segunda-feira, 31 de outubro de 2011

VIAGEM XII

acordei ouvindo os pneus no asfalto molhado lembrei,
de suor, molhei todo o lençol, emaranhado em mim
depois daquela noite de ontem percebi que não tenho mais que procurar caber em sua vida
revisei antes de acordar empapado
as palavras que foram soltas e que afastaram seu amor de mim
cobrei a atitude que vi
uma resposta
uma explicação
para a quebra da cumplicidade, qual fazíamos malabarismos de gato 
para não cairmos ao chão todos os dois.
Você disse que a vida torna as pessoas
algo que elas não imaginavam que seriam; diferenças sutis
e você vem falar e sutileza depois da cena nada de cinema que eu presenciei porque ninguém me contou.
Você roubou de nós todo o mundo que éramos um para o outro. 
Na segunda-feira chuvosa
ninguém parace se importar. E não se importam. Preocupação em ganhar dinheiro
para não ter que entender quem é o outro. 
(este trabalho 'não' valoriza o homem)
Calar diantes de promessas de quimera, só tem me feito mais forte.

domingo, 30 de outubro de 2011

VIAGEM XI

Semeadura acontece durante a vida até o último dia dela,
gravuras arritmadas das pessoas
das coisas
dos lugares
das músicas, e
os restos de histórias que se perderam.
Ventania daquelas de uma noite que faz ranger portas da velha casa do interior,
bater e escancarar o medo
de ver tudo a se perder pelo continente invencível de seu coração 
tomado como plágio aos romanos e sua legiões de cada um de nós, de cada parte dele; qualquer flor trazida pode ser uma de cacto. 
De uma resiliência teimosa contra o tempo.
"Vai embora agora. Acabou mais vez e sem repetir" ouviu alguém lhe dizer roucamente
perto de seu ouvido com um pudor nada escondido.
Colheu, porque se colhe a vida inteira, mais coisas do que havia plantado
porque mais pessoas passaram por ele que de tão lá trás ele só traz
as coisas que ficaram;
a memória rota nestes dias permenece presa àquela velha casa de porão alto
e de teto assoalhado, no quintal de grama para correr e terra e árvore para subir e escapar.
Segurança. Nunca mais a tivera assim, nem o muito dinheiro de agora, 
nem aquele amor
empoeirado ocupando um espaço menor... menor
aconteceu e acabou; esteve ligado a este amor, uma película com um final que nunca aconteceu.
Das pestes que eu falava nos momentos piores
elas causaram infecção tamanha em você e você recuou.
Foi uma rasteira na minha segurança já débil, esquálida como 
a vergonha pelos africanos famélicos.
Tangido como mais um número e derramado na fúria, carreando dor e morte como a peste de Judas
transformou-se em um adormecido rosto de quietude,
de tipo bom e sereno já no final de uma colheita. Será a última logo mais.

sábado, 29 de outubro de 2011

7.000.000.000º

tanta vida que pulsa, tanto pulso armado até os dentes,
deslocamentos de
idas e voltas
fome e opulência,
pestes e doenças,
desastres naturais e artificiais
espécies de bichos e plantas riscadas do mapa dos seres que pulsam;
tudo é parte vivente da vida de cada um de nós porque
tudo pode ser de morte para cada um de nós

Segundo a ONU, o mundo (este em que vivemos, porque há um outro como disse JC quando perguntado por Pôncio Pilatos qual era o seu reino. Sereno e lívido mas sabedor que ainda o pior estaria por vir fisicamente, disse: "meu reino não é deste mundo") deve atingir nesta segunda-feira próxima a marca do 7.000.000.000º habitante. Gente para cacete. Ainda de acordo com o órgão, suas estatísticas apontam com > probabilidade que tal bebê deva nascer na China, ou na Nigéria; porque o país asiático ainda é o 1º em população e porque a África é o continente que possui as maiores taxas de crescimento populacional.

Bem, na Alemanha e na Rússia é que não podia nascer esta criança. Estes países sofrem com a baixa taxa de crescimento populacional (que abreviarei por txcp) o que resultou em queda no número de habitantes ao longo de recentes anos. A grande nação russa perdeu cerca de 2 milhões de habitantes entre 2001-2011. No Bálcãs, a Bulgária é o país que a < txcp do mundo. Japão, Ucrânia, Bielorrússia, Romênia - para citar alguns - são outros países que apresentam txcp próximo de 0 ou < que este valor. E do outro lado do Atlântico, na Europa,  precisamente na Península Ibérica - e especificamente - Portugal que nos deu a língua, e é co-responsável - "artífice" - pelo grande tamanho do País-continente, tem uma txcp também baixa (em 10 anos, menos de 200 mil habitantes foram acrescentados do Minho ao Algarve, do Alentejo ao Açores).

Melhor ver alguns números para que nos apercebamos da explosão demográfica que acomete o planeta nos últimos 60 anos;  em acordo com os resultados obtidos pelos respectivos órgãos responsáveis em coletar e divulgar os dados, listo os 5 países mais populosos:
China  1.339.724.852
Índia 1.210.193.422
EUA 308.745.538
Indonésia  237.556.363
Brasil 190.755.799
(dados de 2010 e 2011)
Somando estes 5 de  > população chegamos a 3.295.975.974 habitantes, ou melhor, a ~46% do total de homo homo sapiens viventes de todas as etnias, crentes e ateus, de maiorias e minorias,  entre ricos e pobres (ah claro, sem esquecer da pequena-burguesia...)

Outros com mais de 100 milhões: 
Paquistão, 172 mi; Bangladesh, 155 mi; Rússia, 143 mi; Nigéria, 141 mi; Japão, 129 mi; e México, 112mi. 

Outros com mais de 80 milhões:
Filipinas, 89 mi; Vietnã, 85 mi; Alemanha, 82 mi; e Egito, 80 mi.
Em apenas 13 anos passamos de 6 bi para 7 bi! Uma notícia que a médio prazo deve ser animadora: víamos, cada bilhão que somávamos, diminuir o número de anos para pular de um para outro, porém, hoje o que os estatísticos afirmam é que demoraremos, em razoáveis probabilidades, talvez 1-2 anos a mais para atingirmos o 8º bilionésimo. 

Outra notícia boa é que mesmo na África, no Sudeste Asiático - onde as txcps é ainda alta -, e menor proporção na América Latina (aqui a txcp já se aproxima às de Europa e EUA na maioria dos países, exceção a alguns como o Haiti, Nicarágua e outras nações-ilha do Caribe), o crescimento vem se dando, ainda que lentamente, em números inferiores aos registrados nas 3 últimas décadas.
Eu realmente não sei quanto a Terra e as coisas que nela comportam aguentarão mais e mais humanos e a parafernália toda de contra-peso. As terras, os ares e as águas da Terra e tudo que cabe neles.
Seus cheiros, seus gostos, suas cores. 
O tato em nosso corpo em um dia de sol mostrando lascivamente sua realeza. Os sons de dança do Planeta, os sons de contemplação...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

DESTAS LETRAS, DESTES SONS: O PORTUGUÊS

RÁPIDA ANÁLISE GEOGRÁFICA E HISTÓRICA DO IDIOMA PORTUGUÊS
Reprodução
Os acontecimentos se sucedem desde que o tempo é tempo neste espaço habitado por tanta gente. Inequivocadamente, e sem que possamos detê-los.
Avançamos no progresso material durante todo este tempo por razões óbvias, por razões ocultas e por razões que se encaixam mais à moda canalha tão grata para alguns de nós. Toda uma rede intrincada de interesses fez da história da humanidade um sem-fim de guerras, acordos e de rompimento destes. O adversário de ontem pode ser o aliado de agora; o amigo de agora pode ser o inimigo a ser vencido logo mais.
Assim tem sido desde que o mundo é mundo. É tudo igual em qualquer categoria que se queira enquadrar o homo sapiens sapiens e seu status quo com relação a vencedores e vencidos, condição sine qua non para que um equilíbro se restabeleça forçosamente... Até o próximo conflito de interesses. Incluindo, por certo, até as relações mais "comezinhas", o quadro não se altera tanto. Aqui, no outro lado do Atlântico e no Oriente é tudo mesmo balaio de gatos a se medirem com suas respectivas réguas uns aos outros.

Conquistar, colonizar e explorar. Assim se guiaram povos, representados pelos seus reis, a incursionar pelo oceano Atlântico e descobrir o que estava lá, aparentemente "sem dono".
Por aqui nossos descobridores (reitero, sempre para o bem e para o mal) foram os portugueses, em 1500, pelo navegador Pedro Álvares Cabral.
Voltados e atentos de forma indubitável mais ao mar que aos assuntos europeus propriamente ditos - mas sendo afetado e muito por eles - debruçaram-se diante das novas terras. Fazer um "imenso Portugal".
Recordando o fator de o território continental português ocupar apenas 1/6 da península Ibérica, ao lado da sempre poderosa Espanha. Com a vizinha 5x >, Portugal se viu compelido ao oeste (o país é ligeiramente < que o estado de Santa Catarina com cerca de 92 mil km², incluindo os Açores e a Madeira).
Não havia por onde crescer em terras na Europa.
A rota comercial do Mediterrâneo era dominada pelas italianas República de Veneza e pela cidade-estado de Gênova.
Em 1453, turco-otomanos conquistam Constantinopla acabando com o então moribundo Império Bizantino e dificultando ainda mais o comércio pelo antigo Mare Nostrum romano; nada havia a ser conquistado no litoral deste.
Primeira nação estebelecida enquanto tal segundo algumas fontes históricas, a Portugal  restaram então os "mares nunca dantes navegados".
Primeiro império colonial, Portugal teve sob seu domínio diretos terras em todos os continentes, somando quase 11 milhões de km².

Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tome e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor-Leste formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP (a Guiné Equatorial - ex-colônia da Guiné Espanhola, demonstrou interesse em aderia à CPLP e as tratativas já se iniciaram).

Além dos supra, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Guianas, Trinidad e Tobago, Curaçao, Bonaire e Jamaica nas Américas; Ceuta, Tânger, Casamance (região sul do Senegal), Libéria, Costa do Marfim, Gana, Anobom e Bata (ilha-província e território continental da Guiné Equatorial), Gabão, Zanzibar (Tanzânia), Mombaça e  todo litoral do Quênia, na África; várias possessões na península Arábica (Ormuz, Mascate, Bahrein entre outras) e na Índia (Goa, Damão e Diu as principais), Colombo e Ceilão (atual Sri Lanka), na Malásia, em diversas ilhas da hoje Indonésia, Macau (que pernameceu português até 1999) na China e feitorias em Taiwan e no Japão, na Ásia e Oceania. Na Espanha, única nação fronteiriça com Portugal, o galego-português falado ao norte do rio Minho na Comunidade Autônoma (CA) da Galícia, e regiões de fala lusófona na CA de Extremadura.

Todos estes territórios tiveram contacto com os lusos e suas falas; alguns destes contactos se realizaram em dominação: tanto de poucos anos, como outros por mais de 5 séculos. Mencionando que quando dom João VI veio ao Brasil em 1808 fugido das tropas francesas do insane Napoleão (mais um na história; é o estereótipo da persona de hospício!), em represália, invadimos a Guiana Francesa anexando-a à capitania do Grão-Pará. Em 1821 invadimos o Uruguai e formalizou-se assim a província imperial da Cisplatina; no ano seguinte, em São Paulo, Dom Pedro I proclamou a independência. Em 1817 devolvemos aos franceses a colônia de ultramar; em 1828 o Uruguai alcançou a independência. E o uruguaio, em meu entendimento, é o mais afável dos vizinhos na compreensão do português.
Foi no Brasil que os 'portugas'³ seguiram o preceito "crescei-vos e multiplicai-vos". Misturaram-se aos primeiros habitantes, os índios e aos negros trazidos pelo tráfico negreiro. A gênese do povo brasileiro. E foi uma boa mistura.
Será que algum português no passado poderia imaginar um dia que o Brasil teria a importância que tem hoje? Importância esta que significou - e significa - a sobrevivência do próprio idioma, para citar. Com mais de 192 milhões de habitantes, o Brasil é o responsável por 80% dos que se comunicam nesta variante do latim - a "última flor do Lácio". Hoje estimativas figuram nosso idioma com o sendo o 7º mais falado: entre 250-270² milhões de pessoas no mundo todo. Este número vale àqueles que o tem como língua materna (oficial ou não) e como segunda língua.

Portugal tem 10.561.614 habitantes, de acordo com os resultados do censo de 2011; número inferior ao registrado no município de São Paulo (11,2 mi). Não é muito, mesmo se considerarmos os parâmetros do Velho Continente onde há em torno de 60 idiomas; de cabeça me recordo de 9¹ deles que têm mais falantes que o português, excluindo o turco.

São números tão-somente. E números servem para mensurar quantidades, não qualidades.
Pelas graças dos colonizadores falamos hoje este idioma aqui, este que você lê e consegue entender tudo o que foi escrito; mais, sabe contar o que leu. Pode ter argumentos a favor ou contra sobre o conteúdo desta linguagem, sobre o que estas letras representam; esta é a nossa comunicação.

E de tão sonora que é, a língua portuguesa não vai ser engolida nunca por nenhuma outra, quer seja pelo espanhol ou pelo inglês.  
Reprodução, províncias de Angola
Do lado de lá, mais ao norte está Portugal e - para o bem unicamente no caso - falamos e nos entendemos sem haver necessidade de tradutores; e de frente para nós está Angola, país com cerca de 20 milhões de habitantes com o qual também compartilhamos longa história; boa parte dela manchada de vergonha indelével, é verdade. Os tempos, hoje, mudaram e para melhor nesta troca.
É uma relação nova, desperta, que ainda não tem a grandeza da sonoridade e da escrita que o português nos dá e nos dá de canja.

¹ russo, alemão, inglês, francês, italiano, ucraniano, espanhol, romeno e polonês (possivelmente o servo-croata e o húngaro)
² Estados Unidos, Japão, Argentina, França e Guiana Francesa, Macau, Malásia, Venezuela, Canadá, Reino Unido, África do Sul, Bolívia, Alemanha, Paraguai, Uruguai, Suíça, Espanha, Austrália, Luxemburgo e Bélgica são países com expressivas minorias de falantes do português
³ o substantivo "portuga", corruptela de português - nascido em Portugal -, consta como "depreciativo ou pejorativo no dicionário Aulete; não é assim que vejo e ouço por aí, nem empreguei o termo com esta conotação. Usei-o em um sentido de proximidade, de afeto inclusive.

VIAGEM X

Neste Atlântico de emoções, o que é em mim
pacífico como a aragem de uma manhã de verão aqui nos trópicos?
Nas torres altas de pedras que construí para avistar o perigo que espreita e ronda, eu permaneço encastelado como em um passado mediaval de auto-afirmação de meu espaço,
de meu ser varrido a esmo 
para dar com os costados de minha nau no mais ermo  e escondido órgão
que é coração de quem canta a vida;
de quem andou com aquela melancolia de um fado cantado a quem ia para longe. Esquecendo a terra onde nascera, onde se criara e que logo ficou vazia.
Fui, voltei, tornei para os mesmos lugares
Estive em outros que deveria ter passado feito fumaça, evaporado antes de chegar
(os que ainda não pude ir... Estes são os que mais me amedrontam)
Descobrir tanta coisa, agir a mando de você mesmo. Sem variações.
Sem as vagas que afundaram emoções e crenças àquela época de frenesi por descobrir.
Aqui, dezenas de quilômetros do imenso mar que um dia Portugal tomou para si,
aqui, na terra dos Campos de Piratininga onde Portugal construiu a maior de todas
Vejo os milhões ziguezaguearem feito o amor de Camões por sua Inês, apressados
Lutando
Vivendo.
Hoje, nem sei porque estou há tanto tempo aqui nesta terra de pessoas que trazem consigo
um ardor de seguir em frente, dobrando as tormentosas desconfianças, os temores para viver na expectativa 
de verter uma esperança
naquilo que mais me traduz:
a cumplicidade que só sabem e praticam aqueles que se deixaram levar pelo viver. 
Às águas derramadas, um papel, as mãos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

20 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - OS BICHOS DE UM CASTELO

No sossego chuvoso do feriado de quarta podia-se ouvir o silêncio pelo apartamento todo. Em pé, percorreu com os olhos perscrutadores de sempre os cantos vivos de toda a sua sala. Pontas da mesa de vidro, braços das cadeiras e os quadros poucos de um azul largo e límpido. Cortina de treliça balançava preguiçosamente. TV de plasma desligada.
Felino ronronava em uma das almofadas.
Chovia pesado; não de tempestade de vento, mas em pé sem desperdiçar nada ao transcorrer todo ocaminho que vinha do céu e molhava o chão.
Aquele era o seu castelo e não o de antes - o de pedras, antigo -, o de agora pouco quando levantara-se da cama; aquele castelo escocês que cheirava a mar, estando este a estalar as ondas nos rochedos de milênios. Sobre toda esta construção desconhecida por ele, notava-se que por ali não adentrava ninguém. Fechado, impunha uma seriedade cavalar.
"E pensar que os escoceses não são nada tropícais em seus costumes e mesmo assim ninguém vem visitar este castelo de pedras cinzas e limbosas".
Trancou-se. Passou todas chaves na porta. Andou à porta de serviço, trancou-a e no silêncio daquela tarde meio escura aquietou-se depois desta movimentação. 
Jogou-se ao chão da sala.
Permaneceu aberta, um fiapo dela, a porta que separava a sacada do restante e a janela corrediça.
Ninguém para fazer barulho em sua fortateza urbana. Sua cidadela resistiria até o fim de quando ele não sabia como. Nem como ele sabia.
"Ei bigodudo. Acordou é? Tá chegando o dia! Amanhã nós vamos ter um outro habitante aqui no castelo... Castelo? Eu disse isto mesmo... Eu ouvi isto? Podem ser as correntes rangendo o chão ao se arrastarem por ele, porque eun ão falei isto acordado".
Coçava a cabeça de seu companheiro e resmungando por um pouco mais de barulho pela casa. Mas já ligara e desligara a TV vezes inúmeras...
"Então, amanhã você vai receber um tormentozinho aqui. Hein? O que você acha?"
O gato deitou-se sob seu peito. Ainda a coçar sua cabeça do companheiro desatou em um mirrado choro de vergonha. Viria habitar mais um bicho naquele espaço protegido das investidas de roedores maiores que seu gato.

domingo, 23 de outubro de 2011

COLONIZADORES

Freio nos baba-ovos dos ingleses e de outros saxões "civilizados".
(vale também para o pessoal do lado de lá do mundo)

Já ouvi dizer muito por aí sobre a história do Brasil na qual os portugueses são os grandes - e únicos - vilões e que se a invasão holandesa no Nordeste não tivesse sido brecada, eles - holandeses - teriam feito da Terra de Santa Cruz um lugar desenvolvido. Um verdadeiro Éden tropical.
Mais: que se o Brasil todo tivesse sido colonizado por ingleses (ou qualquer um acima dos Pirineus) hoje seríamos um país desenvolvido em razão de:
1. porque os ingleses faziam uma colonização de povoamento;
2. e Portugal fez uma de exploração;
3. ingleses são, em boa parte pelo menos, protestantes e tenazes trabalhadores para enriquecer e portanto não têm aquela herança católica de subserviência, tampouco o suposto complexo de vira-lata que - supostamente - herdamos de Portugal (supõe- se então que os lusos tinham o tal complexo...).
Para não dizer quanta bobagem, pergunto: qual "colônia que deu certo"? No sentido sócio-econômico?

Além de EUA, Canadá e Austrália (não incluo a Nova Zelândia neste rol porque para feito de comparação em termos de tamanho de território e população e de PIB... Não há o que comparar: < que o Rio Grande do Sul e população total < que a RM de Porto Alegre), reitero: quais as ex-colônias que deram certo - entenda-se aqui no sentido de possuir grau de desenvolvimento sócio-político-econômico comparável às três nações colonizadas pelos "civilizados" ingleses.
Citei os três porque são as referências de sempre, as ex-colônias que vingaram...
Lembrando que os EUA não ficaram assim tanto tempo sob dominação inglesa: menos de 200 anos. Desde a fundação de Nova York por holandeses em 1624 até a libertação das 13 colonias iniciais que formaram os EUA em 1776... 154 anos. Nós ficamos sob jugo português 322 anos. Deve fazer alguma diferença esta 'diferença'.
(esta é uma 'olhada' na história, sem pretensão de fazer um tratado sobre a mesma)
No Canadá, houve uma disputa violenta entre franceses e ingleses. Por fim, venceram os últimos não sem haver concessões culturais aos primeiros, claro; é uma rivalidade antiga entre os quebequenses (quebecois) e os canadenses anglófonos. Além do fato de as ameças externas (depois da conquista definitiva), ao país, durante sua dependência dos ingleses não foram tão dificultosas como a nossa. E o Canadá é um imenso vazio ao norte.
A Austrália  foi descoberta em fins do século XVIII e tornou-se independente no começo do século XX. Tampouco 200 anos. Também vazia no centro da grande ilha. E também sem sofrer guerras por conquista de terras com os vizinhos. Lembrando que a Austrália é uma monarquia parlamentarista, onde o chefe de Estado é a Rainha Elisabete II)
Bem, e o "restante"?
Entenda-se América Latina, África, Ásia e as ilhas da Oceania.

Vamos lá para alguns exemplos.
Ingleses dominaram grandes extensões de terra na África: desde a África do Sul ao Egito, às margens do Mediterrâneo abarcando quase todo o leste do continente. Franceses (que são tão latinos quanto nós!) também abocanharam terras: todo o Magreb (Tunísia, Argélia, Marrocos e Mauritânia, com exceção do antigo Saara espanhol), Guiné, Níger, Camarões e outras terras ao sul como, Madagáscar, uma das maiores ilhas do planeta.
Holandeses aqui não tiveram vez. Porém na Ásia conquistaram a Indonésia, agrupamento de centenas de ilhas, e que é hoje o 4º mais populoso e o de > população absoluta muçulmana. Ainda neste continente, ingleses dominaram todo o Subcontinente indiano (Paquistão, Índia, Sri Lanka, Nepal, Butão e Birmânia) e franceses a Indochina, onde o Vietnã impingiu a primeira derrota a uma potência colonialista-ocidental (20 anos depois foram os americanos...).
E aqui, na AL, espanhóis e portugueses pintaram e bordaram. Algo diferente do que os "civilizados" anglo-saxões fizeram em suas próprias citadas colônias?
Aos detratores de Portugal e Espanha:
- por acaso, sob dominação anglo, a Tanzânia, a Suazilândia, a Guiana, o Sudão, Gana, toda a antiga África inglesa; e a Birmânia, o Omã, a Índia ou  mesmo Fiji e Nova Guiné são países desenvolvidos? Mesmo a África do Sul, país de maior PIB na África, não é exatamente um estereótipo americano-canadense-australiano. O quer falar da Índia, dezenas de milhões de miseráveis e mais um tanto de pobres?
- por acaso, sob dominação holandesa, a Indonésia é um país desenvolvido? Para ficar bem perto de nós aqui, cito um exemplo do Suriname, vizinho, e que esteve sob dominação dos Países-Baixos por ~300 anos. É um país desenvolvido?
- por acaso franceses fizeram algo melhor no Haiti? Na antiga África Ocidental Francesa, como no Mali, no Níger? Nada! Estas nações têm o menor IDH na lista elabora pela ONU. E o primeiro é a nação mais pobre do hemisfério ocidental.
Estes países citados diferem do Brasil em tamanho, população e renda; exemplifico aqui que todos padecemos em maior ou menor grau do colonialismo.
(à guisa de esclarecimento, trata-se de exemplificar países que - como o Brasil - também foram colônia escravagistas por longo período, tirante a tríade já citada)

Claro é que todos os povos colonizadores em sua auto-intitulada missão civilizatória cometeram atrocidades sem-fim: portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, holandeses; mas também russos (e depois soviéticos) em sua expansão ao leste, americanos em expansão ao oeste¹ e no Pacífico, árabes e turcos no Mediterrâneo e Oriente Médio, chineses no Tibete e em Uigur, japoneses na Coreia e na Mandchúria chinesa... Não difere muito também do que fizemos com os negros após tornarmo-nos independentes de Portugal: até 1888 mantivemos a podre escravidão aqui... 66 anos depois do Grito do Ipiranga. E escravidão não combina com avanços sociais... Não é? Neste quesito escravidão, os EUA a mantiveram até 1866, pouco menos que nós.
Freio nesta argumentação de colonizado vira-lata. Colonizados a história comprova, mas vira-lata não. 

Então, quanto à argumentação do 'eventual' atraso ninguém se salva nesta mixórdia sem tamanho na culpa por deste propalado atraso

O fato de Portugal ter aqui dado com os costados de suas naus é passível de argumentação no que se refere à colonização empreendida. Sim, os portugueses não foram nada bonzinhos, dizimaram índios, pagavam suas dívidas com a Inglaterra com o ouro das Gerais descoberto por bandeirantes paulistas, mataram Tiradentes e proibiram por dezenas de anos qualquer início de industrialização manufatureira. E claro, a escravidão. Exemplos existem às centenas!

Concordo com isto e acresço que não há desculpa histórica para tanto. Verdade, contudo, que desde tempos da civilização surgida na Mesopotâmia é assim: vencedores de guerras conquistam e se impõem aos vencidos.

Para nós, Portugal nos deixou um legado que nenhuma outra colônia na América Latina teve: a unicidade territorial e a língua decorrente desta. Ora, do México à Argentina várias nações foram formadas depois da independência à Espanha. Mantiveram a língua, mas desmembraram-se territorialmente amiúde.

Nós não. Somos únicos. Somos o País-continente, o maior da AL; o mais industrializado e com uma cultura presente e que se renova. Fácil fica dizer que o idioma é sim um dos vetores da unidade de uma nação. Portugal nos deixou isto. Fácil fica dizer que nossa expansão rumo à Amazônia deveu-se aos patrícios lusos. Sem este esforço, a Bacia Amazônica estaria em mãos de vizinhos ou mais, orbitando na esfera de influência de Inglaterra, França e Holanda.
Dizer, então, que estaríamos melhor se falássemos nederlandse ou english é de uma pequenez que beira às raias da insensatez.

¹(americanos trucidaram várias nações indígenas rumo ao oeste e tomaram por guerra quase metade do antigo território mexicano)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

054 - NÃO AGORA AINDA

O outro cão, maior e mais robusto conseguiu rolar pelo chão de saibro da arena, muito pó levantado pingado com grossas gotas de vermelho. O pit bull não se intimidou e mordeu com vigor o ombro do seu oponente. Mas um felino é... Um felino, e ágil contorceu-se e cravou os dentes na cabeça do cão. Mais uma morte.
Duílio decidira vencer o horror e desceu alguns degraus e aproximou-se ainda mais da contenda para estabelecer o que estava sentindo porque ele nem imaginava. Chegar mais perto quiçá pudesse esclarecer aquele misto de terror e magnetismo. Esqueceu-se por um instante do amigo posto à frente dele no círculo. A onça enfurecida espumava e corria desesperada em círculos, tentando escalar a parede protetora.
O gladiador estralou um chicote. Uma grande rede na outra mão. 
Simão continuava no mesmo lugar e parado com o "senta-e-levanta" que o acometera. Uma vez vira matarem um boi na fazenda de seu tio quando tinha 8 anos (recordava como se fosse hoje; o bicho lutou muito e teve que ser furado por duas vezes no pescoço para morrer). Fora para comemorar o nascimento de seu primo. Todos se fartaram.
Na arena da Grande São Paulo a fartura de matança transcorria. 
"O Duílio debruçado sob o muro da arena? O que ele está fazendo lá?"
Possuída por extrema raiva e temor, o felino avança e pula sob o homem. A rede é lançada com precisão O animal caiu ao chão esperneando e rosnando.
Não acabara ainda para a onça. Imobilizada à força e aplicada nela um dardo tranquilizante o bicho arrefeceu e desmaiou.
Não sabiam que ela voltaria depois para um grande final.
Tudo branco em volta. Tudo empoeirado pelo chão. O ar cheirava a terra e antes que cheirasse a sangue, os dois cachorros foram recolhidos por aquela porta invisível.
Do outro lado da arena, o que se via diferia do outro.
"Cacete. A porta não é onde pensei que fosse. Ou... Espera... É outra porta! Aquela é por onde soltaram a onça, a outra por onde os dois cães apareceram. Pelo menos aqui eu posso fumar. Quanto tempo vai demorar para que se reinicie logo? Querio ir embora mas não vão deixar a gente ir sem que tudo isto acabe de uma vez. Agora ainda não pé a hora".
Pronto. Desta vez o que apareceu foi diferente. Sim, continuaria a luta. Primeiro, outro homem sai com a mesma indumentária. Armado está com uma lança que parece um arpão na mão esquerda, um escudo na direita e no tornozelo amarrada uma faca era vista. O capacete de bronze e a blusa e shorts de fios de aço inspirado nos romanos; as peças outras eram todas da cor da pele. A um palmo de seus pés calçados por sandálias ele joga um saco e o abre.
O teto até que baixo fora projetado para o que se sucederia agora.
Mais um cigarro e quantos fossem necessários Duílio fumaria.
Abutres, cinco, soltos pela portinhola acima do nível dos olhos.
Simão ainda olhando para arena ouve o bater das asas das grandes aves. Embaixo o corpo de um dos cachorros mortos é desembrulhado ao chão.
O senhor daquilo tudo ali fez um pronunciamento
"--- Estranho? Abutre não é bom de briga? Ainda tem mais. Então vejam isto agora. Esqueci de avisar nossos convidados que todos lutadores estão sem comer há 2 dias. A fome faz varrer qualquer instinto de cautela". Uma voz segura com o deboche perceptível.
Eles voam pouco e um por fim descem com aquele jeito de pular que parece alguém com os braços amarrados de ombros largos. Crocitam ferozmente. 
"Estão fazendo o trabalho deles... Não é? Para isto que servem, limpar o terreno". 
Para Duílio aquela cena foi um pausa depois da luta havida antes.
A carcaça começa a ser destroçada. Por outra porta, outra onça, uma fêmea e seu filhote, são empurrados à arena. Do outro lado, uma anta das bem fortes ao sair assustada correndo tromba com a carçaca fazendo as aves levantarem voo. Por pouco tempo; do butim pantagruélico os vulturinos não deixam sobrar nem ossos.
Simão modificara-se: suava como em um dia de verão. Podia sentir o suror escorrer pelos suvacos cabeludos marcando a camiseta; no couro cabeludo, atrás das orelhas. O bigode suar e pronto... Empapara-se ele todo: mexera-se e notou o suor que escorria pelo rego e pelas virilhas. O jeans ficou grudado.
Embaixo viu Duílio nervoso, fumando e estralando os dedos. 
Simão tentou fazer um sinal para ele. 
Que nada, seu amigo absorto debruçado só fumava.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

VIAGEM IX

"Então 'tudo é dor'
Assim mesmo, na lata, na sua cara e no seu corpo o espinho?
Aquele que 'enfinca' em sua pele e o faz sangrar. São os carinhos do espinho.
Derme machucada se resolve com um curativo daqueles até chinfrim.
E mais para dentro, mais para baixo, como é que se cura o buraco que o espinho fez surgir vertendo o precioso líquido?
Boa pergunta e uma má resposta, ele diria.
'Eu não sei'.
E quem sabe nesta vida?
Muito mais do que ejaculações, eu sou feito de tudo que tem aqui neste corpo e cabeça
que de pressionada traz consequências difíceis de lidar.
Bílis na boca. Amarga, amarra e seca sua boca.
Maniatando o antes e o depois, muito além do esporro de prazer.
E eu vendo tudo isto sem se manifestar pelas cansadas falas de um latim que gastei
e por lá ficou, perdido entre tantas expressões modernas anglicistas.
Espinho na carne. 
O que fazer para evitar a infecção, uma
Septicemia pelo meu coração?
Esta não tem remédio porque quem remedeia o faz pela metade,
de maneira superficial, ali mesmo, perto de onde se começa a penetrar na carne 
como um paliativo aos que agora choram e sofrem sem parar.
Vendo assim, percebo que sangramento faz parte do que sou e
Ser assim... Traz-me alguns carinhos espinhosos. 
Será só uma questão de tempo? 
De se acostumar à dor e com o longo tempo que precisará passar para tanto?"

domingo, 16 de outubro de 2011

19 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - DEITADO

Na chuva persistente respingando ao lado de seu rosto ele os via quase sem piscar os olhos com o pescoço virado sentindo perto de onde seu corpo nu colava ao fino carpete cinza o vento frio que o reconfortou fazendo dele menos amargo. 
Virado assim e com a boca repleta pelo gosto do café ele pensava e pensava. Ainda não dormira, nem quereria àquela hora, porque quedava-se assim nestes dias de chuva, neste horário que precede o lusco-fusco. Pensamentos vão correndo por sua mente, os pêlos das coxas eriçados do vendo leve que soprava.
Ele viu tudo. Sempre via tudo. O castelo, o acampamento legionário ainda mais antigo. E o cheiro de mar, mesmo estando quilômetros dele, ardia em suas narinas.
Felino veio e se enroscou em seu ombro balançando aquela cauda felpuda toda laranja com pequenos tufos de marrom. Espalhando os pêlos pelo ar.
Chovia em São Paulo. Ele dentro do aprtamento, ainda com a xícara na mão estava para sucumbir. Cochilou ainda ouvindo uma sirene longe e um trovão que "1, 2, 3, 4, 5... 1, 2, 3, 4..."
E olhava do chão o céu cinzento que despertava nele esta vontade de perguntar, de saber; entender um tantinho de tudo isto. Como um convite que chega sem que se saiba da procedência.
Fecharam as pálpebras.
--- Não agora. Espera mais um pouco só.
Murmurou. Felino moveu seus grandes olhos a ele e também murmurou um miado e acabou por se deitar ao seu lado.
Tudo desta vida ele vira. Ou pensava que vira. Verdade que vira muito e atravessava horas a ficar andando por dentro de sua mente na busca de uma pergunta que ele desejava muito saber. Porque a resposta, durante vida toda de seus 40 anos, ensinou.
Agora o teto.
No mesmo ponto.
--- Talvez eu devesse ter chorado não naquela década. Deveria ter sido antes bem antes.
Felino desta vez nem esboçou reação. Sabia que seu companheiro falava sozinho e nem sempre era com ele que o dono falava (apesar que... O gato respondia mesmo quando sabia que não era para ele; talvez para lhe dar mais atenção?).
Ainda não dormira; àquele momento vasculhava as perguntas que poderiam ter sido feitas lá trás. Sobre ele mesmo e das coisas da vida que se sucederam. Vindas dele, outras à revelia.
Sentiu frio nos pés mesmo com os meiões brancos tão-somente. 
Levantou-se. Felino também. Pegou-o no colo desta vez.
O corredor com um mapa envidraçado na parede tomava a altura toda. Parou ali. Era um velho mapa de uma (antiga) Europa e que datava de muito tempo. Séculos. Adquirira em sua última viagem à Escócia.
Pôs o gato na cama e deitou-se. Durou nesta consciência por poucos minutos e tudo novamente se seguiu.
"---Porque o fosso deveria ser mais raso neste castelo? Não deveria. Por mim, escavaria sem dó o chão dele para aumentar a profundidade. 'Fundura' como eu dizia quando menino.
Viu a nadar dezenas de ratazanas. Não quis mais vê-las. Entrou pelo castelo escocês respirando o ar úmido e daquela vez quis se perder dentro dele".

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MEGA URBANIDADE I

NÚMEROS EXATOS E PROJETADOS
Primeiro que é difícil haver uma combinação entre a realização de recenseamentos nos diversos países afora planeta Terra. Muitos seguiram recomendação da ONU para o biênio e realizaram em 2010, como por exemplo, o Brasil, o Japão, os Estados Unidos, a Zâmbia, a Indonésia, a Argentina, a China e o México; e outros ao longo de 2011, como a África do Sul, a Espanha, a Índia, a Costa Rica, a Itália, a Rússia, a Grécia e Portugal.

A China segue sendo a nação mais populosa com 1.339.724.852 habitantes, ~20% do mundo todo. Já a Índia, em resultados preliminares divulgados, acusou 1.210.193.422 habitantes. O crescimento chinês é cada vez < e projeções de geógrafos, de demógrafos e estatísticos de órgãos, como a própria ONU, calculam que a Índia ultrapassará a China dentre 10-15 anos (só para efeito de comparação o Estado indiano de Uttar Pradesh tem 199.581.477, > que a do Brasil todo!). Juntando as duas nações asiáticas chegamos a 2,55 bilhões! Não é pouca coisa.
Depois, vem Estados Unidos, Indonésia e Brasil.
Mas o quero tratar aqui é sobre as cidades. As mega-cidades que influenciam partes do planeta ou o planeta todo até.
Desde já, aviso que os dados por mim compliados são todos dos respectivos institutos que realizam censos, como o nosso IBGE; assim para os EUA consultei o US Census Bureau, na Rússia o Serviço Federal de Estatísticas, no Peru o Instituto Nacional de Estadística... e assim foi. 
Quando não há censo sendo feito, utilizei as projeções de população feitas pelos órgãos responsáveis; então, existem números exatos e projetados. Mas dá para comparar porque se referem aos mesmos anos...
Procurei por dados que se referissem exclusivamente à área municipal sem englobar regiões metropolitanas respectivas.
Por continente (rol das 5 maiores):
Américas
Reprodução, Am. do Sul, Central e parte do Caribe
1 São Paulo - 11.253.503  c2010
2 Cid. do México - 8.873.017  c2010
3 Lima - 8.219.216  e2010
4 Nova York - 8.175.133  c2010
5 Bogotá - 7.363.782  e2010

Atenta-se que algumas urbes ficaram de fora: Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Buenos Aires, Los Angeles, Chicago, Santiago do Chile e Toronto, todas superiores a 2,5 mi; repetindo que a lista é feita pelo número de habitantes - único critério. Valem menção cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Caracas, Guadalajara, Monterrei, Boston, Dallas, Houston, Filadélfia, Washington, Miami, Atlanta, Boston, São Francisco, Detroit e Phoenix: todas têm RM que congregam mais de 4 milhões de habitantes cada uma. Na América Central e Caribe, apenas as capitais Havana com 1,8 mi e a Cidade Guatemala com 1 mi podem ser citadas. O mapa com vista área do espaço mais precisa é da América do Sul, onde pode se notar o Sudeste do Brasil, região mais iluminada.

Europa
Reprodução, Europa, África e Oriente. Médio
1 Moscou-
11.514.330  c2010
2 S.Peterburgo- 4.848.742  c2010
3 Berlim-
3.460.725  e2010
4 Madri-
3.273.049  e2010
5 Londres-
3.061.100  e2011

Nesta pequena lista, capitais e cidades importantes como Roma, Milão, Paris, Birmingham, Hamburgo, Munique, Varsóvia, Barcelona, Ninji Novogorod, Minsk, Kiev, Karkov, Bucareste, Belgrado, Budapest, Praga, Viena ficaram de fora. Dusseldorf-Vale do Reno (com cerca de 4,6 mi), Atenas (com 3,8 mi), Nápoles (com 3,3 mi), Lisboa, Estocolmo, Copenhague e Turim  não atingem o milhão, conquanto as RMs tenham mais de 2 milhões. É o segundo < continente em área, porém densamente povoado com predomínio de cidades  de tamanho médio-pequeno (inferiores a 150 mil habitantes)

Depois a coisa complica. É o > continente e de longe o mais populoso e que, em razão disto, é lá que se concentram as maiores urbes de todo o planeta; e abriga a grande maioria das megacidades (+ de 10 milhões). Eu estabeleci um critério geográfico. Dividi o continente em dois: Da Tailândia ao Japão e da Turquia a Myanmar (Birmânia).
Ásia 1 (Extremo Oriente e Sudeste Asiático)
1. Xangai -   14.230.992 c2010
2. Pequim -   10.300.723 c2010
3. Seul -    9.794.304 c2010
4. Jacarta -   9.588.198 c2010
5. Tóquio -   8.949.447 c2010
Estes números parciais por si só já demonstram a superioridade no quesito tamanho de cidade pelo mundo afora.  A China ainda tem cinco urbes de 5 a 7,5 milhões. Manila, capital das Filipinas ficou de fora porque a sede tem ~1,66 milhão; vale ressalvar porque a RM 11,5 milhões. Bancoque, na Tailândia, fica de fora com quase 7 mi, além de Ho Chi Min - ex-Saigon - no Vietnã, ~5,9 mi. Relembrando que a RM de Tóquio é mais populosa do planeta: ~36 milhões.

Ásia 2 (Subcontinente Indiano e Oriente Médio)
1. Istambul -   13.120.596 e2010
2. Mumbai¹ -   11.978.450 c2011
3. Délhi -    9.879.172 c2011
4. Karachi-   9.856.318 c1998
5. Daca -   8.511.228 c2011
(¹ antiga Bombaim)
Outras grandes urbes, pode-se verificar. E a exemplo do vizinho chinês, a Índia apresenta 4 cidades entre 4 mi e 8 milhões, assim Teerã capital do Irã tem ~7,8 mi, Bagdá (Iraque) com 4,7 mi. O Paquistão realizou censo agora em setembro portanto a posição de Karachi deve se alterar, e também Lahore deve adentrar à lista.

Os números das cidades africanas são mais difíceis porque  uma série de países realizaram censos há muitos anos e, sendo assim, os números quedam-se defasados.
África
1. Lagos -     9.013.534 c2006
2. Kinshasa -   7.273.947 e2005
3. Cairo -     7.137.218 e2010
4. Alexandria -   4.362.168 e2010
5. Joanesburgo -  3.888.180 e2007
À lista ficaram de fora - principalmente - a sul-africana Cidade do Cabo (3,5 mi) e egípcia Gizé (3 mi); bem como as capitais Argel, Dacar, Abdijã, Luanda, Nairóbi, Dar-es-Salaam, Addis Abeba, além da marroquina Casablanca e Kano na Nigéria, todas com mais de 2 mi. É um continente em que o crescimento das cidades se deu desorganizadamente inchando-as a taxas elevadas nos últimos 30 anos. Lagos e Kinshasa são bons exemplos.

Restou o último a ser descoberto e com a < população e tamanho entre as cincos grandes massas de terra da Terra: Oceania. É um continente atípico formado por várias ilhas - exclusivamente - de todos os tamanhos.
A Austrália compreende mais de 80% do total do território e 2/3 da população; é este país que domina a lista das 5 (fato único entre todos os continentes). As divisões territoriais urbanas apresentam diferentes níveis. Sidney a maior cidade do país, em seu centro administrativo denominado "Local Goverment Areas" (LCA), tem 156 mil habitantes, o mesmo com Melbourne, Adelaide e Perth; Brisbane, caso se levasse em conta este critério, tornar-se-ia a > da Grande Ilha. Entretanto, eu acompanharei os sítios pesquisados que usualmente não fazem mão deste critério.
Oceania
1. Sidney -    4.575.532
2. Melbourne -  4.077.036
3. Brisbane -   2.043.185
4. Perth -    1.696.065
5. Adelaide -  1.203.186
Todas as cidades da Nova Zelândia não adentram ao rol; Auckland e as outras urbes espalhadas e esparramadas pelas ilhas não atingem sequer 400 mil habitantes (aí incluindo Honolulu, capital do Estado americano do Havaí).

domingo, 9 de outubro de 2011

SÃO PAULO É COMO O MUNDO TODO: PRECONCEITO SOFRIDO

DEFESA PACÍFICA DO MEU ESTADO
(citando a música de Caetano - que gosta muito de criticar a 'elite paulista' e que também gosta muito de ganhar $ fazendo shows por aqui para a elite... que engraçado - "São Paulo é como o mundo todo" . E como o Brasil todo)
('Vaca profana', uma de suas melhores)

São Paulo, tanto o Estado como a Capital, são duas unidades administrativas de suma importância para o Brasil; para todos os brasileiros.
Nasci no interior onde o "R" caipira soa como um som nada dissonante, não destoa nem é motivo de piadinhas ridículas sobre o habitante que não mora  em... Na praia de... Deixa para lá. Um R que se espalhou por vasto sertão mineiro, goiano, paranaense, mato-grossense (mas piadas "exageradas" muita gente faz e sempre foi assim..).
São Paulo, Estado do tamanho do Reino Unido; população de 41,2 milhões de habitantes, > que a Argentina; PIB de R$ 1 trilhão, 33,5% do que o Brasil produz, similar ao da Polônia por exemplo; taxa de mortalidade infantil < que 10 %ºº; maior quilometragem de auto-estradas; as duas melhores universidades da América Latina; taxa de analfabetismo metade da brasileira; > reserva natural contínua de Mata Atlântica do Brasil. E vale dizer que na megalópole de 11 milhões tem aldeia indígena, tem clima temperado no Jaraguá e vegetação de serra.
E tem onça! A pintada e a suçuarana.
São Paulo é como o mundo todo mesmo. E tão idiossincrática ao mesmo tempo.
E uma cultura amalgamada por negros, portugueses e índios e que inicialmente foram os formadores do povo paulista; assim como italianos, japoneses, sírio-libaneses, espanhóis, alemães, coreanos, bolivianos... Assim como é também por baianos, pernambucanos, catarinenses, capixabas etc etc... (a cultura do interior de São Paulo - a moda de viola, o cururu, a catira... - é a mais "raiz", quiçá de todo o Estado, e a considero emblemática e valiosa)
Vale mais à pena citar números prodigiosos (para o bem, porque para o mal são sobejamente conhecidos) se falarmos de seres humanos.  Ou seja,  não quero tratar aqui tão-somente de números porque pessoas são mais, muito mais (sem mencionar, reitero, nos problemas que o Estado e a capital bandeirante padecem e que não são poucos).
São tantos os clichês para falar sobre o ESP e a cidade de SP

Gente
Pessoas: negros, brancos, orientais, índios; mulheres, homens; maiorias e minorias; nordestinos, mineiros, paranaenses; ricos, pobres e a "tal" criticada classe média. 
E sofremos preconceito sim (vale dizer que todo mundo sofre né? Mas nunca se fala sobre este preconceito) de várias formas, veladas ou escancaradas. 
Aqui, a gente segue trabalhando, se movendo, criando, vertendo vida, vertendo ideias. Criações esclarecedoras, outras enigmáticas outras ainda não compreendidas/compreensíveis e assim nós, paulistas/paulistanos seguimos com a vida. O mundo é assim

Preconceito numérico.
Este é ruim e que nos prejudica muito. 
Na Câmara dos Deputados há 513 congressistas, dos quais 70 foram eleitos pelos eleitores que habitam o Estado - de Cananeia a Icém, de Ubatuba a Rosana. Seguindo o critério populacional, estamos sub-representados lá em Brasília uma vez que aqui vivem ~22% dos brasileiros mas elegemos somente 14% dos "nobres excelências". 
Errado! Por dois simples fatos:
1. Paulistas estão resolutamente inferiorizados na Câmara. Entretanto, não apenas os de nascimento, mas também acreanos, amapaenses, maranhenses, gaúchos, piauienses, fluminenses, mineiros, sul-matogrossenses, sergipanos... Todos estes compõem juntamente o bloco dos sub-representados. O voto de um habitante de Roraima, ou do Tocantins, ou da Bahia... Vale mais que um voto das pessoas que habitam o ESP.
Isto não é democracia. SP, fazendo a conta simples de regra de 3 deveria ter em torno de 110-115 deputados.
2. Argumento para alguns detratores: o Brasil tem um legislativo bicameral, no qual o outro poder, o Senado, tem 81 "vossas excelências". Fazendo as contas, são 3 senadores por UF que permitem que não haja supremacia de uma unidade da Federação sobre a outra. É para isto que serve o Senado primariamente: representa equanimamente todos os Estados. É a representação igual porque o que conta, neste caso, é a representação de cada UF e não número de habitantes. Acre com 740 mil habitantes tem os mesmo 3 senadores que São Paulo, o que é muito justo. O Senado garante a igual representação entre todos os entes da União, independente do tamanho da população.
Já na Câmara, é o povo que é representado em seus milhões que habitam cada uma das 27 UFs que a República Federativa do Brasil é dividida. Este intervalo de mínimo 8 e de máximo 70 deputados em que podem "transitar" os Estados é um resquício da podre ditadura militar que vigiu no Brasil (a oposição ia melhor nas permitidas eleições nos Estados mais industrializados; com medo de perder o Congresso fantoche à época, os patéticos militares impuseram este limite, dando mais importância a determinados brasileiros em detrimentos de outros brasileiros), o que foi e é muito injusto. Um exemplo: o voto de um eleitor de Roraima vale o voto de quase 13 paulistas (aqui me refiro aos que habitam o território). Então, um roraimense votando é a mesma coisa que 13 paulistas de nascimento ou por adoção indo às urnas.

E não é só São Paulo que é sub-representado na Câmara das "Excelências": Santa Catarina, Pará e Minas Gerais são exemplos. Aí poderão vir novamente os detratores e afirmar que somente então os Estados do 'Sul Maravilha' sofrem com a sub-representação e que estes já tem um domínio político claro, portanto, não deveriam ter mais cadeiras na Câmara (lembrando que o Senado intermedeia esta desproporção poulacional que existe entre as UFs). Ao que me consta o Pará não está situado na Região Norte? Ou aprendemos errado?
E o Ceará? 
E o Rio Grande do Norte?
Estes Estados, em < proporção, também estão sub-representados em Brasília. E por acaso são do Centro-Sul do Brasil? Não, o que demonstra que eles também estão com "gente de menos" em Brasília.
Há que se refazer esta divisão com nenhum equívoco. Sem medo de constrangimentos ou de vozes que gritarão "São Paulo já tem muito". 
Não tem não. Pelo menos não em número de deputados. 
Pra eleger um deputado em RR são necessários ~34 mil votos; no AP ~53 mil; no TO ~119 mil. Já no CE 267 mil; em MG 274 mil; no PA 280 mil; no RN 281 mil; em SC ~284 mil e o absurdo >: em SP são precisos 433 mil votos para eleger o mesmo único deputado. A média brasileira é de ~264 mil.
Meu voto vale menos. Não é justo.
Acrescentando que não penso que deveríamos inchar a Câmara de mais e mais deputados (que medo!), mas sim reposicionar esta divisão habitantes/nº de deputado.
Lembrando que aqui em São Paulo, tão decantado negativamente por alguns outros brasileiros, vive gente do Oiapoque ao Chuí e que todos nós - todos os 41.262.199 milhões - sofremos preconceito político; além deste citado, há o fato de que o último presidente paulista nascido aqui foi Rodrigues Alves, que governou de 1902 a 1906; FHC e JQ nasceram no RJ e MS respectivamente, e o Lula - o quase caudilho - em PE. Construíram suas carreiras políticas aqui sim, demonstrando desta forma que paulista não vota só em paulista, o que pode também ser bom. Porque somos todos brasileiros.
É isto.
Divisão equânime já sem inchar a Câmara. Deve ser como meter a mão em buraco de cascavel.
Ou em um vespeiro pronto para se defender.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CONSUMIR

CARROS E MAIS CARROS
(esta postagem relaciona-se em última análise com a questão do consumo 'exagerado', do crédito fácil e da febre pelos importados que são muitos na lista abaixo; estes representam ~22% do mercado brasileiro. Bem... Fazia tempão que eu não publicava algo assim tão numérico, cardinal. Ainda mais em se tratando do mercado de veículos no Brasil que está anos crescendo, pouco mais pouco menos, mas de forma vigorosa. Tem prós e contras em venderem-se tantos carros assim. Só na cidade de São Paulo, contando automóveis e veículos de uso misto - peruas, furgões, vans peq med e gr, picapes peq med e gr, suvs - a frota chega perto dos 6 milhões! Muito carro!)
Lista dos 30 mais vendidos na RFB, de janeiro até hoje.
Os de sempre estão na frente faz tempo.
1 Gol 227.095
2 Uno 209.439
3 Celta 113.288
4 Corsa Sd 96.908
5 Strada 92.427
6 Fox/Crossfox 91.806
7 Palio 75.095
8 Fiesta 74.200
9 Siena 71.956
10 Voyage 66.552
11 Sandero 60.025
12 Saveiro 54.800
13 Agile 53.788
14 Ka 50.556
15 Prisma 38.612
16 Corolla 38.002
17 Montana 34.348
18 S10 31.845
19 Ecosport 31.175
20 Logan 30.510
21 C3 30.130
22 I30 29.017
23 Corsa H 28.523
24 207 H 27.703
25 Punto 27.274
26 Fiesta Sd 27.210
27 Fit 23.954
28 Hilux 23.200
29 Clio H 20.627
30 Focus H 20.494