segunda-feira, 12 de setembro de 2011

14 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - NU EM TROVAS

Sentia andando pela casa um leve frio que trouxe conforto naquele domingo arrastado, preguiçoso. Era quase noite e a aragem vinda de fora veio em boa hora.
Nas trovas que tentou escrever, escreveu. Mas não havia a quem mandar. Felino, sabedor disto - era o que pareceu a ele - pulou na mesa do computador e languidamente deitou-se, espreguiçou-se embaixo do monitor e murmurou um miado misturado com seu ronronar. 
Nas trovas... Bem, fez algumas antes do ato do gato, nu ainda, porque pensou que deveria se dispor a se despir se quisesse algo cru, verdadeiro como seu corpo que começava a sentir a queda de temperatura. Juntos os pés um tanto grandes para o seu tamanho para esquentá-los.
Deveria mostrar para alguém? Quem se interessaria em trovas baseadas nas feitas no século XV?
Ainda sentado, coçou-se, também ao gato e pediu que saísse de lá.
E foi se deitar no lugar de sempre, onde ambos dormitavam e dormiam quase todo dia.
"Calma, eu já vou deitar. Não precisa ficar miando para me chamar. Eu vou".
Leu e releu. Corrigiu. Foi buscar como era o português escrito daquele tempo.
Conseguiu escrever duas, mas duas de bom tamanho de linhas.
Absorto em frente ao pc, ele ouviu mais um miado. Voltou à consciência.
Salvou. Deixou tudo ligado e foi se deitar no carpete magro.
Felino se ajeitou ao lado de seu torso e dormiu; ele ainda fixado nas trovas, se viu percorrendo ruelas de Lisboa dizendo/cantando as trovas que fez para quem...
Ficou minutos divagando.
Até que sentiu um vento mais forte. Seus mamilos despontaram e sentiu frio.
Voltou-se para o quarto com o bichano preguiçosamente atrás dele. E nu, deitou -se sob os edredons. Despediu-se incoscientemente da consciência. E dormiu pesado.

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