quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PRIMAVERA (?) ÁRABE

crédito: Felix da Cunha
Primavera é a estação do renascimento, do degelo, da vida, dos brotos, dos frutos e dos bichos.
É a estação acordada de ser.
Estes meses do ano que se finda, ocorreu uma primavera política am vários países árabes desde fins de 2010 (quando era inverno aqui "nos litorais deste oceano Atlântico") e que se estendeu da Tunísia à Síria, a bola da vez.
O povo tunisiano derrubou o ditador Ben Ali há 24 anos no poder.; o povo egípcio derrubou o ditador Mubarak há 30 anos no poder; e o mais impressioante, na Líbia, ex-colônia turca e italiana, a oposição (com a ajuda da OTAN) derrubou o ditador Khadafi, há 42 anos no poder.
(apego ferrenho ao poder né? Bem, devem existir tantas regalias, tantos "mandos e desmandos" que deve ser dolorido resistir ao deleite de comandar milhões de habitantes com apenas um estalo de dedos)
Que poder é este inebria e entontece e acovarda?
Protestos ocorrem na Jordânia, Argélia, Marrocos (onde o rei aceitou delegar poder ao Legislativo, considerado por setores como um gesto ainda insatisfatório), Omã, Bahrein e Catar.
E na riquíssima Arábia Saudita¹ daqueles encastelados príncipes que de tamanho bigode metem medo em qualquer um... É a grande incógnita. A dinastia Saud está no poder desde 1922 e refretária à mudanças.
No Iêmen, país mais pobre da muçulmana península arábica, o ditador há mais de 20 anos "dono" do país concordou em deixar o governo nos próximos 30 dias.  Veremos. Não há petróleo nesta parte do deserto da Arábia e o povo sofre com a constante ameaça da fome e os racionamentos de energia. Saleh enfrenta um tsunâmi de protestos faz meses.
Síria, a bola da vez. Aquele ditadorzinho que ocupa a presidência desde 1999 resiste - como todos que não largam o osso - aos protestos cada vez mais intensos de setores da sociedade agregando-se o fato de ser patente seu isolamento internacional perante a comunidade de países. 
Atenção, aos chavistas² e castristas de prontidão, não deve ser lido EUA ou OTAN: a Turquia, também muçulmana, expôs de maneira rígida sua preocupação com a democracia neste país árave. Ao lado da Rússia, a nação turca, vizinha, é (era) um dos pilares de apoio na república síria, território feudal nas mãos da família Assad desde 1971.
Fico pensando... Como se dará esta nova primavera, já que o tempo não para por aí. Seguem-se o verão, o outono, o inverno para todas as pessoas e governos no mundo todo.
Como será uma democracia árabe? São conceitos distintos: democracia e arabismo? Ou ainda: democracia e islamismo, a religião de mais de 95% da população deste pedaço de mundo (o Egito abriga uma população cristã aproximadamente de 15% do total de 80 milhões). 
O papel da mulheres? Das minorias étnicas? Das religiosas? E há questão fundamental da pobreza e do acesso que os petrodólares permite à pequena parte da sociedade. 
Primavera, estação de cores e flores. De amores novos. De esperança na semeadura e no provir do brotar.
¹(lá finalmente as mulheres puderam ter licença para dirigirem carros!)
2(ele disse que Khadafi foi um heroi!)

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