domingo, 31 de maio de 2015

VIAGEM CCXXXIX - COMER, BEBER, DORMIR

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verbos que combinam transitividade e intransitividade
ações pela vida que por vezes, são descombinadas,
desencontradas até,
necessárias, 
seja uma comida que se saliva de babar
salgada, doce...
seja pouca comida (como é para muitos)

seja uma água vasta, rasa
rara, funda
seja uma água suja

seja um sono de criança de horas e horas e horas,
de justiça sendo feita,
ou de um agitado suicida

tudo é necessário
tudo é principal destes verbos
que um dia morrerão com a terra os comendo

há outras necessidades
de outra monta
de outras paragens que nosso cérebro 
tão avidamente, por vezes aviltadamente, nos 
impele
para outros afazeres verbais.

amar
ouvir
lutar
crer
ver
transpor
solidarizar-se
ajudar...

http://observer.com/2014/01/not-even-fox-knows-why-theyre-tracking-super-bowl-players-body-temps-with-infrared-cameras/

terça-feira, 26 de maio de 2015

28] CENÁRIO SP - A VERDADE QUE (quase) NÃO EXISTE

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das verdades que São Paulo impõem aos moradores e visitantes
(aos vistosos, aos loucos... E a todos)
é que se aprende por aqui que o absolutismo da verdade não é déspota
tampouco ditador - este conceito abrange, agrega e é antropofágico,
pós-modernista até o osso!

a verdade aqui é vasta, tal a mancha urbana que se espraiou pelos campos de Piratininga
quase no topo da Serra do Mar, da Serra da Cantareira para encontrar o Planalto,
pelas ruas sinuosas de agora, 
pelas avenidas que tracejam a vida de todos nós
pelos contactos diários de olhares

de gente que nunca mais veremos, ou que logo ali,
na frente, poderemos reencontrar
tudo aqui é mesclado de um relativismo que faria o grande cientista
estudar com a atenção triplicada a vida aqui na urbe
de quase uma dúzia de milhões

a verdade é de cada um, com suas transformações vindas e acontecidas
por vezes em "pedaços" de tempo inferior a 24h
verdade que não manda e que não comanda
apenas anda junto, espreitando a nossa vida
e se mostrando intensa, mas não única

porque viver, em São Paulo, conta com o imprevisível
com a não unicidade
com as múltiplas interpretações
com as possibilidades vicejantes em todo o lugar
verdade que quase não existe...

http://www.forumowisko.pl/topic/182173-rdzawy-krzyk/page-12

sábado, 23 de maio de 2015

VIAGEM CCXXXVIII - TODOS QUE SE FORAM

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todos que se foram pelos tempos...
sem memória que os alcance
e quais tempos?
desde sempre? 

desde que os homens desceram das árvores?

desde que dominamos o fogo?
da invenção da roda?
desde que éramos presas indefesas,
para nos tornarmos predadores?

não se sabe...


para ele desde que houve mais do que o instinto

mais que a igualdade instintiva 
2 + 2 dos animais: comida, reprodução, 
abrigo, defesa, ataque...
desde aquele raciocínio que de inteligente
pelo cérebro maior
não acabou por virar frio...

todos aqueles que se foram 

do primeiro afeto
desde o tempo de amar
como se fosse sua própria vida

estes que se foram

por amor
por tristeza
por adoecer
pela morte de um outro
pela morte que se impinge

pelos suicidas que se foram

àqueles que se feriram
com lâminas, com projéteis, com venenos,
com alturas...
àqueles que se consumiram
em medo, em vergonha, em tormento
em substâncias...
seus sinceros sentimentos

e para onde vai tudo aquilo daqueles

que se feriram e
que se consumiram?

as ideias

o raciocínio
sentimentos
sensações
os amores! onde foram?
o que se fez deles?

o que foi feito?


também morreram?

se feriram?
se consumiram?
não se sabe...

as lembranças

suas histórias!
as histórias de cada um de todos que se foram...

por estarão?

enterradas estão?
vagando estão pelo espaço?
não se sabe...

todos que se foram...


http://imgarcade.com/1/man-leaving/

terça-feira, 19 de maio de 2015

VIAGEM CCXXXVII - MILÍMETRO RENTE AO CHÃO

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um sonho de inverno

igual a nenhum outro

nas noites paulistanas

olhar para baixo idilicamente

para o abismo mais profundo

no último passo de concreto

deste etéreo funcionamento do sono
antes imóvel

e logo pelo sonho
cair veloz

vertiginosamente
porém sem vertigem

sentir o vento entrar pelas narinas
sem pedir licença

a boca tornar-se um deserto e
ter um prazer 
na queda

extasiar-se
ereção e quase ejacular

e quando próximo
mas bem próximo

rente
colado
ali, encostado

um milímetro antes

a força que vem
ele não sabe de onde

do que ou de quem
a sustentá-lo

como um pêndulo
e então...

ali, na hora de quase se estabacar
ao fundo da 'abissal zona'
acordar e ver

quem ele ama ressonando
imóvel e pacífico

um abraço
um aconchego

e o sono volta
(a sensação de frio na barriga passando... Que se esquenta)

http://www.enjin.com/profile/4921299

sábado, 16 de maio de 2015

27] CENÁRIO SP - 400ÃO

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às beiradas do velho sobrado espaçoso de quintal inusitado de grande, 

erguido há nove décadas, muitas gotas já escorreram, 

parecendo suas lágrimas que um dia também já foram de felicidade, 

de alegria e que o faziam sorrir desmesuradamente

parecendo suas lágrimas que um dia também já foram de tristeza, 

de dor e que o faziam acabrunhar-se intermitentemente 

pela estação que se avizinha - a secura do ar e do céu, de um azul límpido - os mortos devem continuar a rechear o volume de sua calça (de um despudor público pelas ruas)

mas calma! são os mortos do seu passado e que mantenedores são de fantasia descobertas de uma quentura vivida e vívida - mesmo estando debaixo das beiradas da velha casa, uma joia da família de 'centos anos' estabelecida na cidade de São Paulo, 

de uma mistura primeira de portugueses com pitadas africanas e italianas advindas pelo tempo

sobrenome são cinco
nome são dois
que totalizam sete que dizem ser conta de mentiroso (é mentira com o 7)

e que de mentiras viveu parte da vida (tudo passado, porque hoje as verdades predominam cavalos à frente - e o páreo elas ganham de forma esmagadora)

pelos bandas da zona Sul, pela avenida Santo Amaro, tão dilacerada que apenas só agora recomeça seu movimento de recuperação - podendo ser degustada, pelos desbragados paulistanos

seu sobrado perto da via reflete um passado que se transformou, depois de tantas idas e vindas, em uma construção de beiradas que protegem pelos próximos centos anos

perto de prédios modernos, envidraçados e recheados de gente encarapitada pelos andares que sugerem alcançar o céu

azul, translúcido, 
azulado para sua vida
ele que olha e sente o passado ali, perto, mas sem dominar o presente

como a avenida, 
como a família
como os 7 nomes

tudo dele, pertencente às suas memórias, aos dias de hoje
(com o olhar para frente)

https://courses.cs.washington.edu/courses/cse458/12au/content/projects_458/project2/index.html

quarta-feira, 13 de maio de 2015

VIAGEM CCXXXVI - ACONTECIMENTOS

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"de tudo o que aconteceu em sua vida

nada, mas nada, deixou marcas que pudessem 

machucar pelos anos sem fim

que adentram pela longa 

existência de alegrias e tristezas; 

só mesmo o roubo de um 

sentimento vívido, que permaneceu

em aberto em contacto com o ar... 

um corte que quase todo dia

vertia o sangue do desalento, gota por gota,

em meio a ferragem que a vida

lhe preparou com tanta estima

em aberto ou fechado, em tempos de frio ou calor,

coberto ou descoberto".

http://tf3dm.com/3d-model/generic-male-57904.html

quarta-feira, 6 de maio de 2015

26] CENÁRIO SP - SUBTROPICAL DE CAPRICÓRNIO

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(e-mail desconhecido, ele quase apagou na pasta de lixo eletrônico)

"saber a cidade, desvendar a metrópole, perscrutar São Paulo 
é sempre um saber

que deseja cada vez mais saber para sempre

dos amores
das dores (porque delas também é feita a vida e a urbe)

das idas
das vindas

dos encontros
ah, o encontros!

tanto ensinam, tanto ensejam e tanto nos alimentam
com uma possibilidade x, para encontrar y pessoa

e aqui, na dúzia de milhões, nunca se está só para encontrar
o outro (seja lá quem for, seja lá sua preferência)

porque, mesmo no anonimato das janelas encarapitadas
pela cidade adentro (e afora dos seus limites),
existem muitos espaços em comum
nos quais se permite a realidade 

de ver o outro, de tocar outro e mais importante:
de ouvir o que outro tem em seu corpo-alma
nenhum outro lugar tamanha são as possibilidades
as vicissitudes da vida

mas, otimista que devemos ser dentro da realidade, em nenhum outro lugar há tanta gente que se parece com você dentro das diferenças sempre bem-vindas
assim é São Paulo:

espaço de encontros, de saídas, de escapadas,
de amores porque há, sim, muito amor pela mancha urbana
esparramada por este pedaço de terra, 

aqui no trópico (subtropical) de Capricórnio
(de outonos razoáveis e invernos que querem exagerar)...".