foi um acidente. Verdade, tenho dó do cavalo também, mas o cara não quis mesmo fazer isto. Ele comete um erro enorme. Um puta erro.
--- É. Ele pode viver ainda... Pelo menos estavam lá tentando... Choque, massagem. O cacete!
--- Sei o que vai falar Simão... É... assim... 'E o bicho se ferrou mesmo. Coitado!'.
--- Mais ou menos isto".
Seguiram e na próxima curva o embate entre o bicho e o humano motorizado ficou para trás. Esfriava um pouco porque havia uma quantidade grande árvores; o canavial de açúcar e álcool também ficara para trás.
Quase se perderam e por pouco não passaram direto pela placa. Estrada de terra por mais 15 quilômetros. Na metade deeste caminho, o telefone de Simão tocou. Do outro, o organizador do evento.

sábado, 11 de junho de 2011

SOL RESILIENTE

UM POUCO DE CALOR
O sol conseguiu vencer as nuvens cirros-cumulus e depois a névoa que encobria São Paulo na manhãzinha de hoje. Parecia uma cidade fantasma com seus mais de 11 milhões escondidos pela névoa branca e densa que vez por outra no outono/inverno dá as caras por aqui. As ruas quedaram-se desertas praticamente, apenas alguns pouco se arriscaram (obrigatoriamente) a sair e enfrentar a umidade do ar com a sensação térmica de frio intensa.
"Moro num país tropical..." mas que nesta semana deu impressão de estarmos no hemisfério norte tamanho frio que fez na capital-síntese do Brasil: chegou aos 7°C na noite de terça passada. As casas ficam geladas, porque o frio ele adentra, domina e judia de tudo.
Muito frio para estas paragens!
Vejo na janela que a rua já acordou e pessoas estão a transitar. 
Impressão que passa é que no calor, sob a luz do astro-rei, a vida pulsa, intumesce de sangue e pensamentos e atos e tudo mais. O frio serve mesmo para dormir, tão-somente.
Quero mais sol!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

046 - PREPARAÇÃO DAS BESTAS

No apartamento, 22h40. Duílio está ansioso com o compromisso de ambos logo mais depois da meia-noite, mas não como um menino que epsra o dia do aniversário; ele queria mesmo é que o carro, modelo 2011, de Simão enguiçasse, o pneu furasse ou algo mais grave como quebrar a junta homocinética.
"Sorte demais para mim isto acontecer. Lá vamos nós, neste puta frio, pegar 40 km de estrada perto de Guarulhos para ver o que nós vamos ver... Só benendo mesmo antes e é agora. Uísque sem gelo, numa talagada só. Está atrasado 10 minutos da hora que disse que ia telefonar. Hum... Desistiu?"
Deu um soco no ar e pulou. analisou que talvez não fosse assim tão improvável Simão ter desistido. A bebida desceu goela abaixo e a sentiu como um bálsamo para ansiedades do que está por vir. Preparado para sair, juntou gorro, telefone, carteira, Marlboro, isqueiro e o algo mais enrolado num papel. Ficou andando da sala para o quarto e por todo o lugar. Quedou-se nervoso com o que poderia vir a ver.
"Vir a ver? Até parece rap... poesia concreta. Melhor, o uísque já tá amortecendo um pouco. Fora que o frio hoje em São Paulo está mais para siberiano que tropical. 8°C! E vou ter que sair de casa para ver aquilo lá, que exatamente mesmo, ali no duro, eu não sei. Quer dizer, saber eu sei só não sei como vai se dar o lance lá, porque é um grupo fechado. Têm uns 8 caras que todo mês se reunem e levam tudo o que precisam para realizar o tal encontro. Encontro? Hã, sei... Deve haver aposta nesta mixórida toda".
Interfone. Simão está lá embaixo, aguardando. Ele também está ansioso, entretanto, é uma ansiedade que não cabe dentro dele, uma ansiedade de chegar logo, de maravilhar-se, de ejacular extasiado vendo o espetáculo.
Duílio entra esbaforido no carro.
"---Tem certeza? A gente pode ir para outro lugar, fazer uma outra...
--- Cacete! Começou? Põe o cinto vai. Quase que a gente vai se atrasar.
--- Estou indo porque você me pediu. Insistentemente.
--- Ah para vai! Daqui 40 minutos a gente tá lá".
E sorriu com aquele sorriso dele, uma mistura de estar tudo bem e de malandragem que seduzia muita gente por aí.
Rumaram para lá. Enfumaçaram o carro todo e quando chegaram o circo acabara de ficar pronto. Melhores lugares foram destinados a eles: visitantes sempre são bem tratados.

terça-feira, 7 de junho de 2011

045 - DINHEIRO, SEMPRE SE PODE TER MAIS

Sempre que Simão podia chegava mais cedo ao trabalho, coisa de 10/15 minutos; não era todo dia, duas vezes na semana. Dependia muito dos ganhos que poderia ter ao longo do dia, pensando também na noite, que com certeza advirá. Trabalhar com o dinheiro dos outros e ser bem pago para isto tornara-se uma diversão sem tamanho para ele, impondo limites claro aos dias mais estressantes: quedas em bolsas de Tóquio ou outra qualquer. Estes eram difícies ao ao final deles, o telefonema para o amigo Duílio acontecia sempre. 
Vivia pelo caminho de sua casa todo dia a pensar que "um dia eu vou ganhar muito $. E minha vida vai mudar". 
Estudara para tanto. Achava que merecia; e fazia por merecer. Usava de métodos que não se diferenciavam da maioria, como manda o figurino... No caso, o mercado é que manda. 
Os ternos sempre alinhados para trabalhar, passados à perfeição, barba feita, colírio nos olhos, tudo isto depois do banho, e de ligar a tv, o computador e alguma luz se precisasse. Os complexos, o leite, torrada e o café coado na hora.
"Outro dia mesmo estava pensando o que fazer quando o meu dia de ganhar muito dinheiro chegar. Porque ele vai chegar. Nem adianta eu achar que vou parar de trabalhar, acho que isto eu não farei nunca, porque eu gosto de fazer o que faço. Aprendi a gostar. É pragmatismo 'Simão'! E se eu faço bem porque não continuar a fazer depois do dia D... Aliás, estava pensado como vou chamar este dia, porque com certeza não vou desembarcar na Normandia. Quanto 'dia'. Claro que eu vou trabalhar como eu quiser ditando o meu ritmo. Mas que antes vou torrar um pouco. Pouco? Um pouco mais então porque não vai fazer diferença pelo tanto que eu vou pôr na minhas contas bancárias".
Fora custoso convencer o Duílio de acompanhá-lo ao evento. Custoso não pelo que foi em reais porque isto nem entrou na contabilidade, "$ não é problema". Ele não teve muito tempo para enredar o amigo, mas o fez. Não iria sozinho por mais que quisesse ir. Duílio terá que ir.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

GRANDE INTERIOR CAIPIRA

Capitais são capitais; o Interior é maior...
O Brasil é um país-continente, maior até que o EUA em terras contínuas (sem contar Alasca e Havaí), com uma  população de quase 191 milhões de habitantes, a 5ª maior do mundo. População esta mal distribuída pelos quatro cantos do país, inclusive nos estados mais densamente povoados. São Paulo a distribuição é mais uniforme, em que pese regiões fracamente povoadas, como o Vale do Ribeira, cuja maior cidade - Registro - não chega a 60 mil habitantes; por outro lado é o Estado que mais tem cidades do interior de tamanho médio para cima. Outro estados importantes como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia para citar alguns também são distribuidamente mal povoados com vastas extensões quase vazias: norte mineiro, oeste baiano e sul gaúcho. Nestes lugares as maiores cidades mal chegam aos 120 mil.
Temos grandes cidades do Interior que são muito importantes, algumas até maior que a própria capital, como Joinville, maior centro urbano de Santa Catarina e sua capital econômica e também Vila Velha, no Espírito Santo.
De resto, as capitais são sempre maiores que todos os outros municípios. Mas reitero que temos cidades grandes no interior, maiores que algumas capitais estaduais.
Podemos citar Campinas (com mais de 1 milhão e maior do interior do Brasil e maior que uma dezena  e meia de capitais), São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto, Piracicaba, São José do Rio Preto, Franca, Bauru, Jundiaí, Santos e São Vicente - todas estas têm mais que 300 mil habitantes. 
Entre as outros Estados, só MG, RJ, BA, PE, PR, RS e SC, além de SP registram municípios no interior maiores que o número que acabei de citar.
Uberlândia (mais de 600 mil), Juiz de Fora e Montes Claros em Minas Gerais; no interior fluminense há Campos dos Goytacazes (mais de 450 mil).
Bahia: Feira de Santana, maior cidade do interior do NE, com mais de 500 mil e Vitória da Conquista.
Londrina (com mais meio milhão tb), Maringá, Cascavel, Ponta Grossa no Paraná.
Pernambuco: Caruaru, única do interior.
Caxias do Sul (mais de 400 mil), Canoas e Pelotas no Rio Grande do Sul.
Depois, no interior apenas Campina Grande na Paraíba tem mais de 350 mil habitantes, além de Joinville já citada e Anápolis em Goiás.
Há outras com menos de 300 mil, mas de importância econômica nas UFs.
Em Pernambuco há Petrolina; Juazeiro do Norte e Sobral no Ceará; Santarém e Marabá no Pará; Imperatriz no Maranhão; Mossoró no Rio Grande do Norte, Arapiraca em Alagoas; Cachoeiro do Itapemirim no Espírito Santo; Dourados no Mato Grosso do Sul; Rondonópolis no Mato Grosso.
Todas estas citadas possuem vitalidade econômica sendo importantes tanto para a região onde se encontram, como também para a UF e para o Brasil.

sábado, 4 de junho de 2011

044 - HOJE É O AMIGO

Simão voltava do aeroporto, quase meia-noite, depois de embarcar seus tios rumo a Campo Grande por motivo de velório, nem se lembrou de ligar o rádio. Preferia às vezes a qualquer CD.
"Nem me lembrava desta tia-avó. Também, tinha 94 anos. Tá bom né? E o trânsito dá vontade até de pisar mais, como naquelas músicas que falam de carros, estrada, velocidade. Bom para quem tem $ né?".
Esperava a ligação de Duílio que estava atrasado. Verificou o celular esperando que tocasse. Nada. 
As malas prontas para a viagem para daqui duas semenas serão mantidas. Já havia comprado algumas coisas especiais para tanto e com tudo pago, reservado, a viagem do Minho até o Algarves de carro brilhava em sua mente.
"Hora extra de montão para fazer isto. claro e fazer bem".
Acidente interditara uma das faixas da via Dutra e o tráfego se intensificou. Música, algo como um jazz moderninho. Olhou para o lado e havia algo que parecesse um arremedo de favela. Seu carro era um modelo 2011, nacional é verdade, mas dos melhores. Meio grande, e cinza chumbo escuro, tom de grafite. 
"Têm os policiais ali. E eu com a encomenda vinda da Vila Monumento. Era só isto mesmo".
Vidros fechados e ele passou ileso. 
Mais 20 minutos estaria em casa on de deixara o computador com som e a tevê ligados, gavetas do armário abertas com tudo bem arrumado lá dentro. Em cima a caixa com os dólares que amelhara, mais de 16 mil.
"Levo 10 mil e depois quito aquela última porra de prestação do apartamento para eles morarem.
--- Cacete, achei que não fosse ligar. Estou chegando em casa... O que? Não começa.
--- Não sei não. Andei para caramba hoje, ali no parque mesmo. Mais de 3h, fiz exercícios...
--- Espera. Barra? Abdominal? Ah, para com isto. Mentira
Silêncio de átimos.
Ficou quieto. Tenho razão.
--- Quem malha sou eu.Não inventa. Daqui 1 hora em passo aí
Até parece que ele não vai junto. Quero ver aquela 'cerimônia' na Guarapiranga e o Duílio vai. Arrastado até, mas ele vai".
E foram e as sensações foram bem diferentes durante todo o processo; apesar que os olhos arregalados e atentos foram comuns.