domingo, 19 de junho de 2011

048 - O INÍCIO

Falaram por 5 minutos com Simão praticamente respondendo "sim", "eu entendi", "claro, eu e meu amigo só"; quando ele para o carro na estrada de terra batida seca (havia tempo que não chovia) avermelhada. A lua estava minguando pela metade o que inspirou Duílio a descer do carro com o baseado já (re)aceso. Um longo trago e olhou a sua volta. Podia sentir o cheiro de mato trazido pela brisa que soprava do sul. Ergueu os olhos e viu a Via Láctea como um leite derramando em um chão escuro. 
A conversa parecia que não ia terminar rápido.
"Andamos quase a metade já e agora paramos aqui no meio do nada. Pode ser que funcione algum desmanche aqui e aí se os caras chegam a gente se ferra bem bonito. Vamos Duílio, vamos! Agora que quer chegar logo sou eu.
--- Sobrou um pouco aí para mim? Assustou?
--- Não, eu estava de costas viajando, nem percebi que você tinha acabado. Quem era? Ele?
--- Acertou. Opa, quase queimei a mão. Vamos esperar aqui agora.
--- Aqui? Onde é aqui? Não estou vendo ponto de referência algum por aqui. Tem certeza que aqui é o lugar? Espera! E porque nós temos que ficar parados? Esperando quem? O combinado era que chegaríamos lá de uma vez. Até me mostrou o mapa.
--- É aqui mesmo. eu contei os quilômetros desde que saímos do asfalto. E, como você pode ver está marcando 7 quilômetros após uma curva à esquerda com o mata-burro. É aqui.
--- Quanto tempo vamos...
--- Está chegando. Vê o farol lá em cima, descendo a colina? É ele.
--- Mas porque não podemos ir direto?
--- Porque não podemos. Faz parte da entronização ao esquema que vamos participar.
--- Participar? Como assim? Não entendi. Você disse assistir, olhar, observar.
--- É? Mais ou menos isso".
Alguns minutos de esperarem mudos apenas iluminados sob a luz da lua a grande picape importada chega ronronando como um bichano. Duas portas se abrem e três homens descem.
--- Estão prontos? Eu estou. 
Duílio pôde sentir o cheiro que vinha do homem de chapéu, bota de couro esgarçado e manchado. Um cheiro que ele não conseguiu detectar do que provinha. Sabia que o homem cheirava a isto.
"Uma mistura de química com couro podre...".

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