domingo, 30 de outubro de 2011

VIAGEM XI

Semeadura acontece durante a vida até o último dia dela,
gravuras arritmadas das pessoas
das coisas
dos lugares
das músicas, e
os restos de histórias que se perderam.
Ventania daquelas de uma noite que faz ranger portas da velha casa do interior,
bater e escancarar o medo
de ver tudo a se perder pelo continente invencível de seu coração 
tomado como plágio aos romanos e sua legiões de cada um de nós, de cada parte dele; qualquer flor trazida pode ser uma de cacto. 
De uma resiliência teimosa contra o tempo.
"Vai embora agora. Acabou mais vez e sem repetir" ouviu alguém lhe dizer roucamente
perto de seu ouvido com um pudor nada escondido.
Colheu, porque se colhe a vida inteira, mais coisas do que havia plantado
porque mais pessoas passaram por ele que de tão lá trás ele só traz
as coisas que ficaram;
a memória rota nestes dias permenece presa àquela velha casa de porão alto
e de teto assoalhado, no quintal de grama para correr e terra e árvore para subir e escapar.
Segurança. Nunca mais a tivera assim, nem o muito dinheiro de agora, 
nem aquele amor
empoeirado ocupando um espaço menor... menor
aconteceu e acabou; esteve ligado a este amor, uma película com um final que nunca aconteceu.
Das pestes que eu falava nos momentos piores
elas causaram infecção tamanha em você e você recuou.
Foi uma rasteira na minha segurança já débil, esquálida como 
a vergonha pelos africanos famélicos.
Tangido como mais um número e derramado na fúria, carreando dor e morte como a peste de Judas
transformou-se em um adormecido rosto de quietude,
de tipo bom e sereno já no final de uma colheita. Será a última logo mais.

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