sexta-feira, 29 de julho de 2011

06 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - INVASÃO I

Sábado fim de tarde. Solidão suprema. Auto-sabotagem.
Telefone toca tirando o torpor da tarde toda. Tomou mais um gole.
Quente, que gemeu antes de atender o celular.
A corrente, ou melhor, o acorrentado roto paracia ruminar virando o queixo para lá e para cá, como fazem os ruminantes. Regurgitação de rinocerontes?
Ruim tudo agora. Porque o acorrentado está próximo e robusto.
Sábado. Quase noite, o lusco-fusco está se preponderanto, renitente como remédio, que a garganta engole.
Deitou no lugar de sempre no apartamento. Ouvindo carros, aviões e um helicópetro voando por ali. Teto bem claro tratado em demãos várias. Cor.
Não era alto o apartamento; vertigem vinha voraz menos frequente agora. E de madrugada percorria as escadas de incêndio, subindo, descendo em noites algumas. Insônia. Acostumou-se acordar em horas díspares, desperto, dedicado.
Xícara na mão, das grandes. Acabara de fazer e o cheiro se fazia esplahar pelo vento de inverno do trópico Capricórnio. Gole. Amargor. Sensação de conserto de vida. Cafeína.
Recostou-se e pôde sentir o vento em seu abdômen e mamilos. Enrijecidos ficaram. Prazer.
Orelhas quase de abano flagaram o vento de uma aragem propiciando uma noite fria.
Defronte ao telefone, 11 05 8555-6065. Nunca vira e era de fora. Deixou tocar até quase parar. Não queria.
Virou os olhos para a persiana e preferiu recostar a cabeça
Crânio de tanto pensar no chão de carpete bem fino. Cinza.
Veio a chuva e o vento corria mais modificando as folhas da romãzeira da sacada; loucas, balançavam, galhos vergavam.
O velho truque. Começou a contar trovões na cabeça. Carece dizer que não chegou no terceiro, que foi o grande. Música.
Teve o cuidado de esticar o braço - sentir o vento em seu sovaco - e colocar a xícara o quanto longe pôde. E pôde o suficiente para o felino chegar a ele e deitar.
Última consciência... Pensou em dormir ali mais dias.

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