sábado, 30 de junho de 2012

42 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - MEMÓRIA ALEGRE DO TEU RISO

Reprodução- o cérebro registra e não esquece
Tempos atrás, que parece que a memória se perdeu misturando frases, cheiros, cores, lugares... Mas a visão do riso e o som do riso eram tão... Tão cheios de amor, de ternura, de um conforto que nunca mais teve.
Faz anos e anos. Ele nem sabe mais como é isto. Ele sabe que o som e a imagem do riso são vívidos entranhados em sua memória reservada ao sentimento que nutriu um dia.
Seguem-se os dias e tudo o mais vai junto de sopetão: hoje, o que ficou é uma doce sensação, que, mesmo de um choro contido, chega a se apresentar quase de maneira espontânea.
Tanto tempo assim?
Houve um tempo em que ele fora mais feliz e mais feliz; sem sobressaltos, sem surpresas. Havia paz, pacifismo que só o amor pode trazer. De uma calma alentadora da vida dura.
Quanto ao riso... Bem isto não acontece mais, mas ele não chora por isto. Ele tem seu castelo invencível, indestrutível e é lá que agora ele obtém conforto.
Porque o som alegre do riso não vai existir mais nesta vida.
Os dias daquele tempo que nem durou tanto tempo assim não voltam mais; nem devem voltar.

"Quando eu escutava teu riso, podia não estar no mesmo quarto que você... Ficaram tantas marcas. Ah, e às vezes que você acordava cedo aos domingos, ligava televisão, ia à cozinha fazer o café, sentava-se no sofá gordo e aconchegante e xícara na mão ficava assistindo às séries americanas dos anos 90. 'São as melhores', você dizia. Recordo-me que em algumas destas manhãs, quando saía não fechava direito a porta de nosso quarto - não sei se para me acordar com o cheiro de café pela casa -; não sei o porquê com certeza. O que sei é que quando eu abria os olhos naquele acordar gostoso mesmo, escutava você rindo na sala, você gargalhava vendo as tais séries. 

Recordo também que eu ficava na cama, sonolento preguiçosamente, só para ouvir sua risada. Aquilo trazia uma paz para mim. Acho que nunca falei isto com você. Devia ter comentado naqueles quase dois anos que namoramos. Ouvindo seu riso, eu começava o meu dia sorrindo de leve de cara amassada no quase escuro, contente por ouvir que você me dava isto sem nunca ter sabido. Este prazer/sensação eram meus. Recordo também que eu acabava por rir de você, um tantinho mais alto, o que fazia você se levantar e me espiar pela fresta do quarto. 'Acordei você né? Estava aqui vendo tevê e rindo muito. Ah, você sabe!'. Como eu quis mais, como eu quis todo dia. Acabou, seu riso não escuto mais, seu sorriso de sol que brilha não vejo mais. Morrer daquela forma que morreu... Não foi nada justo Nem consegui falar tudo para você".

As lembranças acontecem para ele. Acontecem para todos e acabam que se finalizam - pelo menos esta - em uma tristeza atroz, trazendo a vontade de chegar em seu castelo para ver o conselheiro-mor e o príncipe herdeiro felizes ao abrir as trancas da cidadela sitiada pelo mundo. Deitar-se no chão da sala e ver o mesmo mundo pela sacada, bem seguro. Para dormir em sono solto, largado, esparramado. Mais tarde, pelo meio da noite, o caminhar para o quarto que tinha a porta entreaberta em alguns domingos.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

VIAGEM LVIII - OBSERVANDO OS 'PIORES'

Reprodução
Pelo meio da semana, às quartas - que não é lá, nem cá, parece que não é nada -, seu passeio pelas ruas, avenidas, alamedas feita de asfalto e piche constima ser mais desafiadoras. Porque? Bem, ele mesmo não sabe ao certo; do que tem certeza é que é bom acabar com a alegria do fim de semana que se avizinha logo na quarta - o meio. São os piores, os maiorais em ser pior em qualquer maneira que se pense. A lista é longa, porém nunca esquecida em sua mente perscrutadora, janela de observância por São Paulo.

--- Se é para acabar logo com os piores, aqueles que pensam e torcem pela sexta-feira, pelo "descanso", bom começar hoje. Começar? Eu nunca terminei para recomeçar!Hahaha. Nem pretendo terminar.

Passeando pela cidade  que não tem fim, só começo, a observação é pré-requisito número 1; não porque ele possa cometer algum erro primário - isto é fora de cogitação - mas somente pelo fato de que alguns merecem encontra´-lo antes de outros. Daí a observação atenta e mais uma vez perscrutadora. Porque de erros é que a vida é feita para os outros mortais do planeta e para ele, único neste mesmo planeta, não lhe é permitido nenhum erro caso contrário o mundo vai ficar bem pior do que realmente ele já é. Decidira que não erraria nunca mais depois daquele dia que "erraram" com ele no diagnóstico, na amizade, no $, no amor, na vida. E a raiva que sentira por tempos hoje é só pó: serve para ser varrido do mapa das observações mundiais que ele realiza todo o tempo disponível que possui.

Dos olhares atentos: os primeiros a serem escolhidos.
(não necessariamente, mas em geral são estes) 
Das escolhas: sem medo e sem dó de executar.
(quando está perto, é categórico e sabido que as chances de escapadas holywoodianas são perto do "0")
Dos métodos a executar: o mais rápido e nem tão indolor.
(se vão desta para uma pior e irão rápido, porque não um tiquinho de dor?)
Dos esconderijos: não existem e tudo é feito e largado por lá mesmo.
( pior seria arrastar algo junto)

As voltas pela cidade esperarão depois de seu trabalho com o semi-novo sedã de velho já estacionado virando a esquina no estacionamento que cobra mais caro que todos porque é o "melhor": sempre tem vaga. Hoje, ao deixar o carro lá, viu que tudo por ali deve ser melhorado uma vez que de pior não é possível "melhorar".

 ---"Só se eu 'melhorar' o pior deles por lá. Acho que dá, faço dar. Muito frescura de imbecis e misturada com muita testosterona vã de mentira e eivada de preconceito vertido. Hum... Adentrarão na lista, ou melhor, subirão algumas posições. Por isto que eu observo todos o quanto posso. Queria poder mais assim viveria mais em um mundo mais educado. É isto".

Faltam algumas horas tão-somente e a observação só se faz aumentar, chegando ao ponto de frenesi de  besta-fera (= a muitos por aí, com a diferença que a sociedade gosta e aprova). É assim, hoje, quarta-feira - o dia do meio -, deve ser de trabalho intenso sem trégua, mesmo porque nunca lhe dera trégua a ele mesmo.

sábado, 23 de junho de 2012

41 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - CHUVA E FRIO EM SÃO PAULO

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Estava mesmo um frio doído, daqueles que cortam as pontas das orelhas do doutor Spok e narizes gregos aos montes espalhados pela cidade. Guarda-chuvas de todos os tipos e justamente naquele dia, na sexta-feira, ele deixara o grande  corvo preto de cabo curvo em casa, na área de serviço.
Teria que comprar um na saída do metrô; compraria dos pequenos, porque têm alguns vários guardados no castelo que ninguém pode derrubar.

Porém sentinelas hoje não guardavam a ponte da entrada deste castelo, o instransponível.
Só quando ele "permitia" que lá estivessem, como em suas viagens oníricas transpassadas de referências e empaladas pelo tempo que insitia em voltar quando dormia a sono solto.
A chuva envolve a grande megalópole do Brasil. Capotes, cachecois, sobretudos ("uma instituição do Velho Mundo? Ou norte-americana", perguntava-se toda vez que se deparava com uma pessoa "adornada" com ele, em geral, no espécie masculino dos homo sapiens sapiens... Razão deveria se dar porque assisitira tantos filmes de suspense e policial quando mais novo e todos os herois e vilões trajavam a peça fundamental para o rigoroso inverno do norte). Em São Paulo, se usa em dias de intenso frio sem trégua, em dias nublados e de fina garoa

--- Que de garoa... Virou chuva fina, de inverno, que demora horas para passar. Porque do balde de chuva do verão, esta aqui é insistente e teimosa: vem e fica. Igual ao que aparece quando ando pelas estradas úmidas vestidas de limbo. Parecem me perseguir.

Calçadas molhadas, ruas encharcadas e carros passando sem cessar em um frenesi de chegar em casa antes do grande horário de pico (todos, em fato, estão dentro dele). Caminhar calmamente protegido (?) por um guarda-chuva de quinta categoria pode ser mais relaxante do que apressar-se em ir embora que, inevitável, causará congestionamento de braços erguidos, pontas dos raios dos guarda-chuvas nas caras, ombros molhados e espera embaixo de marquises.
A água alcançou a a segunda meia que pusera hoje para enfrentar o frio da manhã, os 7°C marcados nos termômetros nem sempre com manutenção correta. Até ficara um pouco com os pés apertados por conta do meião a mais dentro. Preferia assim, sem ficar tremendo e sentindo suas costas lá no fim geladas.

--- Frio e umidade sem proteção já chegam pelos caminhos serpenteados de altos e baixos feitos até o castelo perdido em névoa densa, com pés descalços. Nunca é fácil de achar o danado, fica andando e andando. Agora sem chances. Engraxarei de novo os sapatos logo que chegar porque a umidade pode mofar e de mofo... Limpei com muito esforço as paredes emboloradas da construção. Repetir todo este cansaço depois da limpeza? Obrigado, mas eu vou pular.

Satisfez-se em poder andar sem correr para transcorrer a distância restante, ao contrário dos pedestres outros que, ziguezagueando, vertiam em seus semblantes aquela que é a inimiga da perfeição. 
"Perfeição, e porque alcançá-la? Prazeres hedonistas, estética como primeira graduação e tudo o mais que os bilhões valorizam... Tudo para buscar a perfeição. Estou começando a tremer de frio e não vou sair igual barata fugindo do inseticida.

Percorreu o resto do caminho lentamente sem se importar com os pés praticamente encharcados com a garoa que teimava em embaçar seu óculos de míope atrapalhar um bocado sua paciência. Tirou-os e guardou no bolso interno do sobretudo. Molhado e começamndo a tiritar de frio, suspirou em felicidade plena em saber de sua cidadela seca, de temperatura tépida e cheiro de café logo mais pela casa. Sorriu, porque pelo menos não haveria sentinelas postadas sob chuva para vigiá-lo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

VIAGEM LVII - DURANTE O JOGO

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Ele não via como uma tarefa que pudesse ter final tudo aquilo que fez e que ainda faz e que ainda fará durante um bom tempo porque fora assim determinado. Ele que determinou quando começar e nunca parar.
"Sempre há algo para fazer", porque aqui como em nenhum outro planeta (des)povoado que existe no sem-fim universal - a expansão avassaladora que tudo contém e consome -, os acontecimentos, como protagonistas os pulhas humanos com sua paraférnália moderna e comestível, vivem fazendo e acontecendo. "Esperem. Estou chegando" era o que pensava tão logo como se pudesse responder apenas em pensamento o trabalho a executar.

"Apesar que existem mais e menos comestíveis, cada qual com seu atrativo no lombo para poder melhor ganhar a vida. Até eu mesmo faço uso quando não tem mais jeito e a vontade se desespera. Cada qual faz como pode ou quer e cada qual que arque como pode com as consequências da atração".

E as coisas não param de se suceder, sem cessar. Enquanto alguns em vigília, outros descansam e se metem com eles mesmos. Os acordados se metem com os outros; a tal "interação" humana tão falada, tão apregoada e tão pocuo feita de maneira convincente.

---Pelo menos para mim, nada convincente é. Só o que eu faço convence a mim e aqueles com os quais eu me encontro quando ando por aí: eles sentem, veem e ouvem. Está ótimo! Convencimento prévio é para moleque pequeno quando se trata de mostrar as artes que eles supõem fazem. Arte? Cadê? Que de arte, nada convence.

Nos passeios pela cidade, sempre pelo asfalto durante estas semanas, o jogo se inicia tão logo sinta o cheiro de chocolate ao leite derretido dentro do semi-novo sedã de velho, de cor cinza chumbo, e claro, metalizada. "Assim passo mais discreto possível me parecendo com vários. Mimetizo-me à moda memória mnemônica"
São as tais ligações covalentes (das combinações elétricas que permeiam tudo) que aprendera lá trás com aquele professor de química para lá de idiota e que nunca conseguira se fazer entender, pelo menos para ele. 

"Queria encontrar com este imbecil extremo hoje e lhe mostrar que o imbecil de quatro costados em covalência cresceu e que hoje é ele quem determina se você continua ou descontinua. Poderia procurar pelas redes sociais".

Seria mais um jogo sem final, só com começo e meio... Eletrizante começo, diga-se nervoso, irriquieto.
Cartões de advertência inexistem porque estas já foram repassadas à exaustão pela vida e as faltas permaneceram com um recurso canalha bem à moda dos carcomidos que batem, correm e sugam; e tripudiam.

---Estes? Sobrarão alguns para contar? Quando sobram? Só se eu abdicasse do jogo, assistisse da plateia gritando a cada disputa, como eles todos fazem e se gozam ejaculando uns aos outros feito imbecis empalidecidos pelos (de verdade) espertos. Estes aí do jogo se enganaram 180° porque da plateia eu quero o silêncio de morte e a atenção e pelas disputas eu entro antes do fim e fico. Saio antes dos holofotes, entrevistas e respiração ofegante. 

Riu de morrer agora se imaginado sob luzes de câmeras de televisão e falando "professor isto, professor aquilo".
Voltas pela área central da cidade: avenida Rio Branco, depois na Duque de Caxias; Largo do Paissandu, vira na rua São João com Ipiranga (que não aconteceu nada ainda). Passando pela praça da República, de novo pelo Edifício mais alto dee são Paulo. Estaciona em local proibido para ver o edifício mais alto de São Paulo, esticando o pescoço para fora da janela. "A queda deve parar qualquer coração suicida antes da 'penúltima descoberta' em perceber que não tem mais jeito".
No jogo de hoje, uma goleada matadora de eletrizar os mais incautos e desavisados. "É o que mais tem para hoje: eu animado, disposto a perpetuar o jogo e os vacilões arrogantes".

segunda-feira, 18 de junho de 2012

SÃO PAULO, A RENDA

300 mil habitantes, renda per capita
Retomando a postagem anterior, escrevo desta vez acerca a renda no estado de São Paulo acrescentando alguns dados compilados de maneira a obedecer uma região geográfica. Fazer isto no escrito logo ali atrás tornar-se-ia tarefa inglória como as glórias entoadas muito timidamente (...) sabe se lá por quem pode.
Pelo fato de deter a maior população, 2x maior que Minas Gerais - o 2º -, a mais populosa região metropolitana do Brasil e maior malha urbana de cidades com mais de 300 mil habitantes no interior entre todas as UFs: são razões mais que pertinentes para destrinchar o assunto de maneira desprentesiosa.

Diferente de antes, não farei a comparação entre o município de maior renda com o de menor renda, porque a discrepância seria (e é) maior. Preferi então, elencar as urbes com mais de 300 mil em regiões geográficas: Grande São Paulo e Interior; mas em se tratando de São Paulo, fiz outras comparações, como verão a seguir.

São Paulo, estado, tem renda per capita de R$ 26.202, superior à nacional de 16.918.
São Paulo, município, tem renda per capita de R$ 35.272, superior à estadual.

A-] Região Metropolitana
1) ABCD

01º    São Bernardo do Campo 35.680
02º    Diadema 25.066
03º    Santo André 21.844
Considerações: Desta trinca (na 'clássica' falta o "C", de São Caetano do Sul) apenas São Bernardo tem nível elevado para os padrões paulistas; os outros se situam pouco abaixo da média estadual, ainda assim, bem acima da brasileira. Todos fortemente industrializados.

2) Metropolitana

01º    Osasco 43.994
02º    Guarulhos 24.994
Considerações: Segundo maior PIB municipal e superior a muitas capitais (em população também), Guarulhos não logra sucesso no quesito renda individual; Osasco tem uma das maiores entre os grandes de SP.

3) Outros da RM Grande São Paulo

01º    Mogi das Cruzes 20.552
02º    Mauá 15.750
03º    Itaquaquecetuba 07.964
04º    Carapicuíba 07.813
Considerações: o que se nota é o fato de que esta subdivisão apresentar os menores índices de renda (e de qualidade de vida como um todo) entre os grandes e também com níveis abaixo de alguns estados menos desenvolvidos do Brasil.

B-] Interior
1) Litoral e Vale do Paraíba

01º    Santos 54.055
02º    São José dos Campos 35.751
03º    São Vicente 08.762
Considerações: Santos é o município de maior renda entre os que têm mais de 300 mil habitantes, em razão do porto (mais movimentado do país) e por ser cidade turística, ao contrário de sua vizinha São Vicente, com renda pouco superior à metade da do Estado; a capital do Vale é fortemente industrializada, além de ser polo tecnológico.

2) Médio Tietê
01º    Jundiaí 47.396
02º    Campinas 29.732
03º    Piracicaba 26.031
04º    Sorocaba 24.272
Considerações: Destaque para Jundiaí, centro industrial com localização previlegiada entre duas regiões metropolitanas: São Paulo e de Campinas; esta tem o maior PIB do interior do Brasil (superior a grandes capitais como Recife, Goiânia e Belém), e agrega um polo educacional e tecnológico. Piracicaba (centro metalúrgico e sucroalcooleiro) e Sorocaba (indústria em geral e serviços) com valores ligeiramente inferiores à média estadual. Todos localizados na região mais desenvolvida do interior de SP e do Brasil.
3) Oeste e Norte
01º    Ribeirão Preto 26.084
02º    Bauru 18.906
03º    S. José do Rio Preto 18.776
04º    Franca 12.753
Considerações: região de intensa atividade agropecuária e em menor grau, no setor de comércio e serviços; o destaque fica por conta de Ribeirão Preto. Demais possuem valores bem abaixo da renda apurada em São Paulo (Franca alcança 65% da renda estadual).

sexta-feira, 15 de junho de 2012

BRASIL, A RENDA

O Brasil - País-continente de grande penetração ocidental América do Sul adentro e largamente debruçado nas franjas central e sul do oceano Atlântico - apresenta homegeneidades e heterogeneidades que são perceptíveis a qualquer que seja, de relance apenas, mais atento. Estas heteros e homos são de carácter social, econômico e cultural, além de outros fatores que também poderiam ser elencados de forma abrangente.

O idioma que falamos do Rio Grande do Sul a Roraima, do Acre à Paraíba é um só: este, quiçá, tenha sido o maior legado que a antiga metrópole, Portugal, nos deixou. E não resta dúvida que falar a mesma língua em um território vasto como poucos há sobre a Terra é sim uma das premissas que corroboram para a nossa unidade político-administrativa.
Bem, feita esta ressalva... Tratarei de uma das heterogeneidades que o Brasil apresenta de longa data: a renda per capita dos Estados cuja variação do < para o > realiza-se de tal forma que impossível não causar um mínimo de perplexidade. 

Variação em R$ [entre as Unidades da Federação (estados e o Distrito Federal - UFs)]:
6.051 a 50.438
Brasilienses detêm renda per capita/ano 8,3 vezes > que os piauienses.

Dividi as 27 UFs em três listas, segundo critérios apresentados a seguir. Creio que fique mais fácil de lidar com tantos números.
A) Temos os 10 primeiros colocados:

01º DF 50.438
02º SP 26.202
03º RJ 22.103
04º SC 21.215
05º RS 19.778
06º ES 19.145
07º MT 19.087
08º PR 17.779

Brasil 16.918
09º MS 15.407
10º AM 14.621

Considerações: Não é á toa que o Distrito Federal encabeça a lista (com quase o dobro do segundo colocado, o estado de São Paulo que produz 33,5% do PIB total da República Federativa do Brasil). Uma razão preponderante: é a capital do país com muitos servidores públicos trabalhando nos vários órgãos federais. Ainda veem-se todas as UFs da Região Sul e mais a nova fronteira agrícola do país no Centro Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; e o Amazonas, única da região Norte em razão da Zona Franca de Manaus.
Portanto, das 27 UFs em que o Brasil é dividido administrativa e politicamente, somente oito logram ter renda média acima da nacional. Estes a puxam para cima (os 5.565 municípios do país não são objeto de pesquisa nesta postagem).
B) Vem então uma outra parte da lista, na qual listam-se UFs com renda acima de R$ 10.000.

11º GO 14.447
12º MG 14.329
13º RO 13.456
14º RR 13.270
15º AP 11.817
16º TO 11.278
17º AC 10.687

Considerações: esta lista é mais "esquisita" em meu entendimento. cinco estados da Região Norte, com populações e PIBs estaduais  pequenos em volume; e Minas Gerais, 3º maior do país economicamente falando e 2º mais populoso entre todas UFs. Existem muitas razões para que Minas não esteja lá, mas também longe da rabeira: e uma delas é o grande fosso de renda que separa as sub-regiões Norte e o Vale do Jequitinhonha - mais pobres - do Centro Sul [incluindo BH] e do Triângulo, mais desenvolvidas. Nenhum outro, entre os grandes do país, apresenta tamanha disparidade entre regiões.

C) Finalizando, aquelas 10 UFs com renda inferior a R$ 9.999.

18º SE 9.787
19º BA 9.365
20º PE 8.902
21º RN 8.894
22º PA 7.859
23º CE 7.687
24º PB 7.618
25º AL 6.728
26º MA 6.259
27º PI 6.051

Considerações: nesta última divisão, estão todos os estados da Região Nordeste, com cinco deles ocupando as derradeiras colocações; e mais o Pará, no Norte, a menor renda da e maior população de sua região. Apenas Sergipe, que tem o menor PIB e população, se aproxima da lista do meio (dos R$ 10 mil); e a Bahia aparece na sequência, UF que tem o maior PIB e população do Norte-Nordeste.

Agora mais uma rápida análise acerca dos números da renda per capita das cinco grande regiões que o Brasil subdivide-se.  A diferença entre os extremos é em menor grau que o citado anteriormente: 
8.168 a 22.365 
Habitantes do Centro Oeste (DF, GO, MT e MS) tem renda 2,75 vezes maior que os brasileiros que vivem no Nordeste (BA, PE, CE, MA, PB, RN AL, SE e PI). 
01º CO 22.365
02º SE 22.147
03º S  19.324
04º N  10.626
05º NE 8.168

Considerações: mais uma vez o caso de Brasília é determinante para alavancar o Centro Oeste ao posto mais elevado no quesito renda média de cada cidadão. O Sudeste, com SP, quase empata: em números relativos, 99% de R$ 22.365. Explica-se pela razão de o estado bandeirante ser líder em valores do PIB e população e também é o único com renda acima de sua região geográfica. No Sul, o Paraná puxa o valor para baixo regionalmente, ainda que tenha renda 5% superior à nacional. Mais uma vez, SE, BA e agora PE e RN, esticam a corda do Nordeste para cima - lembrando que é a região de < poder aquisitivo - 48%. E no Norte, o Pará é o único abaixo da média, mas devido ao % do PIB dentro da região, é determinante para fazê-la bem abaixo da do Brasil - alcança apenas 62%

quinta-feira, 14 de junho de 2012

VIAGEM LVI - GIRANDO POR AQUI, POR ALI...

Reprodução

Por aqueles que foram minados e consumidos,
meus respeitos.
Por aqueles mortos e moribundos,
minha reza.
Por aqueles enganados e perdidos,
meu dia de sol.
Porque tudo o que basta para os homo sapiens sapiens neste mundo é o desrespeito, 
as dificuldades e o desmando do dinheiro. 
Que tudo consome sem repor um nada sequer.
Somente os corações rejeitados - aqueles que sofreram e aqueles ludibriados - podem entender à perfeição
este que longe de se auto-caracterizar um lamento, é a verdade.

Lá em Timbuctu - comendo grãos de areia -, 
em Punta Arenas - queimando a pele com o vento gelado do Sul -,
no coração verde da Amazônia brasileira - se afogando em chuvas torrenciais de verão, pingos que parecem
pequenas lâminas -,
e voando raso entre as ondas do Pacífico - salgando o mar de lágrimas escorridas -,
o ar é sempre o mesmo. 
Melhor que tentássemos nos encontrar em alguns destes pontos 
para mostrar que somos mais fortes.

Esta mudança que não levanta o nariz, tampouco se ensoberbece
de mim porque somos mais diferentes que iguais e necessários um ao outro; 
por isto a diferença, por isto a necessidade que urge em viajar sem fim em cada parte do seu corpo
e  - tentar - desvendar alguns de seus mistérios impenetráveis da mente.
(fico girando ao entorno de você, por aqui e por ali) 
Quando estou longe, meus pensamentos se fixam em você sabendo que quando chegar lá em Svaalbard, em Nukualofa... Ou em uma esquina de São Paulo seus olhinhos infantis negros se encheram de esperança e delícias.
Quero fazer morada nestes olhos e girar por todo este mundo com você.

terça-feira, 12 de junho de 2012

MAIS UM FRAGMENTO DE CONTO

Trecho de outro conto, "Ingrediente Humano". É uma história com um final que poderia ser caracterizado com triste, porém não é. Firmeza no sentimento que antecede o fim da história: o sentimento de lealdade a um grande amor é a marca registrada. Repito: sem uma saudade de dor, mas sim de "exaltação sutil".
Quem ler, agradeço o tempo.

"No apartamento que morava havia nem dois meses objetos fora de lugar e caixas ainda por se desfazer emprestavam um ar de bagunça em início de arrumação. Mas o quarto devidamente arrumado parecia um oásis ao se andar pelos cômodos. Consistia em uma daquelas construções modernas de praticidade exemplar e de tamanhos pequenos. Quando o encontrou decidiu na mesma tarde comprar para estancar sua saga de ficar comprando e vendendo apartamento.

O banheiro, grande pela metragem, impecavelmente limpo, parecia ter isolamento acústico; nem mesmo o quarto, virado para os fundos com a vista da serra da Cantareira ao longe, abrigava tanta quietude. Tirava cochilos no chão gelado do banheiro nas tardes que passava em casa em dias causticantes de verão. No chão duro mesmo... De até 1 hora; acordava com as costas frias proporcionando grande satisfação. O sol batia no azulejo cor de areia de textura diferenciada formando um brilho ‘esmaecido’. Limpo, muito limpo.
A cama, de tamanho ‘família’, abrigou um corpo cansado. Seu cérebro, mesmo depois de apagar tudo, cerrar a porta e a janela, permaneceu desperto rememorando a cena com o pequeno gato horas atrás. Concluiu que a fragilidade é do tamanho de todos. Ninguém é maior. Ouvia o tique taque do relógio logo ao lado no criado-mudo. Noite tépida que se apresentava... E foi de horas em claro em uma miríade de pensamentos. “Porque não o peguei em minhas mãos e o trouxe para casa? Poderia ouvi-lo ronronar e dormir feito um bichinho cansado”. No meio da noite acordou permanecendo de olhos abertos no escuro ouvindo carros ao longe. 

Imaginou ter uma grande chácara para abrigar gatos e cães perdidos na rua ou abandonados e imaginou ter dinheiro o suficiente para bancar a manutenção. O trabalho daqui a algumas horas, com reunião de pauta mais extensa para o telejornal de fim de ano, o tomaria por completo; sem pensar na programação para 2008 com alterações na grade que afetaria o horário do programa Personalidade. No Natal e Ano Novo ainda não tinha pensado o que faria e cogitou em ir à praia. Desistiu em seguida porque se recordou das horas parado na rodovia dos Imigrantes no ano retrasado. Dia da faxineira: não podia esquecer de deixar recado para passar suas camisas brancas e camisetas e não as calças jeans. Sentiu sede e bebeu na garrafa posta no criado-mudo, como costume adquirido. O estômago cheio de líquido fez barulho. Deitou-se na cama quente e logo dormiu.

Reunião pela manhã, logo cedo, não contou com a presença pontual de todos os convocados. O mais atrasado deles, sobrinho – no caso, provável herdeiro – predileto do dono da emissora, chegou 20 minutos depois. Figura estranha, Otaviano sempre o via assim. Usava ternos de corte mais moderno e sapatos engraxados à exaustão. O que causava estranheza se resumia ao fato de ele pouco se importar com o cargo que tinha: abaixo de Otaviano com contacto direto com as equipes de reportagem no Interior e Litoral o que causava desconfortos quase diários. O rapaz se perdia na hora de determinar quem ia fazer o que aonde, quando; e quando questionado sobre os erros reiterados... Evasivo, já havia sido pego fumando um baseado na escada lateral do fundo da TV Paulista. Mês passado, no mesmo local, o viram fodendo com a secretária de seu tio. A balzaquiana, casada, implorou para que ela não fosse entregue ao leão. 

Literalmente, o parente foi catado de calças arriadas com o rabo branco à mostra para quem ali estava escondido vendo. Dor de cabeça cada vez que alguém o informa e traz acontecimentos desta natureza a ele. Cabia a Otaviano dar o primeiro esporro. Neste dia Felipe ouviu um sermão de volume e intenso. Não resolvido se assim fosse, passar adiante para que o superior quebrasse a cabeça. O rapaz propalava a sinceridade – real – como qualidade.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

40 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - SENTINELAS GUARDAM A PONTE

reprodução
Pelo espaçoso apartamento, o ar gelado toma conta dele todo. A janela da sala ficara aberta durante a madrugada de chuva, frio e umidade, com temperatura não marcando mais que 8°C.
--- "Cadê o calor lascivo e libidinoso dos trópicos?", pergunta-se.
Quando acordar pela manhã verá que o carpete cinza se umedeceu.
Dorme a sono solto envolto pelos edredons recém comprados em uma grande loja de artigos para casa: ambos são azuis e os lençóis brancos. No criado-mudo a garrafa pequena de água... Vazia, como sempre. Apenas de meias grossas brancas, ele abraça o gordo travesseiro e deve, por certo, estar a sonhar.
Dormira há pouco tempo, daí o fato de ressonar - pensando no amanhã de manhã, que nem seria o amanhã: tarde da noite fora deitar-se. Teria então que ir ao veterinário e depois - e o mais difícil - à padaria cumprimentar o funcionário que conversava minutos, todos os dias, porque talvez nunca mais fosse vê-lo. Uma conversa bem humorada, diga-se.
Ok, podia querer permanecer do jeito que está: sozinho, mais o conselheiro-mor e o príncipe herdeiro. Entretanto, também enclausurar-se por completo nem é possível. Por isto, ir lá para comer o bolo talvez não fosse uma má ideia; verdade, que deve haver a cantoria característica, palmas e abraços e cheiros. "Espero que receba presentes també. O cara merece".

--- Preparado para tanto? Toda aquela zoeira sem fim? Para levar o Rex tomar vacina, tudo bem. Mesmo que aquele café seja de máquina e muito ruim - fraco como os fracos. Hum, posso falar sobre isto com ele. Assim pode melhorar o trabalho de mandar a secretária loira (?) fazer aquele café aguado, com gosto que parece chá para gente gripada. Se fosse pelo meu príncipe do castelo, eu vou sem chateação alguma. Espero que... Espero que a clínica esteja vazia. É lá do outro lado da cidade. Agora, tenho que ir. E o compromisso depois? Não sei...

Fecha os olhos e apaga a luz do abajur; somente a luz mortiça e fria azulada do quarto pegado ficará acesa. Felino e Rex dormem juntos no tapete felpudo com uma pequena manta por cima. Enroscados. O outono está com ares de inverno nesta noite.
A última passagem pela mente antes de largar o consciente para trás e dominar-se pelo sono dos justos.

"Mesmo que eu respondesse, eu não sei se quero ter esta proximidade com alguém. Independente seja lá quem for. O fato é que eu estou ainda em fase de preparação para acontecer tais coisas".

Dormiu como um soldado cansado da batalha depois de os pés ficarem aquecidos - estava sem meia e na extremidade 'sul' de seu corpo é onde o inverno se faz mais presente. Se morasse em um lugar onde neve fosse usual neste período, por certo, sofreria. Mesmo com a quantidade de pelos nas pernas, braços e outros lugares, tal camada pilosa de nada adiantaria. Hoje, abraçados a 2 travesseiros, nu, e edredons dobrados quase o sufocando, ele pôde dormir extenuado da batalha. Re
Respiração pesada e mais espaçada. Foi-se.

reprodução
E caminha por largo caminho de terra, de pés descalços, vendo e aprovando a paisagem ao redor. Incerto quanto ao local, ele apenas segue andando. Ao longe, em uma curva quase fechada absurdamente, pode avistar a torre de seu castelo inexpugnável. 
Atento ao caminho está mais confiante que das outras vezes. Sozinho, ele sabe que deve permanecer alerta e vigilante. 
O castelo aparece em seu campo de visão. Apressa-se apertanto o passo desnudo pelo chão relvado de orvalho. 
Na porta, guardando-a dois sentinelas rasos, supôs.
--- 'Estou sozinho. Porque estes dois apareceram por aqui. Querem manietar minha mente? E quem são vocês? Respondam'.
Chegando perto ele enxerga com nitidez o veterinário, à esquerda, paramentado como um legionário romano cansado da construção da muralha de Adriano, e à direita o balconista metálico vestido como um fantasma: com um lençol branco longo e pesado.

--- 'Não pode ser. Até fantasma eu estou vendo. Aqui! No meu castelo?! 
Ao aproximar-se ambos se posicionam en frente à grande porta levadiça impedindo-o de adentrar em sua cidadela invencível.
--- Pensa que é assim? Chegar, passar por nós e entrar sem ao menos dar-nos uma palavra que valha à pena todo nosso esforço para melhorar um tanto sua vida? Veja, o príncipe está lá dentro, protegido por armaduras de ferro mil, como as do exército a que pertenço. E você sabe benissimamente com certeza, de onde eu venho - de longe - e para onde quero ir - muito perto.
Sua cara de de espanto beirando ao horror da surpresa (nunca gostara de supresas, sejam reais ou idílicas) foi percebida antes que o metálico soldado esboçasse alguma fala.


Abre os olhos e já é dia, de manhãzinha. Seu corpo bem aquecido permanece imóvel, mas sua mente começa a trabalhar. Vira-se e olha para o tapete: Felino e Rex ainda dormem juntos. A chuva persiste, o frio continua e o sono fora embora. Não gostou nada, nada, desta combinação.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

VIAGEM LV - O RISO

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Verdades que são capitalistas. 
(longe de psicodélicas)
Verdades que não têm amor.
(perto do materialismo)
Mas ele tem amor pelo corpo todo sem precisar de mais nada para andar.
(claro, não vive de luz, não faz fotossíntese, tampouco faz meditação, ioga, nem entra em estado alfa e o cacete a 4!)
É que aprendera vendo os homens-capitais como não se deve fazer.
Aí ficou bem fácil.
Como andar pelo anonimato de São Paulo, ele é mais um entre os 11 milhões.
Pelos extremos, no ponto mais alto da cidade, 1.100 metros de altitude, o amor está ficado na terra, sob cada passo de seus pés.
De lá vê-se o oceano de prédios, a grande macha urbana repleta de gente e de toda a parafernália humana-capital.

Aprendera durante os anos de vida - são alguns - que melhor mesmo de tudo é amar de todas as formas, 
porque sempre valera à pena 
e não seria agora que mudaria tal pensamento.
Ou melhor, tal maneira de agir.
Vestido de suor por tantas vezes em acalorados debates horizontais, vertia-se em vida
por toda a pela.
'Contaminava' o alguém em todas as reentrâncias, esconderijos, apelos, pontas, extremidades e mente.
Feito de gente, de suor, de cheiro, de líquidos e de pelos.
Assim daria-se por feliz em continuar a vier.
E aos outros: um grande e sonoro "nada me importa o que achem".
Vestido de suor por tantas vezes e um sorriso metálico de aparelhos estampava a felicidade
em estar ali, junto, respirando o mesmo ar e sentindo as batidas do coração apressado
(qunado calmo, transmitia-lhe a paz de um paraíso).
Emoldurava com a melhor barba que pudesse alguém ter, 
beijos e mais beijos tornavam-se sôfregos e lascivos.

reprodução
À cidade lá fora esperava sem saber da espera 
que eles  voltassem ao mundo dos mortais 
para que não destoassem do restante dos homens-capitais.
Voltavam de um jeito bem particular em cumplicidade que beirava a lealdade acima
de tudo, acima de quaisquer virtudes.
Voltavam um ao outro mesmo longe. Lealdade.
Esqueciam-se e imediatamente lembravam-se. Lealdade.
Giravam por entre eles, um do outro 'sem colidir e juntando-se', para que o mundo não os transformassem na maquiavélica vantagem de ter mais $, como se o dantesco fosse o amor.
Eles são o amor. 
Os risos são largos e lindos e iluminados 
e incrivelmente audíveis um ao outro. É o que importa.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

39 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - CONFORTÁVEL PARA DORMIR

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Às sextas, pela noite, costuma chegar mais cedo em casa. Na volta do trabalho ele ainda tem tempo de passar por algumas lojas à rua e ficar observando, como fazia quando caminhava sem preocupações exageradas alguns anos atrás em que o tempo parecia mais distante e o futuro não chegava nunca. Hoje, ele está chegando todo dia pela manhã ao lado de seus companheiros de castelo invencível.
Escurece mais cedo nesta época. E peças de inverno são necessárias para melhor compor uma ano após o outro. Seguindo um atrás do outro os tais anos.
Mas agora não está com vontade. Deseja apenas caminhar e ver o que pode ser observado discretamente.

Recados no telefone, dois deles. Desde à tarde e só agora se lembrou deles.
--- Vamos lá ouvir. Pode ser importante.
---"Aqui é Marco, veterinário do Rex. Lembrando que ele tem que tomar a segunda dose da vacina contra parvovirose. É importante, por isto estou ligando. Sábado o consultório fica aberto até as 15h, estou de plantão. Passa lá e aproveita para tomar um café. obrigado pela atenção. Até amanhã então."
--- Então ele está pensando que eu esqueceria a vacina do príncipe do castelo? Até parece que isto poderia acontecer. Tão certo que eu já tinha pensado em chegar pela manhã bem cedo. Tão certo como 2 e 2 são 4. Que horas ele abre? Um café?

Tem mais um recado.
---"Opa, e aí? Tudo bem cara? Aqui é o João Antônio, da padaria. Tudo bem? Estou te ligando porque amanhã é minha despedida e o pessoal daqui vai fazer uma comemoração. Esqueci de falar hoje de manhã para você. Passa lá para comer um pedaço de bolo. Sei que não trabalha amanhã... Mas, se puder, vai lá cedo. Ah, eu passei no concurso, lembra? fui chamado esta semana por isto hoje é meu último dia. Abraço".

E porque deveria ir a um e depois a outro? 
"Para quê?", pergunta-se de maneira incisiva querendo convencer-se em não ir. Esta é sua primeira reação quando acontecem tais convites que ele não espera, muito menos por estes que acabara de ouvir. Aprendera a respeitar o espaço de cada um, mesmo que a recíproca fosse por vezes burlada. "Celular é uma cobrança mesmo! Parece que o mundo precisa do mundo a toda hora", quase diz em voz alta... 
Um momento para pensar.
Programara-se de um tempo para cá em rechaçar o primeiro pensamento que lhe viesse a cabeça tão logo visse/ouvisse/acontecesse algo. Para mudar um pouco e não ficar com opiniões para sempre estabelecidas. Ainda mais quando envolviam outros humanos porque estabelecer algo com humanos é osso duro: eles se assemelham a nuvens.
Verdade que o Rex precisa mesmo tomar a vacina; também verdade que é muito provável acordar cedo amanhã e que sair para andar e comprar algo na padaria. Para ir ao veterinário será necessário tirar o carro da garagem da castelo inexpugnável e por isto pode ir motorizado até a padaria. Comer um pedaço de bolo.
Sair com o Rex quando está este tempo mais ameno  é bem interessante e agradável e qase esboça um sorriso em querer sair de casa.
Quanta mudança vai acontecer am algumas horas?
Sente-se, ao passar este pensamento pela mente, um tanto estranho e quase um nó em seu estômago; sua boca saliva e um gosto de metal lhe chega à língua. Apressa o passo para chegar mais e mais rápido. Alguns o olham e ele logo acha - "palhaço" -  que deve parecer o quasímodo porque a dor aumenta: curva-se para poder suportar.
Metros que não acabam.

Abre a porta com os cadeados e um respiro mais longo... A dor vai embora,  como que tirada com a mão de uma vez por alguém sabe lá quem.
Felino vem se enroscar em sua perna enquanto Rex rodeia com o osso de brinquedo, abanando o rabo e ganindo querendo uma fago e brincadeiras.
--- Que bom que aqui em conheço tudo e sei como as coisas se dão, como as coisas andam por este Castelo. Só meu, sem que ninguém o tire de mim. Porque aqui é uma fortaleza sem-fim de onde eu necessito para poder continuar por aqui.

Troca de água  e ração nas vasilhas dos dois. A cozinha ainda tem o cheiro de limpeza.
Bebe água sofregamente. Refeito por completo da dor, com o conselheiro-mor o seguindo e Rex latindo sem parar (que demora sempre mais que os outros para se aquietar).
Deitam-se todos no mesmo lugar ao lado da porta que dá à sacada, no carpete cheirando a amaciante. A chuva vem de novo leve e aumentando em uma progressão que embala o seu corpo ao sono.
Comerá quando acordar.

"Vai caminhando por todo o castelo em volta para verificar se existe algum furo por erosão natural ou mesmo por aqueles roedores bigodudos que não se cansam nunca de rondar o castelo de pedra frio e de grande altura.Raspando, roendo e arranhando. Terá que olhar os quatro muros. Sempre descalço quando saí de lá. 
Olha com muito cuidado do chão até onde a vista alcança bem na alta parede que cerca a construção intransponível.
Parece ouvir vozes que vem ao longe. Para. É só vento assobiando.
Continua a inspeção com mais afinco não vendo a hora de poder entrar e descansar.
O cheiro de maresia vem dando um brisa em seu nariz. 'Toda vez o cheiro', recorda-se e ele até hoje não conseguiu saber de que direção vem.
Pronto, acabado. Tudo em ordem.Ainda os muros quedam-se fortes e maciços.
O fosse está agitado, águas que se movem. Acaba de entrar e fecha a porta".

O sono corre solto dos três e o vento começa a fustigar seu corpo quase nu (pela mania de deitar-se só de cueca e algumas vezes só de meia causava isto: frio pela madrugada com pêlos eriçados e epiderme fria). Daqui a pouco vai acordar e dirigir-se à cama quente e amontoada de edredons pesados e envolventes; e desarrumados.

CARROS MAIS VENDIDOS EM MAIO

Os 30 veículos mais vendidos em maio e no acumulado janeiro-maio de 2012.
Nada de alterações significativas.
Lista de maio - 
1
Gol
20.937
2
Uno
17.459
3
Palio
12.659
4
Celta
11.741
5
Fox¹
10.561
6
Fiesta²
10.220
7
Strada
9.868
8
Corsa Sd
9.575
9
Sandero
6.986
10
Voyage
6.802
11
Siena
6.685
12
Agile
5.477
13
Saveiro
5.455
14
Montana
4.664
15
Cobalt
4.569
16
Civic
4.509
17
Corsa H
4.382
18
Corolla
4.123
19
Ka
3.827
20
Prisma
3.801
21
March
3.428
22
S10
3.362
23
Duster
3.333
24
Hilux
3.116
25
Fiesta S
2.984
26
Cruze
2.758
27
Logan
2.611
28
Fit
2.434
29
Punto
2.349
30
Ecosport
2.102

Lista janeiro-maio -
1
Gol
99.284
2
Uno
92.869
3
Palio
60.064
4
Fox¹
53.785
5
Fiesta²
48.015
6
Celta
47.898
7
Strada
44.399
8
Corsa Sd
40.420
9
Sandero
33.928
10
Voyage
33.666
11
Saveiro
26.028
12
Cobalt
25.304
13
Agile
25.199
14
Siena
23.552
15
Corolla
20.682
16
Ka
18.968
17
Montana
18.506
18
March
16.498
19
Civic
15.709
20
Corsa H
15.558
21
Prisma
15.403
22
Fiesta S
15.099
23
Cruze
14.872
24
Logan
13.111
25
S10
13.053
26
Duster
12.939
27
Punto
12.364
28
Ecosport
11.717
29
C3
11.167
30
Fit
11.118