terça-feira, 6 de dezembro de 2011

23 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - DOIS CASTELOS

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Levantou-se quase 4h45 da manhã, calçou o que estava mais à mão, ou melhor, mais ao pé. Verificou se estava tudo ok com o novo bicho, o animado de todas as horas, companheiro de seu companheiro de anos; é, agora, eram três machos morando no mesmo teto e a coisa tinha que funcionar. Tudo seco na pequena cama montada de última hora e que ele tomou conta como propriedade. Nem dois meses e o 3º habitante já parecia possuir parte da casa.
Sem acender a luz, como sempre, guiando-se por aquela tênue luz branco-azulada do computador - ligado 24h - do quarto do meio do corredor, caminhou entre os aposentos, fazendo tudo com calma e vagar. Olhou a janela, a madrugada tépida se mostrou lá fora. Luz de fora: uma lua cheia sem nuvens iluminava o restante do castelo.
Acendeu um Marlboro e jogou-se na cadeira da sala. Em um silêncio espacial como em um vácuo, minutos...
Ficou imaginando se aquele silêncio todo... "É assim no espaço também?", duvidando dele mesmo.
Voltou à cozinha e bebeu o litro todo de água.
E então, deu-lhe sono, um fatigado sono de tempos atrás, de tempos que de acordado ficara, agora resvalava em um cansaço geral que fazia troça dele: de alterado que fora, agora a vingança vinha em em pílulas nada douradas. Acontecia de no meio da tarde ele cair de sono e em madrugadas como esta acordar horas antes da hora devida.
40 minutos depois, deitou-se na fresta da grande porta da sacada, olhou para cima em uma perspectiva singular, uma perspectiva fotográfica mesmo com a pouca luz.
O carpete cheirando a limpo naquela noite, aconchegou-o. Chinelos descalçados caiu nos braços do sono dos justos. Pelo menos era assim que ele pensara durante até agora.

"Caminhava agora em direção a uma baixada; tudo em sua volta parecia névoa, como uma garoa forte e o silêncio de tudo, só o vento com rajadas se fazia ouvir. O chão molhado e os pés nus travavam uma batalha para decidir quem ganharia o jogo da temperatura. Desnudos, neste frio.
Ele ouvia sua respiração tão-somente e seguia em frente porque era impelido a fazê-lo. Olhar para trás ele nem pensou na possibilidade.
'São moinhos que já giraram em demasia, já geraram o que tinha para gerar. E porque eu deveria virar e ver tudo aquilo desmorando como naquele casatelo que tombou já assim, de cara'.
Viu então, o enorme castelo de pedra de mil anos atrás e pensou que não deveria ser nada ter estes mil anos e um tanto.
'Ora, os romanos passaram por aqui bem antes... Vindos de longe, conquistaram esta ilha e a dominaram por mais de 300 anos. Deixaram tanta coisa. Eu acho mesmo que eles deveriam ter seguido até o extremo norte da Escócia, dominando aqueles pictos e/ou jutos 
Estes romanos sim é que foram os maiorais. Deveria ter sido um legionário? Não, eu queria mesmo ser um general estrategista. Assim, eu resgato todo aquele tempo'.
O castelo era o mesmo de outras vezes; de pedra, solitário e perdido em algum lugar. Ele nunca sabia exatamente o lugar.
Estava ali.. O fosso... Podia ouvir os guinchos das ratazanas maior que o Felino. A porta-levadiça estendida convidando-o a mais um passeio dentro. Ele não sabia porque, mas, teve uma sensação de ser a última vez que adentrava na tal construção.
Olhou bem embaixo com apreço em não cair ao atravessar. O vento frio... Uma aragem de oceano, de novo, trouxe um tanto de sal em seu palato. Uma vez lá dentro, nem a garoa, nem o frio o incomodariam. E em tempo, seus pés desnudos no chão seco de pedra caminharam pela escada quase em caracol. Ainda com eles frios.
No fim, do mais alto andar da construção de pedra, compeliu-se a serenar-se. Perdeu-se nas opções várias de portas e escolheu logo a primeira. Abrindo, pôde sentir o chão mais quente. Reconfortou-se da longa caminhada que vinha desde o início da manhã.

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6h50, a TV de plasma da sala é acionada pelo programa que ele deteminara para despertar; no quarto o telefone é a preferência. Felino estava ali, junto; ele só não sabe se fora visto no castelo. Segundos, veio o SRD correndo, jogando-se por cima dele; o gato olhou e em uma cara de desaprovação, declinou do convite para brincar. 
--- Fome né? Todo mundo está com fome? Para cozinha, nós três, tomar o café.

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