terça-feira, 29 de maio de 2012

VIAGEM LIII - INSTRUMENTOS ELETRÔNICOS

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Das canções de sempre, aquelas que sempre ouviu e por certo ouvirá pelo resto do tempo que ele supõe ter porque, por certo, não terá muito deste tempo suposto.
Tantas passaram e ainda muitas passarão pelos ouvidos: com violinos, teclados, guitarras, alguma percursão, saxofones e os grandes violoncelos.
Tem os nomes dos cantores e compositores e intérpretes que mais gosta na ponta do ouvido e cantando - sempre no semi-novo sedã de velho - sozinho para não ter que se 'encrencar' com algum empresário que o ouvisse e quisesse contratá-lo. Com sua voz grave e soturna. Cinza, ele pensava que era, mas de um cinza forte, imponente. E soturno.
Eletronicamente depois, eletrizou-se pelas horas da madrugada escutando em som alto o reverberar pelo grande caixa de ressonância que havia se transformado em meio ao tempo da fumaça nas pistas. No outro dia ficava dolorido de tanto que dançara.

De vidros fechados presta atenção no trânsito e canta junto ao rádio. Programas com horas seguidas e pouca fala de locutores são os que mais lhe são aprazíveis. Longas músicas instrumentais dançantes.
E para por aí... Para os outros. Para este cara só observador porque ainda não age: quando resolve não mais observar, derrama-se em agir poupando àqueles muitos que decide sempre sem critério e os outros "poucos, mas bons" (como sempre pensava ironicamente) que têm a escolha de não poder escolher como escapar.
Quando acontece ser tragado em algum congestionamento nos horários de pico, desliga-se do lado de fora - o lado do mundo a ser consertado - e fica centrando atenção nas músicas e à prpcura daquele chocolate americano perdido pelo carro recém descoberto nas prateleiras de supermercados: seu novo tesão. E porque também tem mais que um tipo no carro. Alguns com amendoim em tabletes grandes fazem maravilhas no seu humor.
Nem se apressa ou bufa como outros por aí preso no trãnsito. 

--- Bem, o trânsito não é ruim: eu sou ele também, então deve haver alguma parte boa nisto aqui. Reclamar para que? A pé é que não vou andar porque de nada serviria para executar o que tenho quye executar. Vejo a cidade pelos vidors. Desço, claro, para execurtar, como falei. E só. 
Agrega quase toda noite - em geral é neste período do dia que ocorrem as 'execuções' feitas - uma nova música ao seu repertório vasto como o vão do MASP. Abandonar as antigas antes soía impossível, mas agora tem espaço e tempo para todas elas; mesmo que o tempo, se ele for programar a vida a longo prazo, tenha tornado-se menor por razões inúmeras: sim, as verdades criadas em suas psicoses tão humanas. "Todos nós temos e eu não sou diferente. A diferença é que eu trato de mi mesmo. E funciona!"
Verdade, depois de tudo o que fez no passado, com sóis vistos por tantas manhãs quentes e geladas pela dcidade afora, os dias podem ser vistos logo ali. "Falo dos dias finais". Relembra-se de olhar algumas vezes de longe do centro e de cima dos prédios, também por baixo com a cara no chão em calçadas e chãos de quartos.

Vestido com roupas do dia anterior, via andando às ruas os noticíarios pelo vidro dos bares e quando havia coragem, entrava e postava-se no balcão para melhor observar. Tudo passado e hoje, um homem melhor que antes, dá-se bem toda vez que limpa um pouco o mundo das pragas que habitam o planeta
Ruminava à época dos balcões fazer o que hoje faz com perfeição nunca praticada por ele. 
Ri como parecia e era amador porque para conquistar o domímio completo sobre si mesmo, demandou-se tempo. Por isto o tempo vem cobrando agora a fatura dos dias.

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