segunda-feira, 3 de junho de 2013

VIAGEM CXXIII - IMPLOSÃO E REPARO

Reprodução [sítio abaixo]
(este escrito foi mais um dos achados que ele encontrou em suas andanças pela cidade de São Paulo quando executava o trabalho sem-fim. Tirou do bolso de um morto, estava impresso em vermelho. Leu, releu e guardou na pasta "aleatórias dos executados" que mantinha na grande garagem; a coleção só fazia aumentar)

Explosões em minas terrestres devastam;
as explosões em mim já não existem.
Implosões em velhas construções põem abaixo;
as implosões em mim são irreversíveis.

Tudo o que corre por veias e artérias
estão ficando cada vez mais rápidas
e dispersas e sem direção.
Deve ser um aviso do que está para vir.

Em guerra você destrói o outro, 
um inimigo de verdade que está à sua frente.
Dentro de você, há uma desconstrução primeiro,
há a destruição depois.

Vêm os feridos, as chagas e o a carnificina
pelas explosões; estes podem ter cura,
mesmo que a cura venha de maneira amputada,
fazendo-os viver diferente do restante.

Quando eu venho com meus ferimentos,
não há doutores, tampouco remédios.
Anestesia não há... Alívio não há.
Reparos somente quando eu fechar os olhos depois da maior implosão.

http://www.contempaesthetics.org/newvolume/pages/article.php?articleID=602

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