terça-feira, 20 de março de 2012

VIAGEM XLII - DO LADO DE LÁ

Reprodução
Tem sempre que haver por ali uma ponte, longe ou perto, com o imenso e duro chão lá embaixo que quase não se pode ver.
E olhar para baixo é tremedeira na certa. Concentre-se então em atravessar a ponte, que pode balançar com o vento, com a sua insegurança, com sua passagem arrastada por ela e com tantas indecisões.
Pontes que formam um emaranhado de ligações entre quaisquer um de nós: elas existem;
seja entre negros e brancos ou entre amores quase impossíveis.
Sempre há uma por aí construída mesmo que não usada.
Vejam só como acontece quando elas estão esquecidas, sujas ou rotas, ou ainda faltando algumas partes para uma travessia segura. Temo que o tempo as apaguem das nossas memórias.
Nada é seguro, e quem assim falou, cometeu erros em cima de erros. Uma coleção deles.
Segurança para quê? O que querem aqueles que desejam estar seguros, protegidos ao caminharem pelas edificações com o azul por cima e o chão por baixo?

As pontes são tais como estreitos que ligam massas de terra... E por eles passam poucos de cada vez?
Passa um só de cada vez. Porque aquela ponte é a sua trilha para não estacar do lado de lá e esta é só você mesmo que pode marcar pelo chão. 
Quando você a vir, saberá que é sua.
Então, quando se deparar com um fim de um processo, à beira do precípicio, ele não será um fim.Olhem à frente.
Fase nova, de exploração e o caminho é a ponte.
Duvidar de que quando você chegar lá do outro lado (e eu não sei qual é o seu lado, nem qual lado quer chegar) irá olhar para trás, não duvide.
Provavelmente você olhará e perceberá o perigoso caminho que percorreu quando suspenso por 'cordas' e pisando em material frágil, se segurando como pôde para não cair e se estabacar de forma certeira no chão duro.
As pontes são estreitos que unem grandes massas, como o de Behring unindo Ásia e América no norte gelado por onde a transumância humana se deslocou milênios passados.
Desde muito tempo atrás, há este vaguear por todos os lados de forma coletiva.
Você é um indivíduio no meio desta 'massa de gente' à procura de um estreito para ir do lado de lá.
Sabem, do lado de lá pode estar a melhor parte de vocês, a melhor parte de nossas vidas.

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