quarta-feira, 20 de julho de 2011

051 - CONHECENDO O HIPOGEU II - REGRAS

Logo que adentraram em corredor bem ilunimado que cheirava a mofo. O lugar, por sinal, era de uma profusão de odores para vários gostos e cada passo que davam parecia que vinham mais e mais cheiros, como que dançando no ar, alguns convidativos, parecendo os desenhos da infãncia distante. Duílio lembrara de Pernalonga, Pluto e mais alguns...
"--- Chegamos. Bem, ainda não apresentei meus amigos, e que serão nossos, porque aqui é o melhor lugar. São verdadeiros titãs. O da cicatriz na boca é o Cronos e o outro ali, do tamanho de brucutu, é o Atlas. Os nomes eu mesmo escolhi em acordo, claro, com eles. fundamentados no aspecto físico e, eu diria, hã... Comportamental".
Duílio conhecia um pouco de mitologia, ao ouvir tais nomes, olhou fortemente para Simão.
"--- E eu, aqui, sou Zeus. Sabem que eu prefiro Júpiter, mas... Tudo bem. Sabe que estes nomes só podem ser ditos aqui e mais, e mais, aqui somos estes nomes. Vamos às regras".
Vendo o ambiente, os 'gregos', e eles ali, Simão sentia um frenesi que ardia em sua cabeça. Duílio, receoso, atento a tudo com sua visão periférica treinada. Reparou que Cronos ficava bem distante de Atlas na questão física: era magro, diferença básica. Não que fosse esquálido porque era alto e tinha ombros largos. A cicatriz que ia quase do lábio até o olho esquerdo percorrendo o zigoma, revelava-se um ímã. Já este Atlas poderia mesmo segurar o mundo, ou mehor, imobilizar Duílio e Simão ao mesmo tempo: grande, armário e sem sorrir uma vez sequer.
---"Regra número 1: nunca, mas nunca entenderam bem? Nunca falarem daqui, nunca ouviram falar daqui e na rua nos não nos conhecemos. Punição para quem fizer é uma noite aqui com Cronos e Atlas. Sim, eu vou ficar sabendo se isto acontecer. Tenho muito dinheiro e informantes. Tenho influência. Eu vou atrás".
Silêncio. Foi quando Cronos abriu a boca avisando do horário.
Seguiram por um corredor de mais de 10 metros, iluminado por luzes frias e que tinha um pequeno desnível que aumentava a cada passo dado. Os azulejos brancos estavam limpos e sem bolor como na sala anterior; o corredor parecia não acabar. Foram todos em silêncio em fila indiana, com o par Simão e Zeus na frente.
"--- Aproveitando este momento de calmaria, aparente, quero falar sobre a segunda regra: quando o acontecimento começar vocês não poderão desistir de ficar até o fim. Sem náusea, sem vômitos. Quero-os vendo como homens. Portanto, aqui é ainda a última chance de virarem as costas e seguirem pela estava que vieram fumando esta porcaria de cheiro que impregnou em vocês. O que me dizem? Só lembrando que a 1ª regra vale mesmo que não sigam adiante".
Entreolharam-se. duílio queria mesmo, àquela hora, desistir e voltar para nunca mais e esquecer o que ainda não tinha começado. simão, percebendo o olhar aflito e depois furtivo do amigo, assentiu por ambos.
No final do corredor, o barulho ia aumentando e o cheiro de água sanitária na mesma proporção. 
"Nossa! Este cheiro está grudando no céu da minha boca, na minha língua". Duílio cada vez mais tenso e atento teve um princípio de náusea tamanha a intensidade do odor. 
Zeus abre a porta. O cheiro vem e lhes dá um murro na cara. Simão franziu o nariz.
"--- Daqui para frente não tem mais volta. Vamos entrando. Terceira regra: Logo ali há um quase círculo em arena, como nas tragédias gregas, em que vocês devem sentar em lados opostos e, o mais importante, não devem desgrudar os olhos da arena. E como vou saber isto? Bem, há câmeras escondidas. Ficarei vendo aqui da sala ao lado, moniotorando-os; claro que Cronos e Atlas se posicionaram junto a cada um de vocês. Ah, e claro, devem escolher para qual "time" irão torcer e devem apostar por isto. Não é dinheiro, tão-somente por apostar".
Antes de a porta ser aberta Zeus relembrou as 3 regras: não contar nada a ninguém, assistir até o fim sem esboçar reações fisiológicas e prestar muita atenção no espetáculo e apostar por um time.
Pronto, agora entraram. O espaço quedava-se em silêncio absoluto, com luzes ainda mais fortes, com um cheiro de suor no ar.

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