domingo, 22 de janeiro de 2012

31 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - O MAIS DO MESMO

Reprodução
É tudo tão igual, tão igual pelo o que os outros querem, pelo que demandam e mandam.
Pior são aqueles que vociferam contra a mão pesada da máquina do sistema e em seu mundinho reproduzem exatamente, com perfeição estética (é claro!!!) cirúrgica, os tais mecanismos do sistema. Estes são os mais afetados e ainda se contentam com as migalhas caídas da grande mesa dos humanos-alfa. 
Para ele, os tais grupinhos que sofrem tanto com o sistema mas que, oportunamente, repetem-no amiúde, são os mais patéticos de se ver, de se conviver. Ele os tem bem elencados em sua cabeça.
Fato que ele sempre pensava enquanto caminhava para o trabalho e quando da volta, após um longo dia de experimentar visões dos tais mecanismos reproduzirem-se em escala industrial do globalizado mundo da informática.
Bem, ele não comunga dos mecanismos, mesmo que vivesse regido por eles.

--- Eu me sinto como um violino dissonante da grande orquestra hipócrita montada pelos dominantes de qualquer área de qualquer viés neste mundo. Toco aqui, tenho que me apresentar aqui, devo satisfações e minha responsabilidade é tocar bem, é tocar sempre e melhor que seja calado; entretanto, eu, dentro de mim, do meu castelo feito de microvilosidades cerebrais várias, eu discordo frontalmente.

Tudo se repete. Ele não acha que seja ruim haver repetições - "os dias também são feitos de rotina, ora" -, o ruim é notar o vezo comum à grande parte da sociedade: reproduzir tudo como lhe foi passado. Sem questionar as inadequações dos que se sentem inadequados, apenas reproduzem... Reproduzem como moscas a voar a carcaça podre depositando seus ovos  no melhor lugar: carne de graça e tudo manter-se-á igualito. 
Dormira - como acontecia muito - no chão da sala com o príncipe e o conselheiro-mor e tutor ao lado; todos os três enrolados um no outro. A noite passou em um raio e logo pela manhã, abriu os olhos e viu o dia começando. 
Tudo será como antes já foi. Tudo do que foi será do jeito que já foi um dia, usando de uma licença poética foi a derradeira música antes de embarcar rumo ao inconsciente do sono.
No silêncio absoluto, ouvia-se a respiração dos habitantes do castelo da cidadela intransponível. A manhã adentrava pelo horizonte espalhando os raios do rei.
Murmurou olhando pela fresta à sacada, alternando com o teto, que hoje o violino será mais perfeito do que nunca, os acordes serão límpidos, afinados e obedientes. 
O que ele tem dentro dele... Mecanismo algum sobrepujará. É a grande arma, a grande armadilha, o grande artefado que ele dispõe contra o mais do mesmo.

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