segunda-feira, 30 de maio de 2011

043 - CONTRAÇÕES

Vinha apressado pela rua desviando e trombando com as pessoas para chegar o mais rápido possível ao prédio; o elevador se não estivesse por lá subiria os lances de escada mesmo. Nauseado depois do terceiro conhaque tomado aos goles na padaria perto, atravessou a rua e percorreu os 30 metros correndo. 
A boca salivando quando entrara no elevador, que por sorte, estava no térreo, parecia que chegara a hora de não dar tempo de chegar. 
Ninguém com ele, só a câmera e o aço inoxidável com o espelho e o chão meio sujo. Olhou muito para o chão se contraindo para segurar a vontade de vomitar.
"Isto não acontecia antes. Eu tomava meia garrafa, às vezes inteira como naquele carnaval em Boiçucanga que acabei com a boca cheia de areia".
Nem trancou a porta da frente; somente houve tempo de levantar a tampa da privada e agachando em golfos.
Branco como papel, lágrimas corriam e o suor na testa, no sovaco e no bigode não diferia em nada das outras vgezes. Recentes, verdade seja dita.
"Acho que nem paguei a conta. Eu nem deveria mais beber assim, mas não consigo. Não faço força para evitar também. Hoje está frio para cacete e umas doses de conhaque cai certinho... Na minha vontade também. Pronto, será que vou estragar meu sábado e ficar vomitando?".
Segunda vez ainda veio bastante.
Terceira vez o gosto mudara: bílis vinda de um estômago que fazia contrações atrás da outra.
Na última daquele meio de tarde, o gosto e o cheiro ficaram insuportável.
"Tenho que ligar para o Simão. Estou muito ruim. Minha pressão deve caído porque estou tão fraco. Claro! Não almocei nada e só tomei um café preto... Duas torradas, um caqui".
Pensou nele e na hora Simão ligava. Foram 10 minutos de conversa até o reinício das náuseas.

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