terça-feira, 20 de dezembro de 2011

VIAGEM XXIV

Reprodução
Pelas luzes que fazem sombras desvirtuadas da realidade,
ele passa agora a pé observando toda esta gente da cidade
a comprar, a consumir coisas e pessoas.
Na sombra de seu corpo não há nada do que foi deixado para trás.
Resolve caminhar mais um pouco até virar a esquina e de novo
montar em seu carro e continuar o que vem fazendo desde tempos:
ficar sozinho e manter aquele contacto só quando é necessário, 
como fora agora minutos antes.
O contágio foi imediato e ele assumiu sem dor porque a dor já houvera. 
Então, mais uma ou menos uma, sem dieferença alguma. 
"Nem quero lembrar daquela dor de mim mesmo, daquela dor que eu causei".
Passos largos, montanhas de presentes, matilha de viciados e traficantes prontos a desossá-lo. 
Chegou ao seu salvo-conduto: o semi-novo sedã de velho.
O cheiro de suor misturado ainda se faz presente em suas narinas.
vidros abertos manualmente porque é mesmo de algum modo antigo...

Sem preocupação do que outros acham ou deixam de achar.
"Mas se estes se expressarem, aí posso mostrar a destruição da minha arma incorrigível. Vão se borrar todos, os mais valentões são meus alvos prediletos".
Ganha a avenida Ibirapuera e sai calmamente depois de resolver uma situação que o desgostou.
Não é de brincadeira o homem que sai andando de carro pelas noites iluminadas de artifícios de São Paulo.
O que só ajuda, porque as pessoas se aglomeram à frente de qualquer enfeite - "um porre" - nesta época do ano.
O anonimato ajuda a varrer os valentões prepotentes, aqueles que massacram, 
todos enganadores.
Um cigarro, vidros abertos e o dever cumprido.
"Eu sou viciado neste mês".
A cabeça arejada de mais uma noite. Sem fome, vai direto para casa descansar e guardar o que pegou... É... digamos emprestado. Não que pretenda devolver. Porque de quem foi subtraído nem notará nada.
"Estas luzes de dezembro. Quero sempre"

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