domingo, 9 de outubro de 2011

SÃO PAULO É COMO O MUNDO TODO: PRECONCEITO SOFRIDO

DEFESA PACÍFICA DO MEU ESTADO
(citando a música de Caetano - que gosta muito de criticar a 'elite paulista' e que também gosta muito de ganhar $ fazendo shows por aqui para a elite... que engraçado - "São Paulo é como o mundo todo" . E como o Brasil todo)
('Vaca profana', uma de suas melhores)

São Paulo, tanto o Estado como a Capital, são duas unidades administrativas de suma importância para o Brasil; para todos os brasileiros.
Nasci no interior onde o "R" caipira soa como um som nada dissonante, não destoa nem é motivo de piadinhas ridículas sobre o habitante que não mora  em... Na praia de... Deixa para lá. Um R que se espalhou por vasto sertão mineiro, goiano, paranaense, mato-grossense (mas piadas "exageradas" muita gente faz e sempre foi assim..).
São Paulo, Estado do tamanho do Reino Unido; população de 41,2 milhões de habitantes, > que a Argentina; PIB de R$ 1 trilhão, 33,5% do que o Brasil produz, similar ao da Polônia por exemplo; taxa de mortalidade infantil < que 10 %ºº; maior quilometragem de auto-estradas; as duas melhores universidades da América Latina; taxa de analfabetismo metade da brasileira; > reserva natural contínua de Mata Atlântica do Brasil. E vale dizer que na megalópole de 11 milhões tem aldeia indígena, tem clima temperado no Jaraguá e vegetação de serra.
E tem onça! A pintada e a suçuarana.
São Paulo é como o mundo todo mesmo. E tão idiossincrática ao mesmo tempo.
E uma cultura amalgamada por negros, portugueses e índios e que inicialmente foram os formadores do povo paulista; assim como italianos, japoneses, sírio-libaneses, espanhóis, alemães, coreanos, bolivianos... Assim como é também por baianos, pernambucanos, catarinenses, capixabas etc etc... (a cultura do interior de São Paulo - a moda de viola, o cururu, a catira... - é a mais "raiz", quiçá de todo o Estado, e a considero emblemática e valiosa)
Vale mais à pena citar números prodigiosos (para o bem, porque para o mal são sobejamente conhecidos) se falarmos de seres humanos.  Ou seja,  não quero tratar aqui tão-somente de números porque pessoas são mais, muito mais (sem mencionar, reitero, nos problemas que o Estado e a capital bandeirante padecem e que não são poucos).
São tantos os clichês para falar sobre o ESP e a cidade de SP

Gente
Pessoas: negros, brancos, orientais, índios; mulheres, homens; maiorias e minorias; nordestinos, mineiros, paranaenses; ricos, pobres e a "tal" criticada classe média. 
E sofremos preconceito sim (vale dizer que todo mundo sofre né? Mas nunca se fala sobre este preconceito) de várias formas, veladas ou escancaradas. 
Aqui, a gente segue trabalhando, se movendo, criando, vertendo vida, vertendo ideias. Criações esclarecedoras, outras enigmáticas outras ainda não compreendidas/compreensíveis e assim nós, paulistas/paulistanos seguimos com a vida. O mundo é assim

Preconceito numérico.
Este é ruim e que nos prejudica muito. 
Na Câmara dos Deputados há 513 congressistas, dos quais 70 foram eleitos pelos eleitores que habitam o Estado - de Cananeia a Icém, de Ubatuba a Rosana. Seguindo o critério populacional, estamos sub-representados lá em Brasília uma vez que aqui vivem ~22% dos brasileiros mas elegemos somente 14% dos "nobres excelências". 
Errado! Por dois simples fatos:
1. Paulistas estão resolutamente inferiorizados na Câmara. Entretanto, não apenas os de nascimento, mas também acreanos, amapaenses, maranhenses, gaúchos, piauienses, fluminenses, mineiros, sul-matogrossenses, sergipanos... Todos estes compõem juntamente o bloco dos sub-representados. O voto de um habitante de Roraima, ou do Tocantins, ou da Bahia... Vale mais que um voto das pessoas que habitam o ESP.
Isto não é democracia. SP, fazendo a conta simples de regra de 3 deveria ter em torno de 110-115 deputados.
2. Argumento para alguns detratores: o Brasil tem um legislativo bicameral, no qual o outro poder, o Senado, tem 81 "vossas excelências". Fazendo as contas, são 3 senadores por UF que permitem que não haja supremacia de uma unidade da Federação sobre a outra. É para isto que serve o Senado primariamente: representa equanimamente todos os Estados. É a representação igual porque o que conta, neste caso, é a representação de cada UF e não número de habitantes. Acre com 740 mil habitantes tem os mesmo 3 senadores que São Paulo, o que é muito justo. O Senado garante a igual representação entre todos os entes da União, independente do tamanho da população.
Já na Câmara, é o povo que é representado em seus milhões que habitam cada uma das 27 UFs que a República Federativa do Brasil é dividida. Este intervalo de mínimo 8 e de máximo 70 deputados em que podem "transitar" os Estados é um resquício da podre ditadura militar que vigiu no Brasil (a oposição ia melhor nas permitidas eleições nos Estados mais industrializados; com medo de perder o Congresso fantoche à época, os patéticos militares impuseram este limite, dando mais importância a determinados brasileiros em detrimentos de outros brasileiros), o que foi e é muito injusto. Um exemplo: o voto de um eleitor de Roraima vale o voto de quase 13 paulistas (aqui me refiro aos que habitam o território). Então, um roraimense votando é a mesma coisa que 13 paulistas de nascimento ou por adoção indo às urnas.

E não é só São Paulo que é sub-representado na Câmara das "Excelências": Santa Catarina, Pará e Minas Gerais são exemplos. Aí poderão vir novamente os detratores e afirmar que somente então os Estados do 'Sul Maravilha' sofrem com a sub-representação e que estes já tem um domínio político claro, portanto, não deveriam ter mais cadeiras na Câmara (lembrando que o Senado intermedeia esta desproporção poulacional que existe entre as UFs). Ao que me consta o Pará não está situado na Região Norte? Ou aprendemos errado?
E o Ceará? 
E o Rio Grande do Norte?
Estes Estados, em < proporção, também estão sub-representados em Brasília. E por acaso são do Centro-Sul do Brasil? Não, o que demonstra que eles também estão com "gente de menos" em Brasília.
Há que se refazer esta divisão com nenhum equívoco. Sem medo de constrangimentos ou de vozes que gritarão "São Paulo já tem muito". 
Não tem não. Pelo menos não em número de deputados. 
Pra eleger um deputado em RR são necessários ~34 mil votos; no AP ~53 mil; no TO ~119 mil. Já no CE 267 mil; em MG 274 mil; no PA 280 mil; no RN 281 mil; em SC ~284 mil e o absurdo >: em SP são precisos 433 mil votos para eleger o mesmo único deputado. A média brasileira é de ~264 mil.
Meu voto vale menos. Não é justo.
Acrescentando que não penso que deveríamos inchar a Câmara de mais e mais deputados (que medo!), mas sim reposicionar esta divisão habitantes/nº de deputado.
Lembrando que aqui em São Paulo, tão decantado negativamente por alguns outros brasileiros, vive gente do Oiapoque ao Chuí e que todos nós - todos os 41.262.199 milhões - sofremos preconceito político; além deste citado, há o fato de que o último presidente paulista nascido aqui foi Rodrigues Alves, que governou de 1902 a 1906; FHC e JQ nasceram no RJ e MS respectivamente, e o Lula - o quase caudilho - em PE. Construíram suas carreiras políticas aqui sim, demonstrando desta forma que paulista não vota só em paulista, o que pode também ser bom. Porque somos todos brasileiros.
É isto.
Divisão equânime já sem inchar a Câmara. Deve ser como meter a mão em buraco de cascavel.
Ou em um vespeiro pronto para se defender.

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