quarta-feira, 29 de agosto de 2012

VIAGEM LXXI - A INVASÃO DE MARTE

MARTE REPARTIDO ENTRE VITORIOSOS

Reprodução, os tons de Marte [link abaixo]
Recebeu este email com o título 'jornalístico'; no corpo da mensagem o texto estava recheado com vários erros de gramática: ortografia, acentuação e concordância verbal; sem mencionar a pontuação. 

Corrigiu-os sem que se alterasse o sentido daquilo que fora escrito. Logo que abriu o que poderia ser lixo eletrônico e passou os olhos, pensou que fosse um estrangeiro escrevendo porque havia erros infantis que não combinavam com as ideias e o voculário expostos. Ficou em grande dúvida sobre quem escreveu. De vez em quando, entre um trabalho e outro pelas ruas de São Paulo, lia a mensagem seguidas vezes.

(o texto do email revisado)
"Como Marte será dividido? Acordos? Tratados? Rompimentos destes?
Quem serão as potências que sentar-se-ão à mesa para negociar? Resolverão depois de quanto tempo de guerra?
Negociar o Planeta Vermelho.
E será que quando pusermos os pés em Marte - no sentido territorial/comercial do processo - vai haver alguma disputa para qual grupo predominará e, portanto, dominar a maior  parte, o melhor pedaço. Ou dominar tudo?
Julgando pelo que fizemos desde as mais antigas civilizações, ele supõe que haverá cruenta guerra com matança e traições de todos os lados.

Ele pensa no processo de colonização das Américas, da África, da Oceania e de boa parte da Ásia. E havia gente lá para defender seu chão, o lugar onde viviam, onde aprenderam a amar e que lá viveram suas mais antigas gerações. Ocorreram guerras e desmandos, povos foram dizimados, a natureza teve seu curso alterado pela ocupação, territórios foram riscados do mapa e divisões aleatórias foram feitas mediante a mão pesada do conquistador que impôs novos métodos de convivência.

E em Marte que não tem ninguém? Pelo menos ninguém que se possa ver pelos novas missões não tripuladas - os robôs "feitos jipes"- as quais mandam fotos e nos maravilham pela imensidão de tons de vermelho - desde o rosa mais claro ao ferrugem mais escuro -, pela aridez e secura. 
Que forma de vida existe lá? E pode existir? Claro, não agora em para os próximos anos; fato ainda impossível. Porém, o tempo passa sem cessar e as invenções dos homo sapiens sapiens se sofisticam. 

Quem sabe pelo ano de 2050? 
Não, mais tarde? No ano de 2080? 
Faltam 68 anos, mais dos que os 43 desde que o homem pisou na Lua, o satélite "esquecido". O nosso vizinho de sistema solar é maior que a Lua e estrategicamente pode ser mais interessante para os geoestrategistas; o 'geoespacial-estrategista', uma das vertentes da nova profissão, a geopolítica espacial. Estes profissionais serão os cientistas/pesquisadores/generais que esquadrinharão o terreno com a função repaginada da cartografia do século XV, quando os portugueses se lançaram ao Atlântico.

E Marte? Nas grandes cadeias montanhosas do planeta vermelho, haverá a extensão da guerra? Parece que o vulcão extinto, o Monte Olimpo - Olympos Mons em latim -, mais alto medida até hoje tem 27 km de altura, + de 3x o Evereste! De trincheiras marcianas opondo terráqueos contra terráqueos (e poderia ser diferente?) que desejam colonizar o novo espaço a ser conquistado? Ou pondo alguma forma de vida não detectada por nós, 'os mais sábios do Universo...'. Até agora.

Nosso vizinho no diminuto sistema solar tem lá sua topografia pouco conhecida e rastreada. Como serão os combates em chão? E nos céus marcianos (até o presente, pelo que se tem conhecimento, não há maré, nem lagos, nem rios)?
Haverá leitos antigos de rios? Planícies para estabelecer acampamentos? E a velocidade dos ventos será mais um empecilho? As estações? Dizem que a temperatura pode chegar -107°C no inverno marciano.
Minerais a serem explorados? 
Áreas em litígio?

Sei que o que aconteceu com nossa história desde muito tempo lá trás pode repetir-se logo ali na frente, antes do século XXII. Porque antes de 2100, o homem já estará em luta por mais este território". 


Imprimiu a mensagem duas vezes: com erros e sem erros. Dobrou a primeira e guardou em sua carteira com os dados de hora e data, e com o código alfa-numérico sem tamanho para que pudesse mostrar que se um "qualquer" já se queda preocupado com a conquista do Planeta Vermelho, pôs-se a pensar que tal ideia deve passar na cabeça de visionários (hoje tido como loucos?) e governantes que enxergam além da da Terra. O porta-luvas do semi-novo sedã de velho é o lugar mais próximo para manter o documento à mão.

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