terça-feira, 23 de julho de 2019

VIAGEM CCCXLVI - DANADOS DE AMOR

Arq. pessoal - Piracicaba/SP
danos colaterais
colados

dúvidas e dívidas
que não sanamos 

e que não nos pagamos

a dor dilapidando demais
desde daquela vez

e que dominou nossa relação

dor demais!
dor demais!

delegamos à raiva a nossa conduta

nunca dantes havíamos feito disso
a regência de nossas vidas

o tempo passou
saudade sentimos

em calor ardemos solitários
duradouro, percebemos, é nosso amor

apesar das dúvidas
das dívidas
das dores

porque é bálsamo benigno
ouvir nossas bocas dizerem belezas, carinhos e afetos

porque é frenesi em seguida
beijos pelo corpo

em protuberâncias e reentrâncias...

danados de amor somos um pelo outro
o outro por um!


quinta-feira, 18 de julho de 2019

80] CENÁRIO SP - TODO ENROLADO

Arq. pessoal - Vila Mariana/São Paulo
"eu aqui, enrolado em edredons pesados

sem roupa, de gorro meio remendado

enrolo-me em pensamentos no quarto grande

em um cheiro, rolo de amor que roça meu corpo

rouba a quietude
rouba de forma rota meu juízo

ao lado do criado-mudo
tudo enrolado

naquele papel vindo de Roma direto para São Paulo,
que só espera por nós

neste frio gélido de julho, a Pauliceia madruga com a garoa
cobrindo a vasta metrópole

o frio nem consegue roubar o tal calor
que sinto, que tenho, que quero em você

e eu insone, reto nas partes, rijo, enrolo-me ainda mais
e mais em você

que veio, viu e venceu as resistências
bem das esfarrapadas dadas por mim

quando você me disse
que era um ladrão, um ladrão que não rouba $, bens ou casa

"Roubo você", explicando em um pausado, mas sôfrego
e alterado em cada sílaba

ah, e eu enrolando
em cima

embaixo
pelos lados

pela fresta da janela, São Paulo me roubou o sono,
o vidro embaçado rouba uma visão do céu...

só não me roube você de mim
(porque estou sozinho, com saudade do calor que um roubava do outro)".