sábado, 23 de junho de 2012

41 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - CHUVA E FRIO EM SÃO PAULO

Reprodução
Estava mesmo um frio doído, daqueles que cortam as pontas das orelhas do doutor Spok e narizes gregos aos montes espalhados pela cidade. Guarda-chuvas de todos os tipos e justamente naquele dia, na sexta-feira, ele deixara o grande  corvo preto de cabo curvo em casa, na área de serviço.
Teria que comprar um na saída do metrô; compraria dos pequenos, porque têm alguns vários guardados no castelo que ninguém pode derrubar.

Porém sentinelas hoje não guardavam a ponte da entrada deste castelo, o instransponível.
Só quando ele "permitia" que lá estivessem, como em suas viagens oníricas transpassadas de referências e empaladas pelo tempo que insitia em voltar quando dormia a sono solto.
A chuva envolve a grande megalópole do Brasil. Capotes, cachecois, sobretudos ("uma instituição do Velho Mundo? Ou norte-americana", perguntava-se toda vez que se deparava com uma pessoa "adornada" com ele, em geral, no espécie masculino dos homo sapiens sapiens... Razão deveria se dar porque assisitira tantos filmes de suspense e policial quando mais novo e todos os herois e vilões trajavam a peça fundamental para o rigoroso inverno do norte). Em São Paulo, se usa em dias de intenso frio sem trégua, em dias nublados e de fina garoa

--- Que de garoa... Virou chuva fina, de inverno, que demora horas para passar. Porque do balde de chuva do verão, esta aqui é insistente e teimosa: vem e fica. Igual ao que aparece quando ando pelas estradas úmidas vestidas de limbo. Parecem me perseguir.

Calçadas molhadas, ruas encharcadas e carros passando sem cessar em um frenesi de chegar em casa antes do grande horário de pico (todos, em fato, estão dentro dele). Caminhar calmamente protegido (?) por um guarda-chuva de quinta categoria pode ser mais relaxante do que apressar-se em ir embora que, inevitável, causará congestionamento de braços erguidos, pontas dos raios dos guarda-chuvas nas caras, ombros molhados e espera embaixo de marquises.
A água alcançou a a segunda meia que pusera hoje para enfrentar o frio da manhã, os 7°C marcados nos termômetros nem sempre com manutenção correta. Até ficara um pouco com os pés apertados por conta do meião a mais dentro. Preferia assim, sem ficar tremendo e sentindo suas costas lá no fim geladas.

--- Frio e umidade sem proteção já chegam pelos caminhos serpenteados de altos e baixos feitos até o castelo perdido em névoa densa, com pés descalços. Nunca é fácil de achar o danado, fica andando e andando. Agora sem chances. Engraxarei de novo os sapatos logo que chegar porque a umidade pode mofar e de mofo... Limpei com muito esforço as paredes emboloradas da construção. Repetir todo este cansaço depois da limpeza? Obrigado, mas eu vou pular.

Satisfez-se em poder andar sem correr para transcorrer a distância restante, ao contrário dos pedestres outros que, ziguezagueando, vertiam em seus semblantes aquela que é a inimiga da perfeição. 
"Perfeição, e porque alcançá-la? Prazeres hedonistas, estética como primeira graduação e tudo o mais que os bilhões valorizam... Tudo para buscar a perfeição. Estou começando a tremer de frio e não vou sair igual barata fugindo do inseticida.

Percorreu o resto do caminho lentamente sem se importar com os pés praticamente encharcados com a garoa que teimava em embaçar seu óculos de míope atrapalhar um bocado sua paciência. Tirou-os e guardou no bolso interno do sobretudo. Molhado e começamndo a tiritar de frio, suspirou em felicidade plena em saber de sua cidadela seca, de temperatura tépida e cheiro de café logo mais pela casa. Sorriu, porque pelo menos não haveria sentinelas postadas sob chuva para vigiá-lo.

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