domingo, 5 de fevereiro de 2012

VIAGEM XXXII - ESPARADRAPO

Reprodução, murmúrios feitos de esparadrapos
Parece coisa de quem não consegue fechar e então coloca "de qualquer jeito mesmo" um esparadrapo para fechar um ferimento para que este pare de sangrar. Remendo porcamente feito.
E sangra porque?
Ele bem que tenta toda vez descobrir tal resposta, mas nada de lúcido vem à cabeça dele; ele próprio o mais consciente de seus deveres, mais de que qualquer outro humanos esquálido que se apresenta aos mundo todo dia.
Gaze, algodão: isto tudo deve ser mesmo em último socorro porque nada tem que chegar a penetrar feito lâmina a cortar a pele, tecidos ou órgãos.
--- Órgãos? Como se eles se importasseoim com isto. É pura história da carochinha, feita aquelas que contavam para gente quando íamos dormir. Quer dizer, para mim ninguém contou nada. tinha que dormir sozinho mesmo, com a luz apagada e sem reclamar de nada que fosse.

O cheiro de éter exalando pelo grande corredor de espera do maior hospital da São Paulo de Mário de Andrade e Rita Lee enchia--lhe as narinas grudando no céu da boca.
Desta vez, para não haver remendos de esparadrapo, ele dirigiu-se a um hospital. 
Tem em mente que aqui, apesar que da comiseração (?) humana pelos doentes, dos médicos compadecidos (?), das enfermeiras atentas (?) e de familiares do classe dos hienídeos, deve ser mamão com açúcar recorrer ao velho método para estancar os humanos de sua sina de algozes uns dos outros. Alguns murmuram doces palavras no leito, bem perto dos ouvidos.
--- As pessoas ficam doentes e de repente, assim do nada, os outros saudáveis se compadecem e os tratam como verdadeiros humanos que não são, que nunca serão. Pelo menos não na tolerância com o diferente, com o oprimido, com o desvalido, com o desempregado, com infelizes pobres ou ricos; e principalmnete com os solitários. Mas quem se importa? Somente se importam com a doença, não com o doente.
Um perqueno esparadrapo na junção do braço e antebraço direito (é canhoto, preferiu do outro lado) após a picada para tirar sangue - do tipo AB -, raro e portanto necessitado sobremaneira.
"Doar sangue foi uma boa ideia. Como eu ainda não havia pensado em 'trabalhar' em um hospital?"
Esquadrinha toda a ante-sala dos horrores antes da sala cirúrgica. O esparadrapo lhe deu passe livre para caminhar pelos corredores. Ninguem pergunta nada a ele.
Pretende demorar ali mais do que o costume... Enquanto nele estivesse grudado o pequeno pedaço. Remendado que fosse, é o suficiente.
Madrugada de intenso trabalho hercúleo.

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