quinta-feira, 26 de julho de 2012

POR QUE DESCONSTRUIR SÃO PAULO?

Reprodução, a antropofagia
(estas  linhas aqui são uma constatação do que vejo e do que ouço de alguns e, sendo assim, resolvi escrever para deixar de passar em brancas nuvens; se aplica a uma parcela de brasileiros que insiste em falar baseada em... Quê mesmo? Às vezes parece que estas pessoas emitem juízos de valores com um olhar viciado. Refere-se a um "falar mal" e não de pontuar problemas e apresentar soluções - são conceitos bem distintos. Resolvi falar mantendo a racionalidade e a calma)

SE A RESPOSTA APARECER, BOM. MAS SE NÃO... MANTER-NOS-EMOS ANTROPOFÁGICOS
Brasileiros, parte deles, fazem questão de desconstruir a imagem de São Paulo, ao qual eu chamo muito despretensiosamente de desconstrução imagética "modernosa" nada antropofágica - é canibalismo; que claro, vai muito mais além apenas da imagem que se quer desconstruir. Começa-se por esta e se estende em uma miríade de argumentos - parte deles falaciosos/enganadores/duvidosos - que tem por finalidade máxima e última impingir à cidade o limbo dentro deste Brasil. São Paulo, a cidade que não tem praia, não é...?
(admito: vivo muito bem sem precisar morar no litoral)

Fico me perguntando qual a razão de tantos milhões de brasileiros terem aqui aportado (ops... Aqui não tem porto porque não tem praia) por diferentes razões que mais lembram o labiríntico caminho do Cnossos em Creta e mesmo assim, insistem na desconstrução; para levar a que? Qual a intenção desta 'manobra'? Batem nesta tecla malhando em ferro quente.

Não, não vou cair na armadilha. Redarguirei sem apresentar o famoso "está ruim aqui? Porque não volta para sua terra?" porque a mim não cabe discutir a questão e apresentar um argumento preconceituoso e falastrão. São Paulo precisa de pessoas do Oiapoque ao Chuí porque é isto que faz mais grandeza à cidade. Faz mais ser o que São Paulo é: uma mescla multi-cultural-social e econômica maior. Somos basicamente e primeiramente antropofágicos no emocional e no racional.

Podem vir e devem vir de onde forem. Paulistanos e/ou paulistas não são melhores nem piores que outros habitantes de outros estados praianos onde a brisa do mar balança o barquinho que vai e que vem... Nós somos o que somos tirando e pondo muita coisa aí e a cidade também precisa de nós; e a precisão talvez quede-se para sempre.

Vejo a cidade como uma urbe do século 21, sem tempo para divagações ao longe como quem espera no cais do porto um amor que nunca vai chegar. Sabe, aqui existem tantas esquinas da ZL à ZO que o amor pode estar por aí, na próxima guinada de seu caminho.
Voltando à desconstrução. Eu ainda, até outro dia, perguntava-me o porquê de tamanha virulência amarga como bílis em destilar o - quiçá - ódio com relação à cidade e aos seus habitantes para com isto alçar outros lugares ao lugar de São Paulo, e não obtive resposta: inveja e despeito não creio que caibam como resposta, pela parte dos comentários ruins.

Os habitantes daqui, os mais de 11 milhões, que não são tão assim deselegantes (mas talvez discretos como diz a música do baiano que resolveu falar deste pedaço de chão porque mesmo? Eu penso que ele nem gosta daqui, o lance dele é preguiça e tempo de estio... Rs), quando respondem à tal virulência que se espraiou (ops, este verbo pode ser mal interpretado) pelos cantos da República Federativa do Brasil contra a construção da imagem paulistana. Discrição e atitude são melhores respostas.

Verdade inquestionável porque o paulistano tem ciência das mazelas da cidade e das potencialidades e mesmo assim não há movimento sério (ótimo) separatista, nem anti-qualquer grupo de outros Estados - praianos ou não, nem queremos que os milhões deixem de interagir conosco, os paulistas, e com os paulistanos. Somos tão cosmopolitas que nunca perderemos a identidade paulistana/paulista porque esta identidade é agregadora e não excludente.

Sim, tenho orgulho de ter nascido neste Estado. Sim, tenho orgulho de morar na cidade e ser/sentir-me um habitante paulistano, mesmo com o meu "R" retroflexo guardando (e deve ser para sempre) o sotaque caipira do interior, o que me faz único entre os 11 milhões, porque aqui todos são únicos. O que é trazido aqui é apresentado ao que aqui já tem. Constrói-se mais assim porque vive-se mais, não apenas em quantidade de décadas - porque é a grande força de São Paulo: tudo junto, misturado, digerido antropofagicamente como o movimento de 1922.

Cansei de me meter - não à exaustão, porque vivo onde vivo e cansar-se por aqui não é boa coisa - nesta discussão de ouvir argumentos característicos, tão "o mais do mesmo" e sigo bem assim. Ouvir falar mal, confesso, antes me incomodava sobremaneira, contudo hoje, sinto que tais palavras são de vento em meus tímpanos, entram e saem devidamente não processadas. Adianta de quê redarguir com quem é inflexível e faz questão de fazer ouvidos moucos diante de outros argumentos que vão de encontro aos seus próprios e portanto nem ao menos refletirão? Nada, nem mesmo o meu parco latim vale ser gasto.

Eu sou deste tempo, o tempo de São Paulo que de uma hora para outra, instável feito louco e mutante feito gente. 
Percebem? Nossa rotina é rotineiramente instável e modificativa e, que alternando com a rotina simples, forma o compasso de vida que aqui a gente leva; 'cosmopolitanamente'.

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