segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

VIAGEM XXXI - AS HORAS DE ESPERA

Reprodução
Fluindo em uma miríade de artérias de asfalto e piche durante o verão plúmbeo da grande urbe brasileira nestes confins de Novo Continente, os carros se amontoam no fim da tarde.
Rádio ligado quase inaudível para não distrair e ao mesmo tempo povoar o semi-novo sedã de velho.
Que horas? Sempre no horário de saída da maioria dos paulistanos em busca de casa depois do dia transitando entre a felicidade e a preocupação: por volta das 18h, que poderia ser estendida até mais tarde.
Bastava, às horas, que ele não se empalidecesse com lembranças que não arredam de seu cérebro toda vez que ele se levanta. Não, em sonho não, porque se esquece de tudo do que sonha e isto já vem de anos, e não de horas.
Grande quantidade de carros prateados, cinzas e pretos. 
--- Vermelho que é bom, são poucos mesmo.

Mais uma espera de horas será este entardecer?
Isto só deve apressar o trabalho 'sujo' que nenhum anti-heroi ainda teve a coragem voraz de empreender.
Ele não, sempre mantivera a coragem.
Vinha de tempos em tempos mudando de horário ao realizar sua lição de casa (que na verdade é mais uma lição de rua), o que não significa que não tenha preferência por matar horas e horas esperando. 
Observando o ziguezague esbaforido da maioria em ir para lá e para cá.
Incindindo sobre o capô do sedã (aquele... de velho...), os raios do dono da vida no planeta, vê-se que ele esmorece a cada minuto em que a noite reclama a primazia.
--- Agora é a hora de verter o anti-heroismo e quem sabe melhorar um pouco a civilização.
Depois das 19h, parará o carro e carreará toda sua perspicaz mente em atingir um alvo, na hora certeira.
Que pode ser qualquer uma, pode ser agora. E pode ser até o fim.

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