domingo, 30 de setembro de 2012

VIAGEM LXXVI - NEM 30 SEGUNDOS

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De preferência, gostava mesmo era de pegar os tais desavisados que se acham - se julgam feito os magistrados intocáveis - os mais avisados de todo o planeta. Estes, quando pegos por ele, faziam uma cara de impagável surpresa, que só este cara já valia o quase esforço que fizera (quase porque não tratava sua hercúlea tarefa como esforço, afinal, ele não se cansava nunca - denominava hercúlea porque via-se como um semi-deus, fora de época). 
De preferência, com estes assoberbados por qualquer motivo, ele se demorava um tiquinho a mais para que soubessem que na vida, eles de agora em diante, não se assoberbariam de nada mais porque partiriam "desta para melhor, ou, no seu caso, para pior". Repetia à exaustão tal frase quando antes do momento final e olhando bem nos olhos, estando frente a frente, dizia o "nos vemos em breve, amigo(a)".

Passear pela cidade, cortá-la de norte a sul, de leste a oeste, com especial atenção ao centro e seus habitantes dos mais variados aspectos tornara-se quase tão delicioso como realizar seu trabalho que não tem fim; deve ser para sempre, pelo que percebemos. Pelos passeios, descobria fatos e pessoas reveladores das dores e das delícias de São Paulo.
No semi-novo sedã de velho, sim, e de cor preta de tonalidade fosca, com as calotas caídas há tempos, câmbio manual, entrada para mídia variadas, mas apenas o bom e velho rádio FM funcionando (ok, rádio digital); aos domingos ouvia até mesmo as rádios AM. Talvez por lembrarem uma velha infância esquecida, esmaecida, remota e sem mobilidade; vez por outra, acompanhava jogos de futebol pelo rádio e se dirigia às portas do estádio para "catar" algum assoberbado pela vitória, e em outras, algum lamuriente pela derrota.
Porque com ele, um fato é certo como os chineses que querem dominar o mundo, não há escapatória possível diante do que ele desejou e mirou; é assim desde muito tempo.

Alguns parecem desentender como foram escolhidos, porque foram escolhidos. Bem, quando está com paciência de Jó, sentimento que o acomete até que algumas vezes no trabalho, ele explica em poucas palavras o porquê de fazer o que irá fazer. Durante esta explanação, para não se perder muito, ele calmamente fala os motivos para que estes sejam a derradeira lembrança de todos os dias. Ele nota como a respiração muda, alguns promovem espasmos, verdadeiros ou não (nunca soube, mas também está lixando!), os olhos se estarrecem diante dio que virá.
Para se alongar o mínimo necessário, a explicação é feita em tempo que poderia ser cronometrado pelos juízes dos 200 metros livres, tipo menos que 30 segundos.

http://brianmlew.wordpress.com/2012/02/26/tell-a-story/

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