sábado, 17 de dezembro de 2011

VIAGEM XXIII

Reprodução
De novo e ainda. Ok para ele o "de novo" e o "ainda". 
"Que se explodam todos".
Raspando pelas calçadas, manobra seu carro
como quem dirige sua vida de dias, durante a semana.
Calmamente, mas não agora, com todo este fim de semana prolongado pela vida toda
a partir de agora;
voltas e voltas e mais uma. E logo mais, outra.
É assim, não tem nada que ele possa perder a não ser ele mesmo. Perder?
"Bom, mas este eu já perdi faz um tempinho. E não consegui mais achar. Ou melhor, nem quero mais achar".
Sorri recordando de como permanecera por tanto tempo um idiota
crendo que o mundo, por ele ser bom, faria algo em troca.
Reciprocidade com o mundo não há, aprendera a intuir desde aqueles tempos de intensa vigília pelo grande amor
que aquilo tudo se transformara.

Pura estratégia de marketing o que sofrera, mas o 'mercado' - ele mesmo - caiu para demorar anos para levantar".
E ainda hoje ele anda meio bambo das pernas.
"O mundo, porém, não me pega mais desavisado não. Reconheci a lição por toda a vida. Que não sei quanto tempo terei... Depois de bombar, bombar e bombar, nunca mais vou repetir de ano".
Nas ruas, sente que as pessoas nem mudaram de maneira espalhafatosa, com aquele ziriguidum irritante do carnaval que alterca o breque seco com o intenso barulho que faz gringo sambar feito um idiota completo. Nem o crioulo doido sambando é tão ruim.
"O país do carnaval, do futebol... Então é isto? Só isto?"
Luzes: azuis, verdes e âmbares. Todas esmaecidas pela garou que persevera em cair do céu neste dezembro na cidade de São Paulo.
Tomando água, vira a garrafa inteira goela abaixo, seca que está.
"Opa! Nem 3h ainda. Tempo, hoje você está meu amigo porque tenho muito o que fazer no silencioso espetáculo de tristeza que estarei pisando".

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