quarta-feira, 10 de outubro de 2012

53 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - LEITURA CONDICIONADA

Reprodução [sítio abaixo]

Está por acabar de ler o livro - o rascunho, claro - que o "amigo" veterinário enviou a ele na semana passada, com 180 páginas, em fonte arial, 11, espaçamento 1,5. Sem revisão e os erros logo não tardaram em aparecer saltando aos olhos logo na primeira página, no segundo período: um erro de concordância.
Em outras épocas nem tão distantes assim, estas erros crassos para ele o fariam desistir logo da leitura e jogar no lixo os rascunhos enviado de quem quer que fosse. Nestes dias de hoje, mais paciente com tudo, não se deteve nos erros e seguiu com afinco as ideias sobre cães e gatos.
As fotos vieram em outros arquivos em alta resolução, em um total de 17, todas coloridas e muito aconchegantes para os aficionados pelos pequenos e bitelos animais de estimação. Havia de tudo: cachorros grandes com gatinhos, gatas amamentando cachorrinhos, amigos velhos, novos, dormindo juntos, comendo no mesmo vasilhame.
Um verdadeiro deleite para olhos cansados como os dele.

--- Pronto, acabado! Amanhã começo reler. O que falta, além de uma revisão acurada, é selecionar qual foto vai em qual página. Bem... Acho que agora consigo ir embora depois desta tarde de intensa leitura manchada por tantos erros, mas que mesmo assim me tomou toda atenção. O livro é interessante e as fotos vão compor um bom conjunto vendável nas prateleiras das livrarias de São Paulo e do Brasil.

São mais de 15h e o estômago lhe avisa que o café com bolacha água e sal já se foram faz tempo e que existe um enorme buraco negro nele. Ainda dá tempo de correr à padaria e pedir um prato executivo.
O elevador nesta hora está cheio porque muitos funcionários voltam do almoço, parando em vários andares dificultando sua saída e fazendo a barriga roncar feito o Rex quando dorme a sono solto e pesado.
Por um átimo, à frente da porta giratória da padaria movimentadíssima como sempre, ele se detém e analisa a possibilidade de ir se fartar em um outro local. Uma razão exprime a parada: seu amigo de sorriso metálico, sempre escancarado movendo-se com rapidez não se fará presente. Sim, a comida é muito boa, mas ouvir piadas, ganhar um cafezinho extra de graça e ouvir as últimas faziam de seu almoço lá um acontecimento.

--- Tenho fome. Vou aqui mesmo porque o serviço nem demora e os pratos são no capricho. E tudo o que eu quero é algo caprichado, por não basta ser bom, como no lance do livro, mas sim não deve haver erros; aqui não há: é garantia de bom tempero. Só não rirei das piadas porque não há ninguém para contá-las para mim. 

Entra e mesmo não sendo fã de ar-condicionado não pode deixar de sentir um alívio refrescando todo seu corpo coberto por um terno escuro e o pescoço engravatado. Sua fome aumenta vislumbrando um refresco no suor que empapa seu pelos. Um prato de bom tamanho, com salada variada e carne gorda, deve aplacar a "dor que deveras sente" sem fingimento algum. 
O suor vai desaparecendo conforme ele vai comendo. Também, posicionou-se perto do moderno aparelho chinês que luta e vence para refrescar o ambiente decorado com motivos portugueses. "Estes chineses querem dominar o mundo, tudo é feito lá! Eu espero estar morto se e quando isto acontecer mesmo.

A primeira coisa que faz ao chega em casa, quase na hora de sua série preferida na TV paga, é livrar-se da gravata cinza pendurando-a no mancebo logo à entrada. Aprendeu com o tempo que se a colocar à altura da boca do Rex, em poucos minutos ela estará toda babada, amassada e comida nas pontas.
Deitado no velho lugar de toda vez, lá pelas tantas horas, o conselheiro-mor e o príncipe herdeiro ainda com o osso de brinquedo na boca se achegam perto dele. Já passa da 1h e o brisa fresca da quente noite de verão vai embalando seu sono até que ele apaga e por algumas horas quedar-se-á ali.

Na fria Escócia, no frio - mas protegido castelo -, o sol entra mirrado pela pequena janela emoldurada por pedras vindo de algum lugar ali por perto mesmo. Sem necessidade de ar-condicionado algum, ele supõe, em qualquer lugar do norte das ilhas separadas da Europa há dezenas de milênios. Ao acordar, cedo usualmente, os pés no chão o fazem lembrar que descalço é que se desperta mesmo: o frio o faz lembrar que a vida é dura e pode ser triste (não exatamente juntas).
Sem cheiro de café, vai à janela e o tudo está na ordem perfeita com o fosso de águas turvas, a ponte levadiça suspensa e os sentinelas guardando-a sem erro quaisquer. Ele vê ainda que são os mesmo homens de outro sonho, ou seja, são aqueles que se misturam em sua vida oniricamente.
Um rápido olhar do rapaz à esquerda para cima, visando sua janela e o cumprimento com sorriso largo e determinado, cruza com o dele. Por ali, não passarão pessoas que não se fizerem anunciar. estão em uma sacada que se sobrepõe à ponte; também protegidos para que protejam.
'Mas quem? Não vem ninguém aqui já tem um tempo que nem sei mais quanto tempo'. Devem estar lá para algum tipo de proteção, um quê a mais neste quesito neste dia de sol intenso e de azul cristalino que mais se parece com um branco de tom azulado.

Acorda quase de manhã sentindo a chuva que cai leve em seu corpo, levada pelo vento pesado que se espraia pelo apartamento. Meio tonto e ziguezagueando pelo corredor, segue até a cama; a janela do quarto esquecida aberta refrigerou seu castelo dentro do seu cômodo de conforto. Agora, o ar-condicionado é o dia lá fora.

http://www.i-sells.co.uk/air-conditioning

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