quarta-feira, 13 de março de 2013

VIAGEM CXI - IGUAL BARATA TONTA

Reprodução [sítio abaixo]
Ficou até quase o amanhecer gravando e apagando; regravava e apagava de novo. Fizera algumas vezes tal processo de "ziguezaguear" em frente à câmera com as palavras, sem roteiro algum. Andava de lá para cá, de cá para lá cobrindo toda a espaçosa garagem, agora com muito menos entulhos decenais adquiridos ao longo de anos. Peripateticamente, ele se recordava de uma barata marrom tonta atingida por uma aspersão de inseticida dos fortes para tonteá-la, não matá-la: batia cabeça pelo chão igual zagueiro de fazenda.

Indeciso se deveria quedar-se parado ou se poderia fazer movimentos suaves para permanecer no enquadramento estabelecido - tornava-se um craque cada dia que passava no manuseio -, ensaiva por um tempo antes de ligar a parafernália e gravar seu depoimento (pensava mesmo em fazer um curso de edição de vídeo, comprar o programa para instalar em seu computador e poder deliciar-se com tudo isto).

Mas de barata tonta ele entendia bem. Muitíssimo bem. "Benissimamente bem", como redundantemente ele exclamava, poderíamos depreender, depois de anos e anos de trabalho realizado para melhorar um pouco as condições dos que ficam, dos que não são alvo de nada, aqui pelo planeta Terra. 

"Por que? Como não entendeu a relação entre entender bem sobre baratas e ficar como uma destas tontas? Primeiro, é pertinente dizer que não sou entomólogo, nem estudo por mim mesmo, tampouco sou autodidata no assunto destes bichos nojentos e sujos. Gostos existem, cada um é cada um... Aliás, deve ser de chato pra cacete ficar dissecando baratas, estripando... Ops, nem sei se o bicho tem o que se chama de tripa. Rsrsrs. É isto! Hã? Ok, vou explicar de novo. De barata tonta eu entendo porque muitas das minhas saídas para corrigir o mundo eu encontro e escolho alguns alvos que após receberem uma bordoada doída demais, tentam correr e quedam-se parecidas como baratas tontas quando recebem o primeiro jato de inseticida naquele corpo marrom, nojento e sujo".

"Outro dia mesmo, depois de um bem dado pé-do-ouvido no camarada advogado corrupto, ele saiu tonteando, com a mão na cabeça.  Estávamos em um lugar bem tranquilo. Aí, dei um telefone nos dois escutadores do homem, aí ele bateu umas 3 vezes na parede, tentando achar o caminho de saída para escapar. Foi engraçado até: vê-lo como uma barata tonta, nojenta e asquerosa, ziguezagueando feito bêbado. Mas, como não é diversão e sim precisão, logo terminei e "aspergi mais inseticida" no homem tonto. Uma gravata exata pondo fim ao engravatado. Caiu como jaca podre. Só faltava mesmo virar de costas para o chão como os nojentos e sujos insetos marrons fazem. Fiquei esperando um tempinho, mas nada... Rsrsrs. Fui embora e como era verão, o chão onde pisava tinham baratas com longas antenas que se mexiam para todos os lados: bom ouvir o estalo esmagando o corpo das cascudas".

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