domingo, 4 de setembro de 2011

053 - PROCURANDO UMA SAÍDA

Duílio entrou em desespero absoluto; procurou por todo o espaço quase circular por uma saída que o livrasse daquilo que iria ver. Quando, aos dois contendores, foram soltos e agregados na arena dois cães daquela raça dos pit boys praianos, ele compeliu-se a sair dali feito 'rajada de vento, som de assombração'
A luta iria começar e o felino maior de todo o contiente americano, ladino como ele só, pôs-se à espreita dos 2 cães enfirecidos que corriam em círculos em volta dele, latindo, rosnando, avançando um tanto, recuando um tanto menos. O primeiro que se aproximou levou uma pata na cabeça, foi jogado longe e desfaleceu ganindo, estrebuchando.
"Onde que o Simão veio me trazer!? Eu não estou acreditando nisto. Uma saída e agora. Dane-se o arremedo de capo texano. Tenho mais horro a isto do que o medo que sinto da figura dele. Pronto, agora que a onça matou um cachorro, o gladiador deve matá-la".
Olhava para baixo em busca de um alçapão. Nada.
Olhou para cima em busca de uma claraboia, uma janela. Nada.
Por onde entrara deveria ser também a saída, porém foram tantas as voltas que os fizeram dar na arena que ele agora se confundia de qual porta aberta do inferno de Dante fora aberta; para ajudar, a porta fora feita de modo a se misturar com o ladrilho branco. 
Exasperou-se. Levantou-se procurando por Simão. 
"Uma saída! Tenho que sair daqui agora! Foram cinco voltas que nos fizeram dar feito crianças brincando de cantiga... Então, deve ser por ali... Cacete! Simão cadê você?".
No outro ponto não-deteminado por nenhum dos convidados, o amigo suava frio na mãos.
Simão quedou-se impassível, entretanto; aprendera na escola que é melhor ser assim como gélida estátua de Fídias feita de mármore a perder o controle; para quando houvesse um "pagamento" pelo que lhe fora feito, melhor pensar depois, com serenidade...
Sensação longínqua do que percorria seu corpo. Paralisou-se. Imaginou mesmo que Simão deveria (e estava) nervoso, querendo embora de imediato. Não ele.
"Afinal se eu vim até aqui, tenho que ficar até o fim. Verdade que ele contou uma mentira sobre o espetáculo. Das grandes! Porque eu vim aqui para ver uma luta de homem contra homem aos moldes de Roma, gladiador versus gladiador. Agora com bicho? Vamos ver até onde vai esta coisa".
Talvez nutrido pelo sentimento de quanto horror poderia ver/ouvir/sentir, permaneceu quieto.
Suava nas mãos ainda. Seu racional pensamento não condizia com o emocional de seu corpo.
Duílio ainda buscava a saída atento aos olhos dos titânicos Cronos e Apolo. 
"Será que perceberam que eu quero ir embora? Com este senta-levanta... O pior é que não vejo a porta! Porque se eu quiser eu vou embora sim. Até parece que eles vão me impedir. Vão fazer o quê? Me amarrar? Me proibir de sair?"
Tudo o que pensara ainda estava na parte em que a onça começou a beber água diante dos opositores.
Sair dali pareceria maluquice, com todas as regras impostas explicadas dantes. 
Ignorou isto e a proposição de sair aumentava.
"Cadê o Simão? Cadê a porra da porta?"
Havia mais cenas para presenciarem; e a saída sumira como 'na forma de um ladrilho'...

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