terça-feira, 15 de novembro de 2011

VIAGEM XVII

"A voz do vento zunia por toda fresta da casa assobradada naquele bairro classe-média tão burguês na região central da grande cidade de São Paulo.
De manhã os raios e trovões imperaram mas agora, depois da hora do almoço sem almoçar,
o vento se fazia presente cruamente. Gostasse dele ou não. 
O bom-humor já havia ido embora desde a madrugada de ontem depois da frustante espera pelo combinado que se descombinou ao longo da noite.
Tentou ler o livro que comprara em português/latim sobre Tito Lívio
Desconcentração total.
Perdeu-sae na pronúncia das vogais juntas... Desistiu com vigor.
O que era "imperium" em sua cabeça se traduzia em esmagar o desconcertante 
desencontro, metido entre as pernas tão-somente ele, que tanto ansiava pelo encontro.
Antes, fizera uma arrumação na casa.
E agora para quê?
Antes, se vestira de bom humor exagerado, um otimista irritante.
E agora para quê?
Súbito, a janela da cozinha bateu com o vento demolidor, o vidro todo estilhaçado pelo chão causou magnetismo nele.
Impulso indeterrminado de pisar e sangrar até o desvario.
Faria alguma diferença? Também não faria.
Conteve-se. Porque vermelho de raiva, espumou com um bicho raivoso... 
Respirou sofregamente; menos lívido então... Seguiu mais serenamento seu cérebro.
Concluiu que por ali já bastava o sangue de seu coração emputecido pelo brutalizante descaso. Pela sua crença teimosa em crer.
Virou-se para banhar-se e imerso entre o forte jato do chuveiro
Descansou como um soldado cansado de travar guerras invencíveis".

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