quarta-feira, 8 de junho de 2011

046 - PREPARAÇÃO DAS BESTAS

No apartamento, 22h40. Duílio está ansioso com o compromisso de ambos logo mais depois da meia-noite, mas não como um menino que epsra o dia do aniversário; ele queria mesmo é que o carro, modelo 2011, de Simão enguiçasse, o pneu furasse ou algo mais grave como quebrar a junta homocinética.
"Sorte demais para mim isto acontecer. Lá vamos nós, neste puta frio, pegar 40 km de estrada perto de Guarulhos para ver o que nós vamos ver... Só benendo mesmo antes e é agora. Uísque sem gelo, numa talagada só. Está atrasado 10 minutos da hora que disse que ia telefonar. Hum... Desistiu?"
Deu um soco no ar e pulou. analisou que talvez não fosse assim tão improvável Simão ter desistido. A bebida desceu goela abaixo e a sentiu como um bálsamo para ansiedades do que está por vir. Preparado para sair, juntou gorro, telefone, carteira, Marlboro, isqueiro e o algo mais enrolado num papel. Ficou andando da sala para o quarto e por todo o lugar. Quedou-se nervoso com o que poderia vir a ver.
"Vir a ver? Até parece rap... poesia concreta. Melhor, o uísque já tá amortecendo um pouco. Fora que o frio hoje em São Paulo está mais para siberiano que tropical. 8°C! E vou ter que sair de casa para ver aquilo lá, que exatamente mesmo, ali no duro, eu não sei. Quer dizer, saber eu sei só não sei como vai se dar o lance lá, porque é um grupo fechado. Têm uns 8 caras que todo mês se reunem e levam tudo o que precisam para realizar o tal encontro. Encontro? Hã, sei... Deve haver aposta nesta mixórida toda".
Interfone. Simão está lá embaixo, aguardando. Ele também está ansioso, entretanto, é uma ansiedade que não cabe dentro dele, uma ansiedade de chegar logo, de maravilhar-se, de ejacular extasiado vendo o espetáculo.
Duílio entra esbaforido no carro.
"---Tem certeza? A gente pode ir para outro lugar, fazer uma outra...
--- Cacete! Começou? Põe o cinto vai. Quase que a gente vai se atrasar.
--- Estou indo porque você me pediu. Insistentemente.
--- Ah para vai! Daqui 40 minutos a gente tá lá".
E sorriu com aquele sorriso dele, uma mistura de estar tudo bem e de malandragem que seduzia muita gente por aí.
Rumaram para lá. Enfumaçaram o carro todo e quando chegaram o circo acabara de ficar pronto. Melhores lugares foram destinados a eles: visitantes sempre são bem tratados.

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