sábado, 25 de agosto de 2012

TRANSPORTE COLETIVO E AUTOMÓVEIS

Assistimos nos últimos 50 anos intenso processo de urbanização em todas as regiões do Brasil e em todas as unidades da Federação. Nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, 1º e 3º em população, mais de 95% vivem nas cidades, dentro do que é chamado de perímetro urbano estabelecido dos municípios; em Minas Gerais, 2ª > população, a marca atinge 85%. São dados 'assustadores' que refletem o intenso movimento migratório campo-cidade que ocorreu em paralelo ao (segundo) processo de industrialização iniciado com a implantação da indústria automobilística no ABCD paulista em meados dos anos 1950.

Este inchaço das cidades brasileiras, ainda que arrefecido na última década principalmente nas capitais, aliado ao maior poder aqusitivo da classe média em ascensão propiciado por políticas macroeconômicas saudáveis desde 1994 e mantidas até hoje, fizeram com que o número de veículos presentes nas artérias urbanas crescesse praticamente de forma exponencial superando em muito os números relativos aos da população como um todo.  Hoje a tráfego intenso em todas as cidades de porte médio para grande; as capitais e metrópoles do interior são as grandes vítimas. Não apenas as duas maiores do Brasil - São Paulo e Rio de Janeiro -, mas também Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Campinas, para citar algumas, padecem de trânsito com seriíssimos gargalos de fluidez.

Em São Paulo, maior cidade do país e maior frota municipal, os problemas deste surpreendente crescimento no número de autoveículos traz problemas complexos e que podem tender a uma grave saturação. Os espaços para carros e companhia são cada vez mais raros. Uma solução a médio prazo é a expansão das linhas metroviárias (em concomitante aos corredores de ônibus, aos incentivos fiscais à venda de bicicletas e à criação de ciclorrotas e ciclofaixas). Hoje a capital bandeirante tem cerca de 75 quilômetros de metrô, o que é pouco para as dimensões metropolitanas da grande urbe do hemisfério sul e da latinidade mundial. O ritmo de construção de novas estações deu acelerada nos últimos anos - política que deveria ter sido estabelecida desde 40 anos passados; não foi feito e agora "corre-se atrás" para minimizar o problema. Há que se acelerar ainda mais a construção de linhas subterrâneas de transporte coletivo.

Enquanto isto, a frota de veículos em algumas cidades cresce sem parar com a relação de veículos por 1000 habitantes se aproximanto da registrada nos Estados Unidos. Lá, há cerca de 800 veículos para cada grupo de 1000 e a frota está na casa dos mais de 235 milhões. No Brasil, aproximandamente 280 por 1000.
Aqui no Brasil, temos ~73 milhões de veículos registrados, segundo dados do Denatran, com grande concentração nas cidades médias e grandes. Alguns exemplos de como as cidades estão cada vez mais "automotivas" em detrimento da coletividade.
Nestes números estão compilados automóveis e peruas, caminhonetes e camionetas, vans, e utilitários (desconsiderei os números de caminhões, ônibus e micro-ônibus; assim como de motocicletas).

1
São Paulo
5.527.810
2
Rio de Janeiro
1.908.971
3
Belo Horizonte
1.186.313
4
Brasília
1.150.225
5
Curitiba
1.088.926
6
Goiânia
631.743
7
Porto Alegre
613.926
8
Campinas
602.586
9
Salvador
574.866
10
Fortaleza
552.033

Fazendo uma análise rápida, São Paulo tem cerca de 1 carro para cada dois habitantes (população estimada pelo IBGE em 11,3 milhões para 2011) - 500/1000; patamar que se encontra também a capital de Goiás. Na capital do Paraná, o índice é ainda mais elevado: 620/1000. Cerca de 800 veículos são emplacados todo dia na cidade, aí incluso todas as categorias de motorizados. Demais capitais também apresentam saturação próxima.
Em meu modesto entendimento, a riqueza de um povo, de um país, não pode ser medida tão-somente pela quantidade de veículos que são vendidos; não se trarta aqui de ter uma visão de "alice no país das maravilhas" e enquadrar o carro como o principal vilão de nossos problemas de mobilidade urbana - não, de forma alguma. todavia, é necessário repensar a questão do desenvolvimento via aumento exagerado de veículos nas ruas. 
Reitero: transporte coletivo é uma possível - e principal - solução, mesmo a médio prazo.
Tudo segundo o Denatran - só acessar o sítio http://www.denatran.gov.br/frota.htm.

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