terça-feira, 19 de junho de 2012

VIAGEM LVII - DURANTE O JOGO

Reprodução
Ele não via como uma tarefa que pudesse ter final tudo aquilo que fez e que ainda faz e que ainda fará durante um bom tempo porque fora assim determinado. Ele que determinou quando começar e nunca parar.
"Sempre há algo para fazer", porque aqui como em nenhum outro planeta (des)povoado que existe no sem-fim universal - a expansão avassaladora que tudo contém e consome -, os acontecimentos, como protagonistas os pulhas humanos com sua paraférnália moderna e comestível, vivem fazendo e acontecendo. "Esperem. Estou chegando" era o que pensava tão logo como se pudesse responder apenas em pensamento o trabalho a executar.

"Apesar que existem mais e menos comestíveis, cada qual com seu atrativo no lombo para poder melhor ganhar a vida. Até eu mesmo faço uso quando não tem mais jeito e a vontade se desespera. Cada qual faz como pode ou quer e cada qual que arque como pode com as consequências da atração".

E as coisas não param de se suceder, sem cessar. Enquanto alguns em vigília, outros descansam e se metem com eles mesmos. Os acordados se metem com os outros; a tal "interação" humana tão falada, tão apregoada e tão pocuo feita de maneira convincente.

---Pelo menos para mim, nada convincente é. Só o que eu faço convence a mim e aqueles com os quais eu me encontro quando ando por aí: eles sentem, veem e ouvem. Está ótimo! Convencimento prévio é para moleque pequeno quando se trata de mostrar as artes que eles supõem fazem. Arte? Cadê? Que de arte, nada convence.

Nos passeios pela cidade, sempre pelo asfalto durante estas semanas, o jogo se inicia tão logo sinta o cheiro de chocolate ao leite derretido dentro do semi-novo sedã de velho, de cor cinza chumbo, e claro, metalizada. "Assim passo mais discreto possível me parecendo com vários. Mimetizo-me à moda memória mnemônica"
São as tais ligações covalentes (das combinações elétricas que permeiam tudo) que aprendera lá trás com aquele professor de química para lá de idiota e que nunca conseguira se fazer entender, pelo menos para ele. 

"Queria encontrar com este imbecil extremo hoje e lhe mostrar que o imbecil de quatro costados em covalência cresceu e que hoje é ele quem determina se você continua ou descontinua. Poderia procurar pelas redes sociais".

Seria mais um jogo sem final, só com começo e meio... Eletrizante começo, diga-se nervoso, irriquieto.
Cartões de advertência inexistem porque estas já foram repassadas à exaustão pela vida e as faltas permaneceram com um recurso canalha bem à moda dos carcomidos que batem, correm e sugam; e tripudiam.

---Estes? Sobrarão alguns para contar? Quando sobram? Só se eu abdicasse do jogo, assistisse da plateia gritando a cada disputa, como eles todos fazem e se gozam ejaculando uns aos outros feito imbecis empalidecidos pelos (de verdade) espertos. Estes aí do jogo se enganaram 180° porque da plateia eu quero o silêncio de morte e a atenção e pelas disputas eu entro antes do fim e fico. Saio antes dos holofotes, entrevistas e respiração ofegante. 

Riu de morrer agora se imaginado sob luzes de câmeras de televisão e falando "professor isto, professor aquilo".
Voltas pela área central da cidade: avenida Rio Branco, depois na Duque de Caxias; Largo do Paissandu, vira na rua São João com Ipiranga (que não aconteceu nada ainda). Passando pela praça da República, de novo pelo Edifício mais alto dee são Paulo. Estaciona em local proibido para ver o edifício mais alto de São Paulo, esticando o pescoço para fora da janela. "A queda deve parar qualquer coração suicida antes da 'penúltima descoberta' em perceber que não tem mais jeito".
No jogo de hoje, uma goleada matadora de eletrizar os mais incautos e desavisados. "É o que mais tem para hoje: eu animado, disposto a perpetuar o jogo e os vacilões arrogantes".

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