quarta-feira, 2 de maio de 2012

VIAGEM XLVIII - EUROPA: PARECE DESEMPREGO, MAS É SÓ TRISTEZA

Reprodução, braços dados em Atenas
Em Atenas há uma ebulição, um verdadeiro rebuliço contra o desemprego. Diferente do que ocorre em Madri, em Lisboa, em Dublin, na eterna Roma ou mesmo na "chique" Paris?
Pessoas desesperadas com anseios de poderem tão-somente se sustentar neste que é um sistema capitalista que privilegia os mais poderosos, os que chegam sempre em primeiro (aliás, chegar em segundo, segundo aquele corredor de F1 brasileiro falecido há 18 anos, é "ser o primeiro dos derrotados". .. Para ele, decerto! Eu nunca li algo tão idiota em toda a minha vida e tão carregado de soberba - mas isto é outro assunto), com o adendo que "está triste? Vá chorar na cama que é lugar quente".
Depois de anos empunhando a bandeira do berço da civilização ocidental, da qual eu, você e os direitosos truculentos e esquerdopatas inclusos, fazemos parte - goste-se ou não - a Europa mergulha em uma crise sem precedentes. Quase 1/4 dos espanhóis em idade de trabalhar está desempregada, Portugal a taxa é de 15%, Grécia perto dos 20%.
Números, números e mais muitos números. E as pessoas? O que fazer com elas? Jogá-las mar adentro ou pelo Olimpo abaixo de pouco servirá... Se os bancos e governo fizerem isto como elas irão consumir mais tarde?
Agora que chuparam até o caroço, o mercado deve jogá-las fora. A manga foi consumida até o talo com voracidade poucas vezes vista. Bem, como são caroços e sem serventia ao mercado globalizado há que se dispensá-las. 

E os sonhos? A vontade de crescer? Os anseios? O riso?
Vidas que caminham ao sabor do grande sistema; sistema este que possui o mais belo canto da sereia em noite escura de tormentas pelo Egeu, como reza a lenda. Seduz e sevicia cada um de nós emaranhando-se em nossa ética e moral este sistema.
E não há outro não é? (porque aquele sistema cubano, ou mesmo o chinês e correlatos - leia-se o bielorusso, iraniano, saudita, birmanês -, carece de qualquer menção honrosa).
Pelo menos pode-se ir às ruas e protestar de braços dados para aumentar a força transmitindo uma mensagem de solidariedade mútua, significado que está prestes da nulidade nos dias de hoje. Braços enganchados uns aos outros conferem aos seres humanos uma simpatia maior em muitas pessoas deste planeta: solidão a dois, a três ou aos milhares pode ser mais suportável (pior para os solitários embrenhados em sua densa floresta de horrores  encarcerados em suas depressões mais cinzentas).
O motivo para os braços dados é de uma tristeza sem-fim. Desespero em alta, auto-estima em baixa e o bolso oco; dívidas e pagamentos. Saque e fome?
A imagem é tocante porque espelha outros milhões de homens que perderam seus empregos e por consequência parte de sua vida: além de resgatarem bancos e parlamentos, quando resgatar-se-ão as pessoas?

(Aqui em "Terra Brazilis" tudo corre conforme Brasília quer e conforme Brasília dita. Copa, Olimpíadas e o "pleno emprego" keynesiano. "É o país das maravilhas")

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