quinta-feira, 15 de agosto de 2013

91 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - A NOITE, O SONO E O RECADO

Reprodução [endereço abaixo]
Frio, muito frio.
Palpitação; batimentos em disparada.
Resfolega enquanto ajeita o cachecol e o sobretudo negros como breu.
Pelos arrepiados da nuca até lá; um frêmito de frio.
Dedos dos pés doídos, duros.
Lábios rachados, quase feridos.
Narinas entupidas.
Guarda-chuva e todo paramento resguardam-no da garoa de São Paulo.

E vai andando até sua casa na saída do trabalho, melhor, caminha até o metrô no horário de grande afluxo de gente paulistana e de outros lugares. Como rios que correm para o maior deles - o Amazonas -, estas águas correm com gente que sente frio no agosto mais frio dos últimos 40 anos.

Hoje, saíra mais cedo porque tiritava de frio encarapitado no 33° andar após uma reunião que fora feita para parecer regada a água clara, mas que parecera mais uma ratoeira rota e esfarrapada. Rapidez tamanha que ele se enfastiou. Por fim, sai antes mesmo das 17h10, um prodígio da porra para um Caxias como ele.

Portas se abrem e ele desce na estação espremido entre tantos. Seu castelo intransitável para grandes e pequenas multidões quente e acolhedor deve estar. "Apenas uma festa de ar corre por lá, aquela da área de serviço que circula pelo meu espaço todo".

Já é noite às 17h30. Abre a imponente, forte e segura porta de madeira maciça e adentra no castelo invencível para todo o resto mundo. Prostrar-se-á na cama em seguida... Depois de afagos e troca das bacias de água e comida de Rex e Felino, é claro. Conseguiu pelo trajeto manter-se seco: seus pés firam bem protegidos pelos sapatos de cano alto.

Pronto para deitar-se na cama, enrodilhar-se nos pesados edredons em meio a malha vestida nas pernas e camiseta, recebe um recado pelo SMS, na verdade, são dois. "Você ainda não percebeu? Eu quero fazer parte da sua vida. Quero agora, quero para sempre. Tenho tanto desejo de beijar sua boca quando fico observando-o de longe sem você me ver. Às vezes nem tão longe...".

Incontinente, seu sono some para bem longe e o cansaço físico não é mais páreo para sua mente povoada de interrogações que sobrepostas umas as outras o mantém ereto na cama pensando. 
--- Quem é? Número desconhecido. Quem pode ser? E me observa desde quando? Da onde faz isto? Conhece até minha rotina. Quem é? 

Pensa, pensa e pensa mais um tanto. Deita-se e sem jantar um nada, dorme depois de encanar com os recados mandados. Ainda nem são 21h e ele dorme a sono solto, alternado respiração pelo nariz/boca; e mais um recado chega neste meio tempo.

http://soiland-reyes.com/stian/

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