quarta-feira, 14 de setembro de 2011

15 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - RATOS

"Ratos rondando.
Roubos. 
Relacionam-se desde tempos... Milênios atrás.
E eles andavam pelo castelo escocês procurando sempre não sair ao sol.
Águia, perscrutadora e velocíssima cairia como um raio certeiro enfiando-lhe as garras na ratazana, que se multiplicam mesmo com a morte à espreita.
Resilientemente".
A manhã chegou sob chuva fina e o dia seria bem longo. Animou-se: horas corridas, vendo gente, dirigindo, atendendo.
No banheiro, curvando-se à natureza fisiológica do litro de água bebido à noite, pensava nos ratos correndo e guinchando mexendo os bigodes extensos e tácteis.  Cinzas como o céu do sonho e grandes.
Porque no castelo de novo tornou-se a pergunta do dia. Nunca fora para Europa, muito menos à Escócia. Gostava mesmo do uísque de lá que teve que parar por conta da hepatite contraída décadas (mais temporalidade... Além dos milênios) por água contaminada naquela viagem.
Se fosse para lá, o verão quedar-se-ia a melhor possibilidade. 
Tentou se recordar se havia vindo às narinas o cheiro de maresia... Não conseguiu mas acabou por intuir que o cheiro se fizera ausente desta vez. Estranhou, porque nos sonhos o cheiro vinha gostosamente fazendo se sentir e depois de forma explícita e crua.
Acabou e coçou logo embaixo. Saindo do banheiro, descalço sentindo o chão gelado da cozinha, Felino logo veio fazer seus carinhos matinais e famélicos, ronronando como só ele sabia fazer.
"Tem voo direto São Paulo-Glasgow?". Sorriu com a possibilidade de poder ir viajar nas férias.
Café na xícara grande. Meias, cueca, calça... Terminou engravatado. 
Coçou a cabeça do gato e saiu com o guarda-chuva na mão.

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