sexta-feira, 31 de agosto de 2012

48 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - LIVROS PARA PUBLICAR

Reprodução [link da foto abaixo]
Reunião tomou toda a manhã avançando até as 14h sem que ele pudesse sair para o almoço, fator que causava irritação sobremaneira. 

Resolveu-se muitas coisas e o planejamento para 2013 finalmente fora fechado a contento de todas os envolvidos, incluso ele. Sim, ele que bateu o martelo na principal das divergências quanto à publicação de livros de auto-ajuda: o número de títulos deste segmento fora diminuído para apenas dez ao longo dos doze meses que virão. 

Argumentou que tais livros andam com vendas em alta, é fato, mas que a editora não pode ser reconhecida no país dos não muito letrados como uma empresa que publica tão-somente livros com pensamentos positivos, de como ganhar dinheiro e congêneres; "e não estaremos excluindo estes livros, apenas dando espaço para outros segmentos", redarguiu finalizando. 

Ele próprio, dono fosse, não publicaria nenhum deles porque os julgava verdadeiro lixo não reciclável tamanha sua "Alice no país das maravilhas" contida em páginas para almas em desassossego. Cedeu por um lado, esticou a corda por outro e resultou em um cronograma de lançamentos - o melhor em muitos anos. 

Também livros de "literatura gay" ficaram em segundo plano, "mesmo porque não vendem o suficiente para que tenhamos mais títulos deste segmento. Creio que este mercado ainda não foi bem explorado, mas por outro lado, parece que só pornografia vende mais ou menos- o que ainda não é muito em termos de reais -, e portanto, devemos manter o número deste ano", esclareceu sua posição quando, na reunião, lhe perguntaram sobre este nicho que tanto crescia. 

--- Não cresce tanto assim para justificar mais lançamentos. Só ver os números.
Disse em alto e bom som ainda no começo da longa reunião, o que fez calar dois defensores "moderninhos" da ideia.

No escritório, agora sozinho, mas como em seu castelo invencível, seu estômago se fez notar de maneira aguda. Saindo, ainda no elevador, verifica as chamadas não antendidas durante a reunião de três horas: a faxineira realizou duas, uma de sua gerente, mais uma do zelador do prédio e, por fim, outra do... Veterinário dos seus companheiros de conviva na cidadela inexpugnável.

Não havia recado, apenas indicava uma chamava não atendida.
Ganhas as ruas para almoçar mais de 14h30, celular à mão.

"O que será que o Licínio quer? As vacinas estão em dia, contribuí para a feira de adoção... O que mais pode ser além disto tudo. Que proximidade é esta? Ando pensando nisto tudo, em minha vida de eremita e fico dando voltas e mais voltas em minhas cabeça sem que eu possa... Espera. Eu nem sei do que se trata. Porque já to pensando em algo "social" se nem mesmo eu sei dele e ele sabe de mim nada?"

Almoça vorazmente uma grande salada com carne grelhada. O telefone o chama. É o veterinário que insistem em falar com ele.
--- Alô Tito. Tudo bem?
--- Tudo bem sim. Estou te atrapalhando? Posso te ligar mais tarde se preferir.
--- O que eu prefiro agora não conta, pelo menos não desta vez. Brincadeira, pode falar. Estou terminando o almoço.
Silêncio de um... Dois... Três... Quatro segundos
--- Desculpe. Pensei que já tivesse almolçado, mais de 15h já...
--- Que nada. Pode falar 
---Vou adiantar rapidamente porque é um assunto que não dá para resolver agora, é só uma primeira conversa. Estou escrevendo um livro sobre a interação entre cães e gatos. "Os melhores amigos de seu amigo". 

Em um repente, um furacão de pensamentos passa pela cabeça do editor que nada menciona.

--- E se fosse possível, queria conversar com você...
--- Porque queria? Não quer mais?
Mais segundos de silêncio.
--- Brincadeira de novo. Hoje é sexta! Fala, continua.
--- Quero falar com você sobre o livro porque, na verdade, seus 'dois filhos' podem compor a lista de personagens com fotos e depoimentos. O que acha?
Ele é que faz silêncio.
--- Está aí? Alô! Alô!
--- Sim, estou aqui. Um livro para publicar que trata da amizade entre cães e gatos? Nunca vi nada em nenhuma prateleira de livraria sobre isto.

Combinam um breve encontro na clínica amanhã, na hora do almoço para conversarem mais sobre o assunto; e ele levaria Felino e Rex. Fica surpreso como faz algum tempo que não ficava com nada neste mundo de livros, páginas, escritores e afins. Ao mesmo tempo que isto pode denotar uma maior proximidade com outros seres humanos (além daqueles com os quais trabalha), o que lhe causa certa espécie, ao mesmo tempo tem atração pela ideia: este livro de amizade pode ser um grande fenômeno de vendas", pensa ao passar o cartão.

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