quinta-feira, 27 de outubro de 2011

DESTAS LETRAS, DESTES SONS: O PORTUGUÊS

RÁPIDA ANÁLISE GEOGRÁFICA E HISTÓRICA DO IDIOMA PORTUGUÊS
Reprodução
Os acontecimentos se sucedem desde que o tempo é tempo neste espaço habitado por tanta gente. Inequivocadamente, e sem que possamos detê-los.
Avançamos no progresso material durante todo este tempo por razões óbvias, por razões ocultas e por razões que se encaixam mais à moda canalha tão grata para alguns de nós. Toda uma rede intrincada de interesses fez da história da humanidade um sem-fim de guerras, acordos e de rompimento destes. O adversário de ontem pode ser o aliado de agora; o amigo de agora pode ser o inimigo a ser vencido logo mais.
Assim tem sido desde que o mundo é mundo. É tudo igual em qualquer categoria que se queira enquadrar o homo sapiens sapiens e seu status quo com relação a vencedores e vencidos, condição sine qua non para que um equilíbro se restabeleça forçosamente... Até o próximo conflito de interesses. Incluindo, por certo, até as relações mais "comezinhas", o quadro não se altera tanto. Aqui, no outro lado do Atlântico e no Oriente é tudo mesmo balaio de gatos a se medirem com suas respectivas réguas uns aos outros.

Conquistar, colonizar e explorar. Assim se guiaram povos, representados pelos seus reis, a incursionar pelo oceano Atlântico e descobrir o que estava lá, aparentemente "sem dono".
Por aqui nossos descobridores (reitero, sempre para o bem e para o mal) foram os portugueses, em 1500, pelo navegador Pedro Álvares Cabral.
Voltados e atentos de forma indubitável mais ao mar que aos assuntos europeus propriamente ditos - mas sendo afetado e muito por eles - debruçaram-se diante das novas terras. Fazer um "imenso Portugal".
Recordando o fator de o território continental português ocupar apenas 1/6 da península Ibérica, ao lado da sempre poderosa Espanha. Com a vizinha 5x >, Portugal se viu compelido ao oeste (o país é ligeiramente < que o estado de Santa Catarina com cerca de 92 mil km², incluindo os Açores e a Madeira).
Não havia por onde crescer em terras na Europa.
A rota comercial do Mediterrâneo era dominada pelas italianas República de Veneza e pela cidade-estado de Gênova.
Em 1453, turco-otomanos conquistam Constantinopla acabando com o então moribundo Império Bizantino e dificultando ainda mais o comércio pelo antigo Mare Nostrum romano; nada havia a ser conquistado no litoral deste.
Primeira nação estebelecida enquanto tal segundo algumas fontes históricas, a Portugal  restaram então os "mares nunca dantes navegados".
Primeiro império colonial, Portugal teve sob seu domínio diretos terras em todos os continentes, somando quase 11 milhões de km².

Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tome e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor-Leste formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP (a Guiné Equatorial - ex-colônia da Guiné Espanhola, demonstrou interesse em aderia à CPLP e as tratativas já se iniciaram).

Além dos supra, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Guianas, Trinidad e Tobago, Curaçao, Bonaire e Jamaica nas Américas; Ceuta, Tânger, Casamance (região sul do Senegal), Libéria, Costa do Marfim, Gana, Anobom e Bata (ilha-província e território continental da Guiné Equatorial), Gabão, Zanzibar (Tanzânia), Mombaça e  todo litoral do Quênia, na África; várias possessões na península Arábica (Ormuz, Mascate, Bahrein entre outras) e na Índia (Goa, Damão e Diu as principais), Colombo e Ceilão (atual Sri Lanka), na Malásia, em diversas ilhas da hoje Indonésia, Macau (que pernameceu português até 1999) na China e feitorias em Taiwan e no Japão, na Ásia e Oceania. Na Espanha, única nação fronteiriça com Portugal, o galego-português falado ao norte do rio Minho na Comunidade Autônoma (CA) da Galícia, e regiões de fala lusófona na CA de Extremadura.

Todos estes territórios tiveram contacto com os lusos e suas falas; alguns destes contactos se realizaram em dominação: tanto de poucos anos, como outros por mais de 5 séculos. Mencionando que quando dom João VI veio ao Brasil em 1808 fugido das tropas francesas do insane Napoleão (mais um na história; é o estereótipo da persona de hospício!), em represália, invadimos a Guiana Francesa anexando-a à capitania do Grão-Pará. Em 1821 invadimos o Uruguai e formalizou-se assim a província imperial da Cisplatina; no ano seguinte, em São Paulo, Dom Pedro I proclamou a independência. Em 1817 devolvemos aos franceses a colônia de ultramar; em 1828 o Uruguai alcançou a independência. E o uruguaio, em meu entendimento, é o mais afável dos vizinhos na compreensão do português.
Foi no Brasil que os 'portugas'³ seguiram o preceito "crescei-vos e multiplicai-vos". Misturaram-se aos primeiros habitantes, os índios e aos negros trazidos pelo tráfico negreiro. A gênese do povo brasileiro. E foi uma boa mistura.
Será que algum português no passado poderia imaginar um dia que o Brasil teria a importância que tem hoje? Importância esta que significou - e significa - a sobrevivência do próprio idioma, para citar. Com mais de 192 milhões de habitantes, o Brasil é o responsável por 80% dos que se comunicam nesta variante do latim - a "última flor do Lácio". Hoje estimativas figuram nosso idioma com o sendo o 7º mais falado: entre 250-270² milhões de pessoas no mundo todo. Este número vale àqueles que o tem como língua materna (oficial ou não) e como segunda língua.

Portugal tem 10.561.614 habitantes, de acordo com os resultados do censo de 2011; número inferior ao registrado no município de São Paulo (11,2 mi). Não é muito, mesmo se considerarmos os parâmetros do Velho Continente onde há em torno de 60 idiomas; de cabeça me recordo de 9¹ deles que têm mais falantes que o português, excluindo o turco.

São números tão-somente. E números servem para mensurar quantidades, não qualidades.
Pelas graças dos colonizadores falamos hoje este idioma aqui, este que você lê e consegue entender tudo o que foi escrito; mais, sabe contar o que leu. Pode ter argumentos a favor ou contra sobre o conteúdo desta linguagem, sobre o que estas letras representam; esta é a nossa comunicação.

E de tão sonora que é, a língua portuguesa não vai ser engolida nunca por nenhuma outra, quer seja pelo espanhol ou pelo inglês.  
Reprodução, províncias de Angola
Do lado de lá, mais ao norte está Portugal e - para o bem unicamente no caso - falamos e nos entendemos sem haver necessidade de tradutores; e de frente para nós está Angola, país com cerca de 20 milhões de habitantes com o qual também compartilhamos longa história; boa parte dela manchada de vergonha indelével, é verdade. Os tempos, hoje, mudaram e para melhor nesta troca.
É uma relação nova, desperta, que ainda não tem a grandeza da sonoridade e da escrita que o português nos dá e nos dá de canja.

¹ russo, alemão, inglês, francês, italiano, ucraniano, espanhol, romeno e polonês (possivelmente o servo-croata e o húngaro)
² Estados Unidos, Japão, Argentina, França e Guiana Francesa, Macau, Malásia, Venezuela, Canadá, Reino Unido, África do Sul, Bolívia, Alemanha, Paraguai, Uruguai, Suíça, Espanha, Austrália, Luxemburgo e Bélgica são países com expressivas minorias de falantes do português
³ o substantivo "portuga", corruptela de português - nascido em Portugal -, consta como "depreciativo ou pejorativo no dicionário Aulete; não é assim que vejo e ouço por aí, nem empreguei o termo com esta conotação. Usei-o em um sentido de proximidade, de afeto inclusive.

Nenhum comentário: