sábado, 10 de março de 2012

VIAGEM XXXIX - CANSAÇO

Reprodução
São os que cometem crimes que estão em sua mira, que fazendo uma menção, é de ótimo treino e nunca falha - experiência adquirida nos últimos anos. E a mira se refere a mais que tão-somente bons olhos porque para desempenhar todo o ttrabalho na megalópole há que ser infálivel em todos os sentidos. Nunca falhou nada. Bem, nunca falhou até agora. "E não vai ser agora que vai acontecer", dizia para ele mesmo quando passeava observando os corpos na multidão.
Passeia no início da manhã - com humanos manhosos ao acordarem - de mais uma noite de hercúleo trabalho na grande cidade brasileira com muitas grades protetoras e que se desenvolve dia após dia sem se cair na vala comum do esteticismo barato, da malandragem enaltecida; mesmo que a grande cidade assim quisesse, não combina, ao certo, estética, levar vantagem e trabalho sério. Nem todos cometem os crimes que devem ser notados e escancarados.

É o que sempre faz: escancara os poderosos de maneira não deixar cair no esquecimento. Entenda-se poderoso como o humano que manda em qualquer lugar ou que mande em pessoa(s). E que goste de mandar, aferrando-se ao trono do "reinado". Ele nunca gostou daqueles que se mostram extremamente capacitados e por isto desfazem e vilificam quem podem  e quem conseguem.
Os bichos são sempre os primeiros da lista: se ferram contumazmente. Depois vêm os elos mais fracos da sociedade: menores, velhos, pobres. A lista contém "n" tópicos.
Um café reforçado que transborda a xícara na padaria, a música de elevador ecoando pelo espaço. Pelo grosso vidro de blindex observa os passantes pela calçada, abordados por um noia que perdeu a noção de tudo e que se perdeu na vida. Para um, pergunta para outro, pede para todos.
--- Ele não se cansa...?
Volta-se ao café. Sente cansaço pela noite extenuante pelas idas e vindas nas artérias de asfalto e piche. O trabalho havia sido intenso e no derradeiro "conserto", resolvera-se estender-se um pouco além do que acostumara-se a realizar... Horas mais dedicou-se ao "12 trabalhos de Hércules" em São Paulo. Cansou-se.

Luta para não para bocejar. Remédio: outro café, agora preto e sem açúcar. 
--- O dia mal começa e não posso estar sonado assim. Claro que nos feriados - e hoje é mais um deles no rico "Brasil-potência de pleno emprego" - eu consigo dormir mais nas horas fora de costume. Ainda mais depois desta noite, percebo que estou ficando velho. Chegar em casa e deitar um sono justo. Minha consciência se desliga quando executo bem o que me proponho. Mas hoje, meus pés e pernas pedem mais tempo de desligamento".
Cansar-se, única previsibilidade em se tratando de seus atos, o nivela a todos os outros que cruzam seu caminho. ele julga que seu cansaço tem que ser passageiro porque o trabalho é interminável e o descanso é só para bem depois quando ele estiver diante de um "juiz divino sacrossanto". 
Desgosta que seu físico não aguente tudo como antes: dias dormindo pouco, alimentado-se pior ainda; porém sempre estava desperto e atento. Pronto para mais maquinações (as necessárias, óbvio; porque ficar maquinando em cima de punhetações mentais como hedonistas e feios de caráter o fazem, é um desserviço a ele)... 
Finda a xícara toda tinta de borra de café, nota que queda-se trêmulo. "Deve ser o cansaço, a falta de sono. Por sorte, estou perto de casa". 
No semi-novo sedã de velho useiro e vezeiro a cheirar chocolate, ele se fixa em sua cama: matar o cansaço lhe conforta nos poucos metros que restam até sua casa.

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