sábado, 15 de maio de 2010

TURQUIA NA UNIÃO EUROPÉIA

Reprodução, UE em azul, Turquia, vermelho
MUÇULMANO EM CLUBE CRISTÃO
(neste mapa, em vermelho a Turquia que tem cerca de 3% de sua área em continente europeu e o restante no asiático; Istambul, a maior cidade com quase 11 milhões de habitantes e maior motor econômico do país, está dividida entre os dois continentes. Em azul a União Europeia e em cinza os outros países)
[Istambul, primeiro Bizâncio  e depois a cristã Constantinopla até 1453]
Sem falar da crise econômica que passa a União Europeia com alguns de seus 27 membros em gravíssima situação financeira como a bola da vez a Grécia e podendo levar de roldão Portugal (não creio entratanto que os patrícios permitirão que a situação se deteriore porque Portugal tem uma tradição em ajustes fiscais, o contrário da Grécia) e talvez Espanha, quero aqui tratar sobre as negociações da entrada da Turquia de maioria muçulmana ao clube rico e cristão.

(claro, a motivação para entrada não é religiosa, mas esta questão está implícita e permeia todas as negociações à mesa)

Estão na fila, mas bem na frente dos turcos, a Islândia, a Croácia e a Macedônia. Há entraves, mas as negociações já começaram alguns anos atrás. Não me aterei muito aos números - só para citar o tamanho do PIB turco de quase US$ 800 bilhões, vê-se que a economia do país adquiriu importância ao longo da última década. Este valor alçaria a Turquia à sexta posição entre os maiores da UE, rivalizando com a Holanda. Sem contar que em termos de habitantes, os turcos só perdem para a Alemanha (71 mi a 82 mi). O que levaria em alguns anos, na divisão feita no parlamento europeu, os turcos a terem a maior bancada já que o crescimento demográfico é superior ao alemão. Bem, para ser maior que o alemão basta ser superior a 0,1% ao ano. Então, a maior bancada no Parlamento Europeu, sediado em Estrasburgo, seria a dos antigamente denominados turco-otamanos.
França, especialmente, e Alemanha não veem com tão bons olhos a entrada do país e tentam - e conseguem - levar as negociações a passos de formiga se escudando na questão cipriota e na legislação turca principalmente no que concerne às minorias étnicas, ao combate à corrupção e, claramente Chipre, uma ilha dividida em dois setores grego e turco na autoproclamada República Turca do Norte de Chipre, reconhecida apenas pela própria Turquia. O nó aí se dá porque a parte independente da ilha de pouco mais de 9 mil km² e de cerca de 1 milhão de habitantes no total é membro pleno da Europa dos 27 (~de 800 mil são cipriotas de ascendência grega), com a capital em Nicósia.
Lembrando que a Turquia faz parte da OTAN.
Sim, a questão populacional, a divisão de Chipre, a legislação turca, o genocídio dos armênios (negado pelos turcos) se configuram em problemas seriíssimos de resolver, entretanto em meu entendimento, há chances disto se desenrolar. Sem mencionar o fato que a Turquia faz fronteira com o Irã, do louco e bravateiro idiota Mahmoud Ahmadinejad; isto não é falado, mas por certo é lembrado. Este persa insano é sim um osso duro de roer.
A favor contam a possibilidade de tornar maiores as chances de pacificação no Oriente Próximo, o tamanho dos números turcos e também a concordância da Grécia em incrementar as relações com seu histórico vizinho de tantas guerras seculares.
Reprodução, apenas Europa-27 mais a Turquia em vermelho
Em minha desprentesiosa análise há uma outra questão tão premente quanto e que deve ser o nó górdio implícito: a Europa como um todo é um continente cristão. A União Europeia é um clube cristão. A Turquia tem + de 95% de sua população professando o islamismo. Certo é que, como se diz por aí, é a nação muçulmana mais ocidentalizada onde, por exemplo, as mulheres tem considerável liberdade de expressão e de trabalho.
Mas a UE é cristão. A Turquia é muçulmana.
Além de França e Alemanha, as duas maiores economias do bloco, a Itália em que pese uma posição dúbia, já expressou sua preocupação com a possível entrada do país no bloco. O Reino Unido antes favorável sob a liderança dos trabalhistas agora é uma incógnita. Espanha, a quinta maior economia, parece ser a única entre os grandes que vê com bons olhos (embora não saibamos como precisar isto). Para finalizar, a Polônia, para mim a nação mais católica da UE, torce o nariz para as tratativas.
Então, sem o apoio da França, da Alemanha e da Itália o negócio vai ficar osso para a Turquia. Os dois primeiros já expressaram que desejam, por hora, incrementar a vigente relação privilegiada no aspecto econômico e também na quase livre circulação de pessoas. Quem gostaria muito e explicitou o fato que Ancara fosse mais uma capital dentre as 27... Está do outro lado do Atlântico: os Estados Unidos, que não são membros mas que tem 'influência' considerável na região.

Para mim, creio que a Europa teria mais a ganhar do que perder. É certo que as minorias religiosas e sexuais, além das citadas, estariam melhor sob o "jugo" dos direitos humanos que vicejam pela UE. Se a Turquia cumprir os requisitos - isto é, se se dispuser a fazê-los e o fizerem -, porque não?
Não é fácil, e acontecendo a adesão, ainda haverá problemas, mas é uma chance.
Poderíamos então ver católicos, protestantes e ortodoxos pregando livremente sua religião em um país muçulmano, como estes fazem na Europa com sua fé islâmica? E os judeus? Construir igrejas e sinagogas...?
Bem, isto são outros 500. A ver.
Reprodução
(Este último mapa mostras as religiões dominantes na Europa, Norte da África, e Ásia Menor - Turquia, Síria, Líbano e Israel.)
1- Cristãos: Roxo - protestantes; Azul - católicos; Vermelho-terra - ortodoxos
2- Muçulmanos
Verde - sunitas; Verde-escuro - xiitas
3- Judeus - amarelo
4- Budistas - laranja

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