sábado, 15 de junho de 2013

81 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - PARA ENTENDER VOCÊ TEM QUE OUVIR

Reprodução [sítio abaixo]

Na manhã de sábado, o telefone logo cedo.
--- Oi. Tudo bem?
--- Tudo sim. E você?
--- Tudo bem... Eu acho. A gente pode se falar?
--- Podemos, mas por que você quer falar comigo? 
--- Porque eu acho que a gente deve trocar uma ideia. Na tranquilidade.
--- Sobre? 
--- Eita! Tanta coisa. Mas você sabe sobre o quê, né? Ainda mais um cara estudado como você.
--- Não começa com esta história Maximiano. Isto nem é relevante assim.
--- Tudo bem, na paz. Podemos nos encontrar? Hoje?

"E tem que ser hoje porque mesmo? Não tenho vontade de falar com ele hoje, sabadão de preguiça, de passear com o Rex, de brincar com o Felino, de vasculhar livros...".

--- Alô! Está aí ainda?
--- Seguinte, vou sair com meu príncipe herdeiro lá pelas 15h. A gente pode se encontrar perto da praça, ali em frente ao supermercado 24h. Pode ser? 
--- Sim, pode sim. Marcado então! Até mais!

E ao desligar o telefone, ele se dá conta que acaba de assumir um compromisso, sábado, no passeio com seu cachorro, preguiçoso que está, e ainda mais para ouvir o que ele pensa não ter conserto para o grande furo dado pelo metálico amigo (ou ex-amigo...) àquele dia do almoçado não comido.

Quando se encontram, um aperto de mãos e Maximiano faz um afago na cabeça do Rex, que, todo faceiro responde, pulando no colo dele querendo brincar. Por que ele é assim: festeiro e acolhedor, mas ainda um tanto estabanado. Típico da idade dos adolescentes caninos que julgam que todos os homo sapiens sapiens gostam deles na mesma proporção que eles gostam. Isto é um engano... Crasso!
Passeando e quadrando a praça perto da casa onde ele tem seu castelo indestrutível, a conversa versa, no estágio inicial, sobre superficialidades que beiram quase a futilidade daqueles diálogos de elevador...

Resolve mudar o rumo das fúteis e dispensáveis palavras  e fonemas proferidos.
--- Sabe, mudando completamente, porque estamos aqui? Falando coisas que não nos acrescentam nada.
--- Sim, verdade. Chamei você porque eu não gostei nada do que me falou, que eu sou ingrato. Não gostei porque àquele dia eu estava despreparado para ouvir. Depois eu foquei pensando, pensando, todos estes dias eu fiquei remoendo sobre o que aconteceu na casa do meu irmão, sobre o que você tinha me falado.

--- E? 
--- Tem razão: eu acho que fui meio ingrato mesmo. É que é tão difícil esta fase que estou atravessando na minha vida. A gravidez, depois ela me trai, aí vem a separação. Depois vou morar com meu irmão. Fico sabendo que ele é gay e quer se separar depois de mais de 10 anos de casamento e para terminar, tenho um caso com a ainda mina dele. Cara, aconteceu tudo isto me menos de 1 mês na minha vida. É muita mudança, ligado?
--- Estou ligado sim. É mesmo muita mudança, não tenho dúvida.
--- Difícil é pouco para definir esta fase. Diria muito complicado, porque tem coisa que eu não consigo entender. Mas elas acontecem e pronto! São lances que dependem de outras pessoas também.
--- Acontecem. Algumas atitudes só dependem de você. Outras não, é verdade, referem-se a quem está próximo de você neste momento.

--- Não entendo! Tem coisa que por mais que eu tente, eu não consigo entender. Por exemplo: meu irmão virar gay.
--- Ele não virou. Ele assumiu o que sempre foi.
--- Será? Sei lá, mas eu ser ingrato a ele por não concordar com ele, deve ser por isto que demonstrei ingratidão... No sentido, sei lá, de ele virar gay, assumir um namoro com a filha da vizinha da frente. É demais pra minha cabeça.
--- Você ainda está lá?
--- Sim, mesmo eu mal falando com ele, ele não quer que eu saia porque nem tenho para onde ir. Só saio quando ele recebe o namorado... O macho dele... 
--- É, a ingratidão se instalou aí dentro de você.
--- Mas eu não acho legal, se for isto mesmo. Acho errado eu ser ingrato, mas não consigo mudar de atitude.

Já sentados em um banco conservado depois de tantas manifestações ocorridas por ali em dias anteriores, ele se atenta em ouvir um homem, ainda jovem, discutir sobre posicionamentos, atitudes, ou mais, sobre como ser na vida, como agir com relação às diferenças e assumir que estas o afasta das pessoas que ele tanto ama.
A vida é mesmo assim e complexa.

http://socialprosemedia.com/2013/05/14/your-customers-are-talking/

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