terça-feira, 17 de janeiro de 2012

VIAGEM XXX - MADRUGADA, ÀS 2H

Reprodução
São 2 horas da madrugada de uma dia assim, e... Bem, ele 'procura' um  entre vários rostos, entre vários corpos, assim perscrutando, inalando um cheiro de animal a farejar o ar; ou alguém de terno velho; mas não até agora nada, sequer um ele vê nas voltas que faz por São Paulo; seu horário preferido é qualquer um, ou melhor, o horário em que estivesse como está agora: atento, dirigindo, olhos fitos em tudo o que é possível.
Lembra que semana passada usou um terno preto, assim, assado?
Arrisca e canta até alguns versos das músicas que tocam na rádio. Preferia, ressaltando, ao cd/dvd/iphone. Verdade, o semi-novo sedã de velho, tem entrada para várias mídias - umas que ele nem usa -, mas gosta mesmo é de ouvir rádio. E mudando a estação, passa uma, e mudando, passa outra, e mudando. Até ouvir esta que não escutava há tempos. 
E desde pequeno vindo lá do interior, tivera contato com o rádio. De manhã, antes de ir à escola, por exemplo. Gostava das músicas e foi conhecendo cada vez mais.
Grandes distâncias só para percorrer o que ele dizia ser a melhor cidade do mundo para executar o serviço; vivera em algumas outras grandes, algumas mais ricas até. 

--- Mas com esta aqui nenhuma se compara às 2h da madrugada. Los Angeles, toda ensolarada, fez a diferença, verdade. Buenos Aires, naquele inverno que nevou depois de anos foi bem interessante também. Pelo tempo que passei lá, considero producente os anos que estive passeando a trabalho. É que São Paulo eu conheço melhor e tenho mais saber dos ardis dos brasileiros.Todos se merecem aqui. Merecem-se todos quaisquer cidades.

Passeia pela zona norte, local que pouco frequenta de dia, ao contrário do centro da cidade e começo de zona sul onde passa os dias úteis cumprindo as funções determinadas. Vem de família, de décadas atrás.
Ao lado do metrô, em Santana, ele encosta perto de um restaurante - ou... "Pelo nome deve ser uma cantina" - grande e ainda cheia, barulhenta, com bandeiras; carros à porta. O cheiro de massa misturado ao molho vermelho menearam em sua cabeça como nos desenhos animados.Movimento demais.
Fica pouco tempo, apenas o suficiente para reprogramar o GPS e descer para comprar uma água gelada. Uma poça em frente ao bar ao lado e pronto: o pé molhado no tênis alto e hoje, porque ele nem se atentou, veste uma bermuda meio folgada, azul. Canela cabeluda toda molhada.
Dentro de novo. Rádio e a velha busca por músicas. 
Vira à esquerda em uma rua de quarteirão extenso, com galpões e fábricas em ambos os lados; algumas árvores e a luz esmaecida os postes clareiam meia-boca o lugar. Uma pequena cabine na frente de um "comércio de atacados XYZ LTDA", uma pessoa. Pela garagem um carro importado, motorista e o ocupante traseiro que parecia já em certa idade de morrer de um enfarto? AVC? Parada cardiorrespiratória (difícil de providenciar, todas requerem tempo e tempo não há para ele)?
Assim, de uma hora para outra.
Ele nem viu a cor do velho.

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