sábado, 7 de setembro de 2013

95 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - SÁBADO DE ESPERA

Reprodução [endereço abaixo]
Vira para lá, vira para cá e tudo de novo por várias vezes, igual bife à milanesa, mas impossível adiar um minuto sequer. 

"PQP, vou ter que levantar!".

Corre ao banheiro catando cavaco, que quase cai, e aos trancos e barrancos, o primeiro obstáculo é o batente da porta do quarto - trombada daquelas. Recua meio tonto, acordando de vez em seguida.

O próximo aparece rapidamente e é "pior" que qualquer coisa interposta entre a vontade fisiológica e alguma barreira física. As frequentes e matinais disposições masculinas.

--- Vamos logo! Estou quase morrendo de vontade! Acordei para beber água à noite e não fui ao banheiro; dois copos cheios. Agora acordei com a bexiga estourando de vontade. Esperar um pouco para baixar meu companheiro solitário, que está bem animado. Se bem que de solidão, nós entendemos não é? Há quanto tempo... Esperando, esperando. Ufa, parece que agora a coisa toda vai!

Voz rouca, sonolenta e suficiente para pôr em pé seus companheiros de castelo, o inatingível e imperscrutável castelo. Entre tantos outros que se construíram pela grande cidade de São Paulo.

Fazendo um café forte para acordar do sono das muitas horas dormidas, o que lhe causa uma preguicinha boa, manuseia todo a parafernália para o ato. O cheiro do café traz à mente uma época de acordar cedo para estudar durante sua vida toda. Nunca estudara à tarde. 

Felino ronrona entre suas pernas cabeludas, tentando se enrolar: seu jeito de pedir comida, miando baixinho; Rex, meio afobado como sempre, fica dando voltas chamando a atenção do dono e perturbando o seu amigo gato.

Água fresca e filtrada. Ração separada para cada um deles. E então sossegam um pouco na área de serviço, dando conta de matar o que está lhes matando. Animados pela longa noite de sono e pelo frio que fez pela madrugada, repõem a energia para mais um fim de semana.

"Fim de semana que pode conter surpresas que não sei quantas. Posso ficar sabendo quem é que manda os recados por celular. Hoje é dia de longo passeio com o Rex. Deve fazer um dia de sol bem iluminado. Talvez me anime em cozinhar também... Vou decidir. Tirando a responsabilidade com o conselheiro real e príncipe herdeiro, tudo pode tomar outro curso quando eu souber  quem é! Tomara que aconteça, que a coisa toda se resolva. Tudo isto de eu não saber quem me traz um tanto de aflição".

Passeia pela casa, xícara na mão. Abre a grande janela da sacada e vê a cidade acordando em mais um dia, que devem ser seguidos por outros tantos, talvez, incontáveis. Vestindo cueca e camiseta, pés desnudos, o café, pela manhã, com efeito diurético, o obriga a ir novamente ao banheiro, meia hora hora depois de ter-se levantado.

Desgosta ter que esperar por algo que lhe foge ao controle. Parece que a vida sussurra "bem vindo à realidade da espera, porque o mundo é assim e eu sou o senhor dele. Tudo ao meu tempo desta vez, não ao seu". 

Deve ser um longo sábado, mais um longo domingo de espera e de controle da ansiedade. Pelo visto, ele desaprendeu tal controle porque desperto nem pensa em voltar à cama durante dia todo, o que é costumeiro; celular na mão ou pelo menos à vista; zanzando pela casa procurando o que fazer. O dia será assim: como a vida quer.


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http://www.wikihow.com/Make-Time-Pass-Quickly-when-Looking-Forward-to-Something

Um comentário:

Maria Gonçalves disse...

Te sigo aqui, como vês Ricardo...e sempre te leio!

Gena